Não só pediatras: cortes nas unidades de saúde seriam em todos os setores

Funcionária disse ao Jornal Midiamax que os gestores estão chamando os funcionários para comunicar desligamento do posto de trabalho

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irmãos Upa Moreninhas médico
UPA Moreninha. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

A publicação do Facebook, que gerou revolta ao mostrar a redução nas escalas de plantões da Sesau (Secretaria Municipal da Saúde), ganhou um novo capítulo. De acordo com uma funcionária, que não quis se identificar, o corte de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem já está ocorrendo em todos os setores com escala de plantão, não apenas na pediatria.

A funcionária disse ao Jornal Midiamax que os gestores estão chamando e comunicando a retirada do profissional do posto de trabalho. “Um descaso vergonhoso”, afirma.

De acordo com documento enviado ao Midiamax, a escala de plantão fica reduzida para seis horas, em todos os setores, a partir do dia 1 de julho.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a Sesau sobre o assunto, mas até o momento do fechamento da reportagem, não obteve respostas. O canal segue aberto para manifestações.

Cortes de pediatras nas unidades de saúde

O possível fechamento do serviço de pediatria nos CRS (Centro Regional de Saúde) Tiradentes e Nova Bahia e a redução nas escalas de plantões nas unidades de saúde de Campo Grande tem gerado controvérsias. De um lado, funcionários alegam terem sido informados do corte de pediatras. Do outro, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirma que se trata apenas de um remanejamento de profissionais.

O assunto entrou em debate após uma publicação viralizar no Facebook. Nela, o autor alega que a prefeitura de Campo Grande determinou a redução do número de médicos nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), corte de 20% dos pediatras e o fechamento do setor de pediatria nas unidades de saúde dos bairros Tiradentes e Nova Bahia.

A publicação também apresenta uma escala de plantões que, segundo o autor, seria implementada a partir de julho. Nela consta o número de médicos escalados em dez unidades de saúde de Campo Grande, sendo que em cinco não há médicos a noite A postagem gerou revolta nas redes sociais.

Após a repercussão da notícia, um médico que preferiu não se identificar informou ter recebido o comunicado sobre a redução das escalas e o fechamento do setor de pediatria por meio de grupos de WhatsApp da Unidade de Saúde em que atua.

“Essa escala que aparece na reportagem foi entregue em reunião a todos os diretores clínicos e chefia das UPAs da Sesau. Lá estava a escala reduzida e plantão de 6h que ninguém pega porque não compensa”, afirmou.

Para o médico o fechamento do setor de pediatria das unidades ocasionaria um caos no setor de saúde pública da Capital, visto que o atendimento realizado nelas é fundamental para desafogar as Unidades de Saúde com maiores demandas.

“No Tiradentes e no Nova Bahia só existe pediatria à noite, e o fluxo é intenso, porque muitos pais levam as suas crianças doentes após o trabalho. E a ideia deles é fechar a pediatria nessas unidades. As duas unidades desafogam UPAs lotadíssimas como a Coronel Antonino e Universitário”, disse.

Segundo o médico, a redução nas escalas trará inúmeros prejuízos à população. Ele afirma que o número atual de médicos não é suficiente para cobrir a demanda.

“Nas UPAs, por exemplo, são em média seis plantonistas, mas apenas quatro ficam para atendimento à população. As UPAs possuem duas áreas de internação que necessitam de assistência médica, onde um médico fica na área vermelha e outro na área amarela. Se reduzir vai ficar ainda pior”, enfatizou.

Sesau nega que haverá corte de pediatras

Em contrapartida, a Sesau alegou no sábado (17) que a proposta não se trata de redução, mas sim de remanejamento das escalas.

Segundo a secretaria, no período da madrugada, há uma redução de 80% na procura por atendimentos pediátricos, por isso os profissionais que atendem nesses horários seriam remanejados para outras unidades de saúde.

“Não haverá corte de pediatras. A proposta é remanejar os profissionais que atendiam no Aero Rancho e Tiradentes de madrugada para o dia nas unidades. Assim, a escala seria reforçada, e não reduzida”, diz a secretaria.

Já o atendimento em pediatria será mantido 24h nas unidades onde historicamente há uma procura maior. Nas UPAs de maior porte, como Coronel Antonino, Leblon e Universitário, os médicos clínicos são capacitados para atender todas as faixas-etárias, de criança a idoso.

Em relação à escala divulgada no Facebook, a Sesau esclareceu que se trata de uma proposta de adequação dos plantões.

“Nessa escala não há redução, apenas organização e remanejamento para onde há maior demanda. Isso está em discussão e não houve deliberação em relação à implementação de maneira efetiva. A informação de que a mudança passaria a vigorar em julho é equivocada”, diz a secretaria.

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