As Lideranças Indígenas de Mato Grosso do Sul emitiram uma nota de repúdio endereçada para 12 autoridades públicas da esfera federal, estadual e municipal. O documento se manifesta sobre a falta de representantes de todos os povos nas mesas de discussões sobre os conflitos agrários entre indígenas e não indígenas que ocorrem no Estado.
A nota foi assinada no último sábado (18), o mesmo dia em que a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, veio a Mato Grosso do Sul para tratar sobre os conflitos indígenas em encontros em aldeias e em reunião com o governador, Eduardo Riedel (PSDB).
No texto, o grupo afirma que não foi assegurada a participação de “legítimas lideranças indígenas, eleitas pelas suas respectivas comunidades, os quais são os maiores interessados no diálogo e resolução de conflitos no campo”, explica a nota.
Diante disso, a APIPMS (Articulação dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul) foi a público se manifestar e repudiar atos que classificou como preconceituosos, discriminatórios e desrespeitosos e como abuso de poder e autoridade, promovidos pelo poder público e “mormente por autoridades indígenas constituídas”, contra as “verdades e legítimas” lideranças indígenas do Estado.
Assim, os caciques eleitos pelas comunidades exigem participar das discussões que são de interesse e direito dos indígenas.
“Preocupamos, sobremaneira, que ações desta natureza, praticadas por indígenas que há muito deixaram suas aldeias, se firmando desta forma desqualificados, incompetentes, despreparados e indignos aos cargos que ocupam no primeiro escalão do governo federal, caminham na contramão em relação à recente afirmação do nosso Líder Maior, Luiz Inácio Lula da Silva, que ‘Ministros que errar será convidado a deixar o governo'”, diz a nota.
Por fim, o grupo pede respeito aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul e diz não ser complacente com “vergonhosa” atitude dos servidores públicos do Ministério dos Povos Indígenas.
A nota de repúdio e indignação foi endereçada às seguintes autoridades públicas constituídas do Brasil, com cópia para o Conselho Terena de MS e à APIB:
- Presidência da República;
- Procuradoria Geral da República;
- Câmara dos Deputados – Presidência;
- Senado Federal – Presidência;
- Ministério dos Povos Originários;
- Fundação Nacional dos Povos Originários;
- Ordem dos Advogados do Brasil;
- Assembleia Estadual de Mato Grosso do Sul;
- Governo Estadual de Mato Grosso do Sul;
- Ordem dos Advogados – MS;
- Conselho Indigenista Missionário – CIMI, em Brasília;
- Coordenação Regional da Funai, em Campo Grande – MS
Confira abaixo a nota de repúdio na íntegra:
Ministra veio a MS
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, veio no último sábado (18) a Mato Grosso do Sul. O comboio com Guajajara saiu de Campo Grande por volta das 7h e foi para Rio Brilhante, onde está localizada a terra Laranjeira Nhanderu, palco de conflitos agrários recentes entre indígenas e fazendeiros.
No fim do dia, a ministra e o governador Riedel se reuniram para tratar sobre o assunto.
Após a reunião, Riedel também afirmou que discutiu os caminhos para que as questões de demarcações de terras sejam solucionadas “definitivamente” em Mato Grosso do Sul.
Sônia Guajajara afirmou estar disposta a retomar o espaço de diálogo para avançar os processos de demarcação de terra.
“É importante estabelecer esse diálogo com o Governo do Estado e produtores para encontrar uma alternativa em comum”, comentou.