De tragédias a mudanças estruturais: Confira o que impactou a vida do campo-grandense em 2024
Incêndio no Camelódromo, rompimento de barragem e expectativas com entrega de grandes avenidas estão entre os assuntos que estiveram “na boca” do campo-grandense
Liana Feitosa –
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Era domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, quando fogo e muita fumaça geraram apreensão e tristeza no Centro de Campo Grande. O Camelódromo, localizado na Avenida Afonso Pena e Rua 15 de Novembro, ardia em chamas.
Com 25 anos de existência e 496 boxes, além do piso superior com diversas lojas, o local abriga diversos comerciantes que, juntos, amargaram um prejuízo de cerca de R$ 2 milhões.
Feitos de madeira, plástico e diversos produtos que favoreceram a combustão, cinco boxes atingidos diretamente pelo fogo ficaram completamente destruídos e precisam ser totalmente refeitos, uma obra que custou cerca de R$ 200 mil.
Foram 3 dias de interdição para limpeza e dissipação da fumaça do incêndio, e somente quase 3 meses depois os comerciantes dos boxes destruídos puderam voltar ao trabalho.
Poderia ter sido pior
O dano só não foi maior pela agilidade do Corpo de Bombeiros no combate. A suspeita foi que um curto na fiação elétrica tenha iniciado as chamas.
Além dos boxes atingidos diretamente pelas chamas, cerca de 20 outros também foram impactados pelo incêndio, como pelo sistema sprinkler, que despejou água sobre os espaços após a detecção de fumaça.
O incêndio levou os comerciantes a fazerem curso de reciclagem de brigadistas e a modificações na estrutura, como requalificação de toda parte elétrica do prédio para que o local tenha mais segurança.
Nasa Park: Tragédia anunciada
Regulamentações e adequações são caminhos nem sempre respeitados quando o assunto é esse: segurança.
A tragédia que envolve o rompimento da barragem do loteamento de luxo Nasa Park, no extremo norte de Campo Grande, ocorrido no dia 20 de agosto deste ano, é exemplo de como a falta de segurança pode acabar, em minutos, com dezenas de lares, sonhos e meios de subsistência.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, em 2008 o Ibama aplicou multa de R$ 160 mil em nome do proprietário, Alexandre Alves de Abreu por “ocupar irregularmente área de preservação permanente no Loteamento Nasa Park I e descaracterizar e danificar área de preservação permanente no Loteamento Nasa Park II”.
O proprietário fez isso “através de raleamento (retirada) de vegetação ciliar e não adoção de técnicas de contenção de processos erosivos, em uma área total de 8,0 hectares”.
O resultado da ilegalidade? O rompimento do lago, que liberou 800 milhões de litros de água sobre trecho da BR-163, em Jaraguari, destruindo o asfalto e invadindo dezenas de propriedades rurais no entorno.
Destruição e caos
Em minutos a água havia invadido casas. “Só tive tempo de colocar a família no carro e fugir”, contou o morador ao Midiamax, ainda em choque com toda a situação. Os trabalhadores também contam que ouviram um estrondo muito alto, pouco antes da água se espalhar.
A água saiu destruindo tudo que encontrava pela frente, matando animais de criação, destruindo casas, móveis, eletrodomésticos, maquinários, ferramentas, plantações, hortas, tanque de peixes, poços artesianos e cercas.
Onze famílias foram identificadas como vítimas e contatadas pelo MP (Ministério Público) para a construção de possíveis acordos com os empresários responsáveis pelo loteamento de luxo.
Se somados os prejuízos materiais e morais de apenas três proprietários rurais com quem o Midiamax conversou, o valor chega a R$ 1,1 milhão.
No entanto, o Nasa Park ofereceu um total de R$ 1,3 milhão para atender todas as 11 famílias atingidas pela tragédia.
“Parece piada. É um absurdo”, disse uma das vítimas da barragem, Gabrielle Prado. Por onde a água passou, ficou um rastro de lama e resíduos, entulhos, lixo e vegetação. O desastre é, também, ambiental.
Três dias após o rompimento, o Imasul divulgou que multou os proprietários da represa do loteamento Nasa Park em R$ 2,05 milhões. Ainda conforme nota divulgada, a multa foi aplicada devido a diversas infrações, que resultaram no rompimento da barragem, o que causou um desastre ambiental na região.
Crescimento sustentável
Pode demorar, mas a degradação ambiental sempre gera consequências, e também pressiona a sustentabilidade das cidades.
“Infiltrada” de córregos e rios que atravessam as 7 regiões da Capital, a cidade convive com o meio-ambiente, mas tem crescido. Assim como sua necessidade de ampliação de infraestrutura viária.
Campo Grande, com seus aproximadamente 900 mil habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cresce anualmente entre 1% e 2%, em média.
Ao expandir sua população, a cidade passa a preencher seus vazios urbanos e, também, expande o número de veículos circulando pela área urbana. Tudo isso gera desafios de infraestrutura e mobilidade.
Nos últimos 15 anos, dobrou o número de veículos transitando por Campo Grande, como carros de passeio, motos, caminhonetes e ônibus. A frota chegou a 685.645 veículos, segundo levantamento mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Mais ruas e rotas
Esse crescimento, consequentemente, gera pressão sobre as vias. Em 2024, diversas ganharam projeto ou obras de expansão, asfaltamento ou melhorias.
É o caso da Avenida dos Cafezais, acesso direto para o bairro Centro-Oeste, moradia de 37,6 mil pessoas. A via é uma rota de acesso para os moradores da região sul, para a região das Moreninhas, Dom Antônio Barbosa, Mario Covas e Los Angeles.
No entanto, apesar da recente revitalização na avenida, com duplicação, instalação de semáforos, quebra-molas e iluminação, moradores relatam que o abuso de velocidade e a desatenção ainda são constantes na região.
Corredor do São Conrado
Outra importante rota que ganhou destaque em 2024 é o Corredor do São Conrado, que consiste em obras de implantação de uma malha de vias estruturantes que vai impactar 40 mil habitantes de bairros da região oeste de Campo Grande, e que avançou neste ano.
A obra abre um novo caminho asfaltado para quem vai do Polo Empresarial Oeste, no Núcleo Industrial. Atualmente, a única alternativa é a Avenida Duque de Caxias e a nova rota encurtaria o caminho em 14 km.
São 6 bairros diretamente beneficiados pelas mudanças: Jardim Santa Emília, São Conrado, Jardim Carioca, Nova Campo Grande, Vilas Serradinho e Vila Eliane, facilitando o tráfego também de quem precisa passar pela Avenida Duque de Caxias, Avenida José Barbosa Rodrigues, Avenida Júlio de Castilho, Avenida Gunter Hans e Avenida Ernesto Geisel.
Novo acesso às Moreninhas
O ano encerra mexendo com a expectativa da população de Campo Grande não apenas em relação ao Corredor do São Conrado, mas também com o tão falado novo acesso às Moreninhas. Localizado na região sul da capital, assim como a Avenida dos Cafezais, o bairro abriga mais de 70 mil habitantes.
O trecho, que ainda não está pronto, vai conectar a Avenida Altos da Serra, atualmente em obra, com a Rua Salomão Abdala, estendendo-se até a Avenida Guaicurus.
Para tornar isso possível, foram desapropriados 52 imóveis nos bairros Jardim Campo Alto, Jardim Pacaembu e Universitário. Proprietários das áreas ainda aguardam o pagamento da indenização orçada em R$ 10 milhões.
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