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Cotidiano

Com risco de epidemia e morte de bebê por dengue, vendas de repelentes disparam em Campo Grande

Apesar da preocupação com a dengue ter aumentado, a população ainda opta pelos repelentes mais baratos
Lethycia Anjos, Clayton Neves -
Repelentes
Repelentes em diferentes versões (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Com o risco de uma nova epidemia de dengue, vendas de repelentes disparam em , especialmente os destinados a crianças, grupo de maior risco para casos graves da doença. Na última terça-feira (20), Mato Grosso do Sul confirmou a primeira morte por dengue de 2024, uma bebê de apenas um mês.

Farmacêutica, Nayara Gonçalves explica que desde janeiro a procura por repelentes tem crescido exponencialmente. No início do último mês, a farmácia contava com 60 repelentes para bebês; agora, restam apenas oito em estoque.

“Existe uma preocupação maior com a dengue, por isso a procura por repelentes aumentou, principalmente para crianças. Meses atrás não existia repelente para bebês abaixo de seis meses, agora têm a partir de 2 meses, é o que mais têm saído”, explica.

Nayara ressalta que, apesar da preocupação ter aumentado, a população ainda opta pelos repelentes mais baratos, mesmo que representem uma menor proteção contra o mosquito .

Farmácias ofertam várias opções de repelentes (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Aerossol, spray ou loção, tudo vale na hora de se proteger contra o mosquito. Segundo a farmacêutica, a principal diferença está na duração do repelente, que pode variar de 4h a 12h, impactando nos valores que vão de R$ 20 a R$ 58,00.

A duração dos repelentes está diretamente ligada à presença da Icaridina, principal ativo indicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e seguro para crianças e gestantes. Repelentes que contêm essa substância possuem um tempo de duração estimado entre 5h a 12h, dependendo da temperatura e sudorese da pessoa.

Outro fator que torna os repelentes com Icaridina mais atrativos é a alta proteção. Ao ser aplicado, ele cria uma nuvem em torno da área aplicada com uma camada de proteção de 4 centímetros, levando mais tempo para se dissipar e dispensando a reaplicação constante.

Estoques zerados nos bairros

Vendas de repelentes
Vendas de repelentes (Nathalia Alcântara, Midiamax)

No bairro Aero Rancho, um dos mais populosos da Capital, a procura também tem aumentado, apesar do bairro estar em alerta amarelo, ou seja, risco moderado para a dengue. A volta às aulas também impulsionou o aumento das vendas.

Jéssica Nayse, gerente de uma farmácia localizada no Aero Rancho, conta que a procura aumentou cerca de 20% nos dois últimos meses e a linha mais em conta ficou zerada devido à alta demanda.

“A procura está alta, acho que principalmente por conta do bairro, aumentou uns 20% nos dois últimos meses”, destaca. Segundo ela, os adultos preferem a versão líquida, já para as crianças a escolha quase sempre é a loção hidratante.

No local, o repelente infantil da marca Xô Inseto é vendido a R$ 14,90. Enquanto o Exposis com duração de 9 horas e 20% de Icaridina é comercializado a R$ 62,00.

Para os adultos, o repelente da marca OFF custa R$ 18,00, já o Xô Inseto adulto com Icaridina pode ser comprado por R$ 62,00, nas três versões.

“Para as crianças a fórmula é mais fraca e costuma ter duração de 4h. Já a versão adulto dura mais tempo, cerca de 9h de proteção, podendo chegar a 12h horas”, diz a gerente.

Jéssica ressalta que se tornou adepta ao repelente após contrair dengue pela 3ª vez, desde então sempre carrega o produto na bolsa e faz questão de também proteger suas duas filhas.

“Peguei dengue três vezes e foi muito ruim, sentia muitas dores. Agora sou adepta ao repelente, não quer passar por isso de novo, uso em mim e nas minhas filhas”, destaca.

