Não é a primeira vez que noticiamos algo assim. Uma grande loja se fecha no Centro de Campo Grande e a população, assim como lojistas, vendedores e clientes se perguntam: até quando o Centro vai resistir funcionando?
Diante do anúncio de encerramento das atividades da loja de variedades Mega, localizada na Rua 13 de Maio, nesta terça-feira (24), inúmeros relatos de campo-grandenses levantaram preocupações com a sobrevivência do comércio na região.
Ao Midiamax a vendedora Matilde Evangelista, de uma loja de vestuário, acessórios e bijuterias também localizada na 13 de Maio, conta que do ano passado para cá as vendas despencaram.
Com 3 anos de existência, ela acredita que esse é o pior momento do comércio onde trabalha. “As vendas caíram muito, nossa, caíram demais mesmo. No inverno melhora um pouco porque tem esses itens de frio que o pessoal compra, né? Luvas, touca, meia. Mas se esquenta um pouco, já acaba, morre”, afirma.
Venda nos bairros e pela internet
A explicação para essa realidade? Segundo ela, as vendas nos bairros e na internet.
“O pessoal tem ficado mais nos bairros, e também tem essas compras online, né? Hoje em dia dá pra comprar tudo pela internet. Aí a gente tem que ficar procurando alguma coisa diferente pra chamar atenção e trazer cliente”, completa Matilde.
A vendedora Aparecida Schutz, de uma loja de vestuário infantojuvenil, concorda, e ainda aponta que o cenário “pega todo mundo”. “Tem vendedor de loja aí que não está batendo meta desde o ano passado. Nem em dezembro bateu meta”, pontua.
Conversando com nossa equipe de reportagem, logo aponta para vários estabelecimentos fechados na quadra ao lado.
“Você viu o tanto de loja fechada ali, né? Os centros comerciais dos bairros e a internet estão vendendo melhor que a gente, então alguém tem que fazer alguma coisa para salvar o nosso Centro”, desabafa Aparecida.
“Eles tinham que fazer algum tipo de trabalho para atrair clientes pra gente porque aqui tem movimento agora por causa da Mega que está em promoção, e essa outra Mega aqui que vende super bem os doces, então eles que trazem o movimento”, completa.
Falta de estacionamento
Além da falta de incentivos para que os clientes se desloquem até o Centro para comprar, Aparecida acredita que outros fatores contribuem para a queda nas vendas: falta de vagas gratuitas para veículos, estacionamentos privados muito caros e falta de eventos que atraiam o público.

Segundo ela, vendedores param os carros nas vagas que podiam ser ocupadas por clientes, o que desmotiva o movimento de compradores.
“Essa aqui estaciona o carro 6 horas da manhã, tira 6 horas da tarde, aquele ali também”, diz Aparecida, apontando para veículos parados na Rua 13 de Maio. “E são todos funcionários do comércio aqui. Aí tem cliente que vem e fala: ‘não achei lugar, vou embora’. Aí não fica com vontade de vir pra cá, né? Não fica, vai pros bairros. E as lojas dos bairros estão boas mesmo”, narra a vendedora.
O comerciante Emerson Ribeiro, de uma loja de celulares e acessórios para eletrônicos, também vê a realidade com pouco ou nenhum otimismo.
Ele está no ramo há vários anos e consegue ver mudanças profundas acontecendo na região. Para ele, em 5 anos o comércio do Centro estará completamente falido.
“Depois da reforma (revitalização da Rua 14 de Julho executada na administração do ex-prefeito Marquinhos Trad), se eu estacionar aqui pra baixo podem mexer no meu carro, ou até roubar. Se eu pagar estacionamento (privado), é um absurdo. Aqui você anda no sol quente, não tem muitas opções de lojas, enfim, não está compensando mesmo”, descreve Emerson.
Alto custo de sobrevivência

Além disso, ele explica que para manter uma loja pequena de artigos para celulares na 14 a conta mensal, somente com aluguel, água e energia, gira em torno de R$ 15 mil.
A valorização dos imóveis impulsionada pela reforma da rua e até mesmo a pandemia de covid-19 contribuíram para esse cenário. No caso da pandemia, a enorme crise de saúde impulsionou o crescimento no comércio dos bairros, assim como o fortalecimento do e-commerce, como os vendedores do Centro já perceberam.
Para Emerson, a saída tem sido manter clientes fiéis. “Eu já tenho uma cartela de clientes que tem 130, 150 clientes fixos. Com esses eu faço um trabalho constante, o que é muito importante para manter o negócio. Mas, para quem está começando hoje, olha, é bem mais complicado”, pontua.
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