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Cotidiano

Sesau diz que conclui em 2 semanas investigação interna sobre atendimentos à Sophia

Morta pelo padrasto, criança foi atendida 30 vezes em unidades de saúde da Prefeitura
Anna Gomes, Clayton Neves - Publicado em
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Secretário Municipal de Saúde, Sandro Benites (Foto: Henrique Arakaki / Midiamax)

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande espera concluir em duas semanas investigação interna para apurar eventuais omissões nos atendimentos à menina Sophia de Jesus Ocampo, estuprada e morta pelo padrasto. Com apenas 2 anos, a criança tinha histórico com 30 atendimentos médicos na rede pública. 

Em audiência pública na Câmara Municipal durante a manhã de hoje (15), diversas autoridades discutem maneiras de fortalecer e ampliar a rede de proteção a crianças e adolescentes em Campo Grande. Em sua fala, o secretário de saúde, Sandro Benites, lembrou da apuração em curso no Município. 

“A Sesau abriu sindicância para saber se houve algum fator que poderia ter sido percebido com antecedência e ela deve ficar pronta em duas semanas”, pontuou. 

Benites ainda destacou o trabalho de proteção às mulheres e cobrou acolhimento similar aos menores. “Temos uma Casa da Mulher Brasileira, mas não temos o mesmo cuidado com as crianças. A morte trágica da Sophia não pode passar em branco e precisamos sair dessa audiência com algo concreto”, finalizou o secretário, que ainda pontuou sobre a importância da denúncia de vizinhos e testemunhas.

Sophia teve 30 atendimentos médicos

Sophia já tinha em seu histórico médico o registro de 30 atendimentos feitos e, em um deles, a menina havia fraturado a tíbia.

O pai da criança relatou que já tinha registrado dois boletins de ocorrência contra a mãe da menina por maus-tratos. Os registros dos boletins de ocorrência foram no dia 31 de dezembro de 2021 e 22 de novembro de 2022, na DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Em depoimento, a mulher disse que tinha medo de denunciar o atual companheiro. Ela ainda alegou que percebia sinais de abuso na criança quando ela voltava da casa do pai, de quem está separada, mas não relatou ter feito denúncia.

Série de abusos e agressões foram reveladas na noite do dia 26 de janeiro, após a menina de dois anos dar entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino já sem vida. Assim, mãe e padrasto da criança foram presos.

Para a polícia, a mulher disse que a filha começou a passar mal na noite de quarta-feira (25), com dores no estômago e vômito. No entanto, deu remédio para a criança, que teria melhorado.

Já na quinta-feira (26), a menina acordou pedindo comida, mas acabou vomitando e relatou novas dores no estômago. Então, à tarde a menina dormiu, acordando pior já por volta das 15h30.

Ainda segundo a mãe, a barriga da criança inchou e ficou dura, quando decidiu levar a filha ao médico. Assim, a mulher alega que a menina começou a ter dificuldades para respirar.

Apesar do trajeto entre a casa e o posto de saúde durar 10 minutos, a médica que atendeu a criança confirmou que a menina já estava morta há pelo menos quatro horas.

Conclusão do laudo

Segundo o resultado do laudo, a menina sofreu traumatismo raquimedular na coluna cervical e foi constatada violência sexual antiga. O inquérito policial foi encaminhado ao Poder Judiciário no dia 3 deste mês.

Denunciados por homicídio qualificado

Mãe e padrasto foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e contra vítima menor de 14 anos. Também foram denunciados por estupro.

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