Isolados no Pantanal, ribeirinhos pedem socorro para atendimentos básicos

Na semana anterior, idosa foi socorrida com apoio de helicóptero

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Dificuldade de acesso nas comunidades (Arquivo pessoal)

Isolados no coração do Pantanal, na região do Paiaguás, em Corumbá, ribeirinhos pedem ajudar após a idosa de 82 anos, que sofreu queimaduras na sexta-feira passada (30), durante um acidente doméstico quando manuseava um fogão à lenha, na comunidade do Bracinho, ter a casa completamente destruída pelo fogo.

Para resgatar a idosa com queimaduras foi necessário uma força-tarefa do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e PRF (Polícia Rodoviária Federal). Um helicóptero foi usado para agilizar o socorro. Por carros, a viagem até a área urbana de Corumbá leva de 9 a 10 horas. Sendo assim, se preocupa com desastres ambientais que estão assolando a região.

A situação expõe a dificuldade e precariedade de logística na região para serviços básicos, como na educação, saúde e sociais. Ednir de Paulo, presidente do IMNEGRA (Instituto da Mulher Negra do Pantanal), revela que a comunidade fica em região de difícil acesso. Cerca de 250 famílias vivem na região da Colônia Bracinho, Colônia São Domingos, Cedrinho, Boa Esperança do Corixão, São José do Corixão e Limão Verde.

Maioria das casas são de madeira (Arquivo pessoal)

Ednir retrata no documento, enviado ao Ministério Público Federal, a precariedade das famílias. “A maioria de idosos aposentados, crianças, jovens de 12 a 14 anos de idade, que estudam até ao 9° ano e vão tentar a continuidade dos estudos em Corumbá, ou em outras cidades, se tiverem parentes para abrigá-los, e os que não conseguem sair, ficam na região. Algumas crianças nem entram para a escola por falta do registro da certidão de nascimento”, aponta.

Ou seja, boa parte dos moradores, sequer, têm registros de documentos de propriedades, apesar de ter nascido na terra pantaneira.

“A preocupação está com as queimadas que todo ano acontecem no Pantanal, onde colocam essas pessoas em risco de morte, com os avanços repentino do fogo pelas matas. As pessoas que estão nesta Região do Paiaguás sem acessibilidade para área urbana de corumbá, têm medo de morrer queimados, asfixiadas, por não ter como sair, pois não possuem veículos de tração, estradas sem condições, sem transporte coletivo e não existe bases de brigadistas, para emergências, próximas das comunidades”.

Presidente de instituto relata que qualidade de água é insalubre e escolas tem defasagem (Arquivo pessoal)

Assistência

O documento alega que há poucas ações de assistência social itinerante, como do Povo das Águas, um serviço da prefeitura. Na última edição, foram entregues sacolões de alimentos, além de atendimentos médicos.

“As consultas são realizadas, mas não tem remédios suficientes para atender as demandas, e ainda, existe a preocupação com as vacinas, que não atinge toda a população adulta, da população não tem como chegar até aos postos de saúde na área urbana de Corumbá, assim como, quando termina os alimentos do sacolão doados para as famílias, fica tudo difícil para comprar, e sem acessibilidade à área urbana. Assim, a população do Paiaguás, é obrigada a comprar alimentos pelo alto custo vendidos pelos ‘bolicheiros’ na região, que pagam caro pelos fretes trazidos a maioria dos mercados de corumbá e revendem a um alto custo”.

“Na Região Paiaguás, internet utilizada: Rural, ViaSat ou Starlink. Apesar da população terem seu título de eleitor, não tem acesso às urnas eletrônica nas eleições, pois a maioria não conseguem chegar até a área urbana de corumbá para votar pelo o alto valor de passagens, cobrado pelos freteiros, mas manifestaram o desejo de exercer a sua cidadania, através do voto para a escolha de seus representantes”.

O que diz o Governo do Estado

Em nota, o Governo do Estado informou que a Defesa Civil está realizando uma ação inédita desde agosto, a Operação Ribeirinhos, que consiste em missões humanitárias assistenciais às comunidades ribeirinhas pantaneiras afetadas pelos incêndios florestais.

Nessas missões são oferecidos atendimentos médico, social e veterinário, além do fornecimento de cestas básicas e água mineral. Contudo, as missões humanitárias atendem às regiões do Pantanal do Taquari, Alto e Baixo Pantanal, até o mês de novembro.

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