No bairro Tijuca, a procura foi tanta que o estoque da versão mais barata dos repelentes está zerada. “Tínhamos um de R$ 15,00, mas acabou muito rápido e teremos que repor. As pessoas estão procurando bastante por medo de pegar a dengue”, destaca a funcionária de outra farmácia.

Repelentes são distribuídos na rede pública?

Até 2017, o SUS (Sistema Único de Saúde) garantia a distribuição gratuita de repelentes com eficácia comprovada contra o mosquito Aedes aegypti para gestantes. A medida foi determinada devido ao surto de casos de zika vírus, mas foi descontinuado dois anos depois.

De 2010 e 2014, o Brasil registrou 781 casos de . Em 2015, quando os primeiros casos de zika foram registrados no país, o número de bebês com microcefalia saltou para 2.401.

Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) esclareceu que a distribuição foi determinada em 2015 pelo governo Federal e descontinuada em 2017. Desde então, não há distribuição de repelentes na rede pública.

Como usar o repelente

Repelentes infantis
Repelentes infantis (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Os repelentes de insetos para aplicação na pele são enquadrados na categoria “Cosméticos” e todos devem estar registrados na (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo o Ministério da Saúde, todos os ativos repelentes de insetos que já tiveram aprovação para uso em produtos cosméticos podem ser usados em crianças, mas é importante seguir as orientações descritas na rotulagem do produto, pois cada ativo tem suas particularidades e restrições de uso.

Um exemplo são os produtos repelentes que contém o ingrediente DEET, que não é permitido em crianças menores de 2 anos. Para crianças de 2 a 12 anos, o uso do ingrediente é permitido desde que a sua concentração não seja superior a 10%, restrita a apenas três aplicações diárias, evitando-se o uso prolongado.

Também é importante observar que produtos repelentes de insetos devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo, conforme a norma vigente sobre cosméticos, a RDC 19/2013. O produto só deve ser aplicado nas roupas se houver indicação expressa na arte da rotulagem.

Confira algumas dicas:

  • Leia o rótulo e observe a indicação de que público pode usar o produto.
  • Há repelentes específicos para crianças até dois anos e gestantes.
  • O uso contínuo deve ser evitado.
  • O repelente em spray não pode ser aplicado diretamente no rosto, ele deve ser passado na mão e aplicado na face.
  • Não é recomendado aplicar o repelente nas mãos das crianças.

Prevenção

Prevenção a dengue
Prevenção a dengue (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Além da dengue, o mosquito Aedes aegypti também é transmissor de doenças como a chikungunya e o Zika Vírus, por isso, é essencial adotar medidas para evitar a proliferação e contaminação:

  • Evitar água parada, em qualquer época do ano, mantendo bem tampado tonéis, caixas e barris d’água ou caixas d’água;
  • Acondicionar pneus em locais cobertos;
  • Remover galhos e folhas de calhas;
  • Não deixar água acumulada sobre a laje;
  • Encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana;
  • Fazer sempre a manutenção de piscinas.

Sintomas

Os principais sintomas da dengue incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dor nas articulações e erupção cutânea. Além disso, a SES recomenda estar atento aos sinais de alarme, que podem incluir dor abdominal intensa, vômitos persistentes, diarreia, fadiga e sangramento de mucosas.

Bianca Modafari Godoy ressalta que, em casos de suspeitas de dengue, a recomendação é manter-se hidratado e em repouso, além de buscar atendimento em uma unidade de saúde. 

“Importante ressaltar que não deve se automedicar, pois caso faça uso de anti-inflamatórios como aspirinas pode piorar a coagulação sanguínea e consequentemente o estado de saúde, já que a dengue pode causar hemorragia”.

Serviço:

Em caso de dúvidas, entre em contato com o Plantão CIEVS Estadual através do disque-notifica pelos telefones: (67) 9 8477-3435, 0800-647-1650 ou (67) 3318-1823.

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