Quatro crianças de Mato Grosso do Sul morreram em 2023 em decorrência de picadas de escorpiões. Em todo o Estado, foram registrados mais de 5 mil acidentes com os animais peçonhentos ao longo do ano passado, aumento de 27% em relação às ocorrências de 2023.

Os dados são do Ciatox/MS (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica) e mostram que a preocupação com o aparecimento de escorpiões cresceu em 2023. As mortes, todas de crianças, aconteceram no interior, sendo duas em Ribas do Rio Pardo, uma em Brasilândia e outra em Dourados.

As altas temperaturas e umidade decorrente de chuvas formam o cenário ideal para a reprodução dos escorpiões. Em reflexo disso, é maior o número de de acidentes com os animais na primavera e no verão. Os dados do Ciatox/MS mostram que entre setembro e dezembro foram mais de 500 notificações por mês.

Os números de 2023 começaram a aumentar exponencialmente a partir de julho. Em agosto, por exemplo, foram registradas 406 notificações em 2023 contra 263 no mesmo período de 2022. Em setembro, foram 500 notificações no ano passado, contra 292 no mesmo período de 2022.

Coordenador estadual de vigilância ambiental e do Civitox, Karyston Adriel Machado, explica que os motivos para aumento dos casos ainda estão em investigação, mas que as ondas de calor enfrentadas no ano passado, podem ter contribuído para a alta nos acidentes.

Aparição de escorpiões continua em Campo Grande

No bairro Rouxinóis, região sul de , moradora afirma que praticamente convive com os escorpiões. Em poucos meses, ela encheu um pote com animais que apareceram em sua casa.

“Nunca aconteceu nenhum acidente, graças a Deus. Mas tenho duas crianças em casa e sei que pode acontecer a qualquer momento, porque todo dia achamos escorpiões por aqui”, conta a moradora, que não sabe o que fazer para afastar os animais.

Os animais têm até o horário para aparecer, segundo ela, no começo da manhã ou à noite são os horários em que eles são vistos. Ela até já mandou dedetizar a casa, duas vezes, mas não foi o suficiente para espantar os animais.

“Depois que dedetiza eles aparecem mortos por uns dias, mas depois volta tudo ao normal”, conta. O problema não é isolado em sua residência e se estende na vizinhança, que não sabe o que fazer.

Segundo informações da (Secretaria Municipal de Saúde), em 2023, Campo Grande registrou 931 acidentes com escorpiões. O número é menor que os 1.209 casos registrados em 2022 na Capital.

Casos em alta no interior de MS

Em 2023,os municípios do interior de predominaram as mortes em decorrência de acidentes com escorpiões. Os dados do Ciatox/MS mostram que no ano passado, o número de acidentes com os animais peçonhentos cresceu bastante.

Entre os 79 municípios, Campo Grande tem o maior número de casos de acidentes, são 1.449 ocorrências em 2023, contra 1.217 registros de 2022. No interior, destaque para Três Lagoas com 701 acidentes com escorpiões registrados em 2023, número que dobrou em relação aos 310 casos de 2022.

Corumbá também teve número expressivo de acidentes com escorpiões em 2023, foram 190 casos registrados contra 129 em 2022. Outras cidades com muitas ocorrências de picadas de escorpiões são (161 casos), Bataguassu (130 casos), Brasilândia (180 casos), Cassilândia (160 casos) e (281 casos).

Orientações contra escorpiões

Em setembro de 2023, o Governo do Estado divulgou um alerta sobre os ataques de escorpiões em cidades de Mato Grosso do Sul. A nota orientativa sugere que moradores devem tomar medidas para evitar os acidentes, como:

  • usar água sanitária nos ralos e frestas de portas;
  • instalar barreiras mecânicas nas portas;
  • evitar o acúmulo de entulhos;
  • fechar frestas e rachaduras nas paredes;
  • manter o ralo do banheiro fechado após o banho e vedar bem as caixas de gordura.

Em caso de picada, é necessário lavar o local da picada com água e sabão. Moretti destaca que a vítima deve procurar a unidade de saúde mais próxima e passar por atendimento imediatamente. “Em raros casos vai ser necessário a utilização de soro antiescorpiônico, mas quanto mais precoce a utilização, menor a chance de mortalidade”.

Caso consiga capturar o animal, evitando contado direto, ele deve ser recolhido e levado ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) do município para auxiliar na identificação e medidas de prevenção e controle da espécie.

Em caso de dúvidas, basta entrar em contato com o Ciatox pelos telefones: (67) 3386-8655 e 0800-722-6001 e 150. A equipe oferece teleatendimento aos profissionais de saúde, diagnóstico e identificação de animais peçonhentos e plantas tóxicas.