A idosa de 64 anos que ficou três dias em coma e entubada após sofrer um choque anafilático decorrente de um procedimento estético, em uma clínica de , está processando o estabelecimento por danos morais e materiais. A cliente e a empresa passam pela primeira audiência de conciliação na próxima quarta-feira (31).

Conforme o processo que tramita na 5ª Vara Cível de Campo Grande, no dia 30 de novembro de 2022, a mulher foi até a clínica com o marido para fazer um orçamento. A vítima relata que foi convencida a aplicar uma dose de Botox. Ela passou por um procedimento que seria um bioestimulador de colágeno.

Ela diz que ficou insegura por não conhecer o procedimento, mas foi convencida e, por estar completando 40 anos de casada, o marido deu o pacote de presente. A primeira aplicação aconteceu sem nenhum problema. Entretanto, o “pesadelo” começou na segunda sessão, no dia 14 de dezembro, 15 dias após a primeira.

“Na ocasião foi atendida por uma profissional que se identificou como esteticista, que lhe apresentou o produto e informou que se tratava de um procedimento simples, sem riscos e confiável, para que ficasse tranquila que a aplicação seria rápida. Logo no início da aplicação, a requerente já começou a sentir incômodo e relatou a profissional, porém, foi informada que era desconforto comum”.

Após sair da clínica, a idosa disse que começou a sentir inchaço no rosto. Ela diz que a esteticista entregou quatro comprimidos de corticoide, que deveriam ser ingeridos caso o inchaço não passasse. A idosa passou a registrar a evolução do inchaço, que só piorava. A filha a levou para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e teria sido entubada após 30 minutos, sendo transferida com urgência para o do Pênfigo.

Foram dias entubada e em coma induzido, uma dermatologista que estaria representando a clínica foi até a família, mas não havia o que fazer. “Em contato da família com o médico responsável pela clínica, houve a informação que não havia na literatura médica nenhum caso semelhante relacionado a aplicação do produto, porém, a narrativa vai em desencontro a conduta da profissional que aplicou o produto, pois se não havia incidentes anteriores, não teria justificativa para já sair a paciente orientada a ingerir corticoides”, diz o processo.

Ainda em recuperação

Uma familiar, que preferiu não se identificar, conta que acompanhar a idosa no hospital foi um processo difícil para a família, principalmente com a proximidade das festas de e Ano Novo.

“A família inteira ficou achando que ela ia morrer realmente, porque é uma idosa. Ela continua com coceiras no rosto, está fazendo tratamento dermatológico e vai voltar, em fevereiro, para pegar laudo, porque o rosto dela não pode passar nenhum estresse ou baixar a imunidade, que dá muita coceira”, descreve.

Diante dos danos, a paciente pede indenização de R$ 102 mil, somando os desgastes físicos e psicológicos, além dos gastos do processo.

Em nota encaminhada à reportagem, a clínica de estética Royal Face, disse que os profissionais realizam o acompanhamento diante do ocorrido. Confira a nota na íntegra:

“A clínica de estética Royal Face, localizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, esclarece que em dezembro de 2022, realizou atendimento em uma paciente de 63 anos, que na sequência apresentou reação alérgica.
A equipe de profissionais habilitados da clínica realizou os primeiros socorros e transporte da paciente para hospital da região, onde recebeu pronto atendimento e cuidados médicos, tendo posteriormente alta.
Informamos que a clínica possui profissionais estetas habilitados, realizando avaliação antes de qualquer procedimento através de diagnóstico personalizado, coletando informações dos pacientes como histórico de saúde, medicamentos e dermocosméticos utilizados, cuidados pessoais, entre outros e trabalha com produtos homologados e de qualidade comprovada, escolhidos através de criteriosa seleção e certificados pela Anvisa.
A unidade acompanhou todo o reestabelecimento da paciente oferecendo suporte e informações necessárias”