Indígenas denunciam envenenamento de água em área de retomadas em MS

Segundo eles, peixes morreram e duas crianças e um adulto ficaram doentes

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Liderança mostra água recolhida do rio e pedem exames (Foto: Gabriela Moncau, Reprodução)

Moradores das áreas de retomadas em Douradina, Mato Grosso do Sul, onde acontecem conflitos com fazendeiro pela disputa de terras, denunciam o envenenamento das águas do rio que corta a comunidade Yvy Ajerê.

Por meio da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), representantes do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), do CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos) e MPI (Ministério dos Povos Indígenas), os indígenas pediram providências.

A reclamação também foi feita ao ISA (Instituto Socioambiental), Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Defensoria Pública, ONG Conectas Direitos Humanos e ABJD (Associação Brasileira de Juízes pela Democracia), durante visita in loco dessas entidades.

Além da denúncia de que o rio foi contaminado propositalmente, a comunidade pediu que as autoridades encaminhem a água para uma análise técnica. Querem saber quais produtos fizeram morrer os peixes e adoecer pelos menos duas crianças e um homem. 

Os Guarani Kaiowá afirmam que o clima ainda é de violência e tensão desde que, em 13 de julho, retomaram três das sete áreas ocupadas por eles na TI Panambi Lagoa-Rica.

Sobreposto por fazendas e sítios, eles afirmam que o território já foi delimitado e reconhecido pela Funai em 2011, mas está desde então com o processo demarcatório parado. 

Anderson Santos, assessor jurídico do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ressalta que os indígenas já foram à Brasília algumas vezes deste que a tensão na região escalou. 

“Visitamos o Ministério da Justiça, o MPI, dialogamos com a presidência da República – e não tivemos resposta”, disse o advogado ao Jornal Brasil de Fato, questionando ação armada dos fazendeiros na região que seguem acampados nas proximidades das retomadas.

“Ataques ocorreram quando a Força Nacional já estava em território indígena. Ou seja, na presença do Estado brasileiro. E nada é feito. Onde está a legalidade da manutenção deste acampamento?”, reforçou o advogado do Cimi. 

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