A chuva que surpreendeu Campo Grande no final da tarde da sexta-feira (8) deixou estragos pela cidade e expôs a insegurança que paira sobre os moradores do Jardim Canguru. Uma cratera foi aberta na rua Catiguá e a ponte que dá passagem para pedestres na via movimentada está danificada.

O auxiliar de produção Antônio Ferreira dos Santos, 44 anos, usa a ponte diariamente. O morador conta que em dias de chuva, é necessário mudar o caminho para garantir a segurança.

“Moro há dois anos no bairro e sempre passo por aqui. O pessoal não faz a drenagem certa aqui e quando chove alaga tudo, a enxurrada desce tudo ali para dentro e quebrou até a calçada. Quando está cheio de água tem que dar a volta”, lamentou a situação.

O problema é compartilhado por Marcos Costa, 60 anos. O técnico de equipamentos de pintura afirmou que a rua “é um transtorno, não muda”. Marcos destacou que “quando chove vira um caos, fica complicado para passar”.

Então, o técnico aposta na sorte para transitar no bairro. “Para perder a vida aqui falta pouco, mas a gente vai na fé, vai que dá sorte”.

Medo compartilhado

O sentimento de medo é comum entre os moradores. A calçada que leva até a ponte na rua Catiguá está danificada, parte cedeu e se mistura com o lixo ao ar livre na beira da via.

Assim como Marcos e Antônio, Walber Miranda, de 29 anos, tem receio de passar na ponte para pedestres. “A gente fica com medo principalmente porque a noite é muito escuro, mas tem que passar aqui né? Dá medo de desabar o resto, e vai demorar muito para arrumar”, comentou sobre a passagem.

O motorista de aplicativo mora perto da Catiguá e presenciou a cratera ser aberta. “Moro na rua de cima e ontem mesmo eu passei aqui na hora que o caminhão caiu”, disse Walber. A rua movimentada e os problemas estruturais desanimaram Edson dos Reis Nascimento, de 57 anos.

Morador da região desde 2016, ele disse que presenciou cinco manutenções da ponte. “O que acontece aqui é que não é o córrego que enche, o que enche é a baixada que não escoa a água”, explicou ao Midiamax.

Por isso, o morador afirmou que não se aflige mais. “A ponte eu nem tenho medo dela”.

Cratera

Na última sexta-feira (8), um buraco se transformou em cratera. Edson disse que houve tentativa de reparo na via. “Enfiaram três caminhões de terra lá dentro [do buraco], eu questionei porque eles não colocaram manilhas e fizeram uma galeria de escoamento de água”, relatou.

Outro morador da região, que preferiu não se identificar, afirmou que o buraco está há mais de um mês aberto. “Aqui já tinha o buraco, uma empresa veio e só colocou terra”, explicou o servidor, que preferiu não ser identificado.

Contudo, o ‘aterro’ não foi suficiente para garantir a segurança da via. “A chuva veio e foi levando tudo, já tinha um mês esse buraco e sempre que chove alaga”, destacou o morador.

Ele contou ao Jornal Midiamax que um caminhão passou pelo local e não percebeu a existência do buraco, que ficou camuflado pela chuva. Então, o peso do veículo e a situação do buraco fizeram o asfalto ceder.

Trânsito afetado

Equipes da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) fecharam o local com cavalete e fitas. Portanto, motoristas possuem apenas uma via para circulação e fazem rodízio para passar pelo local.

A via é movimentada e liga pelo menos quatro bairros, entre eles o Jardim Paulo Coelho Machado, Residencial Mário Covas e Jardim Campo Nobre. O fluxo de veículos fez com que a Prefeitura instalasse semáforo no cruzamento da Catiguá e a avenida Cafezais.

Neste sábado (9), a região da rua Francisco Martins de Souza, que dá início à Catiguá, tem grande número de veículos. A cratera obriga os condutores a revezar o espaço que sobrou para circulação.

A Prefeitura de Campo Grande informou que tem ciência da situação e já agendou reparos. “Na manhã deste sábado (9), uma equipe da Sisep esteve no local para avaliar os estragos e definir as ações que serão realizadas. Como há previsão de chuvas para o fim de semana, os trabalhos de recuperação da via estão previstos para ter início na segunda-feira (11)”, explicou em nota.

Ponte ‘engoliu’ caminhonete

Menos de um quilômetro da rua que dá início à Catiguá, uma caminhonete foi ‘engolida’ por cratera na rua Rivaldi Albert, no Jardim Morenão. Em 26 de fevereiro a rua que dá acesso à avenida Guaicurus cedeu e logo depois teve o trânsito interditado.

De acordo com a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), a rua passou por serviços de melhorias após fortes chuvas que comprometeram a estrutura da via sobre o córrego Bálsamo. Assim, a circulação foi liberada em 9 de agosto.