Apesar do “boom” de laqueaduras e vasectomias feitas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Mato Grosso do Sul nos últimos três anos, os números ainda são considerados baixos em relação à população, principalmente a adesão à vasectomia. O procedimento é realizado em homens e é considerado mais simples que a laqueadura.

Para a gerente de Atenção à Saúde da Mulher da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Francielly Rosiani da Silva, a baixa procura pela vasectomia pode ser atribuída a diversos fatores.

Motivos da baixa adesão

Entre esses fatores estão “a falta de conscientização sobre o procedimento, mitos e estigmas em torno da esterilização masculina, preocupações com a reversibilidade do procedimento, a preferência cultural e histórica pela laqueadura como método contraceptivo e a falta de acesso a serviços de saúde reprodutiva que ofereçam informações abrangentes e apoio para a decisão contraceptiva”, elenca a gerente.

Para reverter a situação, é necessário informar. “Fornecer educação abrangente sobre métodos contraceptivos, desmistificar informações errôneas, promover a igualdade de gênero no planejamento familiar e garantir acesso”, completa Francielly.

Informação e conscientização

Ainda de acordo com a gerente da SES, a oferta de métodos contraceptivos como a laqueadura e a vasectomia geram benefícios à saúde pública, e por isso existem políticas públicas de saúde voltadas para a oferta desses serviços. 

No entanto, é importante destacar alguns cuidados. No caso da laqueadura, ela não deve ser a primeira escolha de método contraceptivo devido aos seus aspectos cirúrgicos e permanentes, envolvendo riscos, prós e contras. 

Nesse sentido, é preciso promover educação sobre todos os métodos contraceptivos disponíveis. “É necessário promover uma abordagem mais ampla e inclusiva que inclua educação sobre todos os métodos contraceptivos disponíveis e até mais seguros e reversíveis como os LARCs (métodos contraceptivos de longa duração), que são os dispositivos intrauterinos (DIU), sistema intrauterino (SIU) e Implante Contraceptivo Subdérmico, enfatizando a importância da escolha informada e do acesso equitativo aos serviços de saúde reprodutiva”, detalha Francielly.

Números no Estado

“Ambos os métodos, laqueadura e vasectomia, oferecem uma opção permanente para aqueles que desejam evitar gravidez indesejada”, completa. No caso das laqueaduras realizadas pelo SUS, em 2020 foram realizadas 1.259 no estado e, em 2023, foram 3.828. 

Já no caso das vasectomias realizadas pelo SUS, foram 117 realizadas em 2020 e 492 realizadas em 2023. Os dados são do SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares do SUS), do Ministério da Saúde, e foram compilados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) a pedido do Jornal Midiamax.