Sem ônibus, maratona a pé ou fazer empréstimo com o chefe foram saídas para trabalhador

Para não perder serviço, moradores se “viraram nos 30” em dia de paralisação do transporte público

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Rua 14 de Julho, no Centro da cidade. (Thalya Godoy / Midiamax)

Sem ônibus rodando nesta quarta-feira (18), muitos campo-grandenses que dependem do transporte público “se viraram nos 30” para não perder o dia de serviço. Entre as soluções encontradas, teve trabalhador que tirou dinheiro do bolso, pediu emprestado para o chefe e até quem andou quilômetros para conseguir chegar até a empresa. 

Gerente de uma loja no Centro, Larissa Pinheiro conta que teve de pedir dinheiro emprestado ao patrão para pagar R$ 52 de do Bairro Moreninhas até a Rua 14 de Julho. “O valor estava bem alto, geralmente pago uns R$ 20. A sorte é que com meu marido e vamos dividir o que emprestamos para ida e para a volta”, comentou.

Segundo a gerente, dos 12 funcionários da loja, seis chegaram atrasados pela demora em conseguir carro por aplicativo, a outra metade, decidiu não ir trabalhar pela manhã. “Acaba não compensando se você comparar com o valor da diária, é pagar para trabalhar”, avalia. 

Ela afirma ainda que um dos colegas de serviço decidiu ir a pé para não fazer dívida com o patrão e não tirar do bolso. “Ele veio da Vila NhaNha até o Centro andando”, afirmou. 

Hosana dos Santos, de 46 anos, conta que se antecipou para não passar perrengue. “Fiquei sabendo que não teria ônibus e ontem mesmo liguei no moto táxi e deixei marcado para ele me buscar hoje. Até paguei o valor normal da corrida”, explica.

Do Bairro Los Angeles, onde mora, até o local onde trabalha, a vendedora Gabriele gasta em média de R$ 20 a R$ 26 com corrida de aplicativo. Segundo ela, hoje o valor chegou a R$ 42. “Pedi às 9h e só consegui meia hora depois. Hoje vou voltar até certo ponto e meu namorado vai me buscar depois, se amanhã não tiver ônibus, não vou trabalhar porque não tenho condições de tirar do bolso”, pontuou a vendedora. 

Paralisação

Na manhã desta quarta-feira (18), nenhum dos ônibus do transporte coletivo saiu das garagens em Campo Grande, obrigando milhares de usuários a buscar transporte alternativo. Em documento, o SSTTU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) convocou todos os funcionários para assembleia geral no sábado (21), onde decidirão se a paralisação vira greve por tempo indeterminado.  

Negociação de reajuste

Há cerca de um mês, os motoristas estão em diálogo com a empresa detentora do transporte público de Campo Grande. Eles pedem reajuste de 16%, mas empresários ofereceram 6,4%.

Desde 22 de dezembro, motoristas alertam sobre a paralisação. Então, neste dia o Consórcio afirmou que a formalização de acordo de reajuste salarial com os trabalhadores passa pela definição da prefeitura a respeito do reajuste tarifário.

Em reunião da empresa com a categoria no dia 27 de dezembro, foi proposto aos motoristas um reajuste de 6,4%, mas o sindicato rejeitou inicialmente a proposta. Um novo encontro foi marcado para o dia 29 de dezembro, mas adiado após pedido do Consórcio.

Justiça não aceitou pedido do Consórcio Guaicurus

Em decisões na tarde desta terça-feira (17) e na manhã de hoje (18), a Justiça do Trabalho negou pedido do Consórcio Guaicurus que tentava impedir a paralisação dos motoristas do transporte coletivo de Campo Grande.

O advogado do Consórcio Guaicurus, Felipe Barbosa, informou à reportagem que o juiz plantonista negou o pedido em carácter de urgência.

“Nosso pedido de liminar foi indeferido, o juiz destacou no despacho dele que ainda não apresenta riscos. E disse que se houver a paralisação, vai reavaliar o pedido e notificar o sindicato”, relatou.

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