Grama alta, portão saqueado e forro destruído, esse é o atual do local onde um dia funcionou uma biblioteca e a divisão de gerenciamento de resíduos sólidos em saúde, na Vila Rica, em .

Ao caminhar pela Avenida da Capital é fácil perceber o prédio destoante. Ao lado de uma escola municipal, lá está o prédio, com paredes pichadas, portão destruído e vegetação que passa de 1 metro de altura.

O cenário, que até parece retirado de uma série pós-apocalíptica, é resultado de anos de abandono por parte do poder público. Para os moradores da região, o endereço se tornou um ponto de insegurança e insalubridade.

de Oliveira, de 72 anos, passa quase diariamente pelo local, seja para fazer compras ou levar o neto para catequese. Ele viu de perto a deterioração do prédio.

“Eu não sinto muito medo, mas às vezes preciso desviar. Por exemplo, quando vou levar meu neto para a catequese, está cheio de moradores de rua, então acabo tendo que desviar”, comenta o morador.

Enquanto explica sobre o desvio, Oscar aponta para o trajeto que precisa fazer para evitar passar pelo local, dando uma volta na quadra ao lado. “Quando estou sozinho e está cheio [de moradores de rua] eu só atravesso a rua mesmo”, finalizou.

Construído pelo Sesi, prédio é de responsabilidade do município

O formato icônico da construção não é à toa. Com o telhado parecendo um livro e uma segunda estrutura no formato de lápis, o local funcionou como biblioteca.

De acordo com a Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), a inauguração ocorreu em agosto de 2009 como Biblioteca da Indústria. Construído pelo Sesi, o endereço foi cedido para administração da Prefeitura de Campo Grande ainda na inauguração.

Anos após a inauguração, a biblioteca deu lugar à divisão de gerenciamento de resíduos sólidos em saúde. Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a divisão funcionou por cerca de seis anos no local, entre 2016 e 2021.

Hoje, o local segue sob responsabilidade do município. Entretanto, abandonado e causando desconforto para moradores da região.

Divisão de gerenciamento de resíduos sólidos em saúde ainda em funcionamento. (Reprodução)

Moradores querem limpar por conta própria

Enquanto o abandono do prédio continua, a população busca por meios próprios amenizar o problema. Elias Santana, de 49 anos, atua como presidente do bairro Nova Maranhão e começou a limpar o local.

“Comecei a cortar um pouco esse mato que formou, mas a gente não pode tocar na estrutura, porque é do poder público, o máximo que podemos fazer é limpar o terreno”, comentou.

Ele conta que, mesmo abandonado, o local ainda não era um ponto para moradores de rua ou alvo de furtos. Entretanto, a situação se tornou um problema há alguns meses, após o furto do portão do local.

Elias Santana deseja que o local seja revitalizado. (Gabriel Neves, Midiamax)

“Roubaram o portão há alguns meses e aí o pessoal começou a entrar e destruir. Antes estava abandonado, com mato, mas a estrutura estava boa”, explicou Elias.

Segundo o presidente do bairro, solicitações já foram enviadas para a prefeitura pedindo para que a população pudesse reformar e utilizar o local, mas não tiveram resposta.

“A gente queria que voltasse a biblioteca, talvez um espaço de escritório para as pessoas usarem, quando quiserem enviar um ofício ou pedir uma melhoria”, comentou.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal relatando os problemas descritos pelos moradores e questionando uma do local, mas não houve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.