Durante a pandemia, especialistas da saúde desmentiram sobre o benefício no uso da hidroxicloroquina ou da em pacientes com Covid-19, por não ter comprovação científica. Agora, com a chegada da vacina contra a dengue, surge uma nova dúvida: complexo de vitamina B previne contra a picada do mosquito?

Com o risco de uma nova epidemia de dengue, vendas de repelentes disparam em Campo Grande, especialmente os destinados a , grupo de maior risco para casos graves da doença. O Jornal Midiamax foi até uma farmácia da região, onde uma funcionária revelou que a vitamina tem sido vendida acima do normal, diante de “recomendações” de que seria um repelente imunológico ao mosquito Aedes aegypti.

A médica infectologista pediátrica, Yvone Maia Brustoloni, explica que o mito é antigo e que ressurge quando os casos de dengue estão em alta no Brasil. Na opinião dos que aderem à recomendação falsa, a vitamina B seria expelida através da pele e o cheiro provocado nesses casos teria o poder de afastar diversas espécies de mosquitos.

“No entanto, isso é um mito. Não há a menor evidência científica de que vitaminas do complexo B protegem contra a dengue, pois não há comprovação de que funcionem eficazmente como repelentes. Também não há comprovação de que essas vitaminas aumentem a imunidade a ponto de proporcionar um combate eficaz ao vírus, evitando a doença”, detalha.

Mas afinal, qual o papel da vitamina B? A especialista explica que as vitaminas do complexo B exercem importantes funções no organismo, como a produção de energia, a do sistema nervoso, da pele, dos cabelos e do intestino, evitam anemia e auxiliam no bom funcionamento do sistema imunológico.

No entanto, ela reforça que seu uso isolado não tem o poder de imunizar contra qualquer infecção. Devem ser prescritas para pessoas desnutridas ou com níveis baixos dessas vitaminas, em caso de dietas pobres nesses nutrientes.

A médica ainda ressalta que o uso de vitamina B, além de outras crenças de soluções naturais, como uso de própolis, alho, inhame e outros são mitos de soluções naturais que absolutamente não substituem a vacina.

“A maneira eficaz de evitar a dengue é o uso frequente de repelentes, a aplicação da vacina, o uso de redes de proteção contra mosquitos em casa e não deixar água parada para evitar a multiplicação do mosquito. É inadequado utilizar drogas para garantir o distanciamento do Aedes aegypti enquanto existem repelentes eficazes e disponíveis em qualquer farmácia ou drogaria”.

Publico-alvo da vacinação

Mato Grosso do Sul recebeu na quinta-feira (23) o segundo lote de doses da vacina contra a dengue. Ao todo, mais 3.784 doses de imunizantes serão distribuídos para e Ladário. Segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde), o Estado será o primeiro do país a ter todos os seus municípios contemplados com a vacina.

“Dourados já tinha recebido doses na fase de pré-vacinação nacional, em estratégia própria. Depois, quando as doses começaram a ser distribuídas em massa, 76 municípios do Estado foram contemplados. Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 73.354 doses do imunizante”.

O Ministério da Saúde orienta que o imunizante deve ser usado em crianças de 10 a 11 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue. Assim, o esquema vacinal será composto por duas doses com intervalo de três meses entre as doses.

A recomendação é que a vacinação seja iniciada pela administração de D1. As demais doses para D2 serão enviadas posteriormente, considerando o intervalo recomendado de três meses entre as doses.