Lembra da padaria Pão Gostoso? Prédio da década de 50 é demolido em Campo Grande
O prédio histórico foi destruído para virar estacionamento de igreja
Anna Gomes –
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Se você ainda é jovem, certamente alguém mais velho da sua família deve se lembrar da famosa padaria Pão Gostoso. Localizada na Avenida Dr. João Rosa Píres, no Bairro Amambaí, em Campo Grande, o comércio foi inaugurado em 1958, mas neste sábado (20), o prédio foi demolido.
Sleiman Khalil Salame, de 70 anos, conversou com a equipe de reportagem do Midiamax. Muito emocionado, ele diz que parte da história da Capital foi apagada nesta tarde. Libanês, Salame, conhecido em Campo Grande como o famoso ‘Salomão’ se lembra com detalhes de quando chegou na cidade para trabalhar com o tio na Padaria Pão Gostoso.
O então proprietário, Emile El Sadi, inaugurou a padaria em 1958, mas o sobrinho chegou no Brasil em 1976. Sabendo falar pouquíssimas palavras em português, Salomão conta que começou a ajudar o tio no comércio.
“Trabalhei muitos anos com o meu tio. Não sabia falar português. Fui aprendendo aos poucos como funcionava uma padaria. O comércio era muito famoso na cidade e fui pegando gosto pelo comércio”.
A padaria seguiu funcionando por anos e com o conhecimento adquirido ao lado do tio, o libanês teve suas próprias padarias. Após o falecimento do parente, o sobrinho chegou a reinaugurar o comércio, mas com outro nome: Salomão.
Salomão seguiu tocando os negócios no prédio histórico, mas os primos resolveram vender o ponto e em 2014 as portas da famosa padaria se fecharam para sempre.
“Aprendi a fazer muita coisa com o meu tio e eu fui proprietário de outas padarias em Campo Grande. Em 2015 resolvi me mudar para o atual endereço que fica ao lado da Pão Gostoso. Sou muito grato por tudo que aprendi e pelos amigos que fiz. Todos me conhecem por Salomão e trabalho no mesmo setor há mais de 40 anos. Os meus clientes são uma família para mim”, disse.
Sentado em uma das cadeiras de seu atual comércio, a Padaria Salomão, nesta tarde de sábado, o cenário foi um pouco diferente para Sleiman. Com retroescavadeiras demolindo parte de sua história, o libanês conversa com lágrimas nos olhos ao lembrar de momentos que passou no prédio que estava sendo destruído.
“Fico triste. Tenho muitas lembranças do meu e de momentos que passamos na padaria. Fregueses e histórias que ficaram na memória, mas a vida é mesmo assim. Não levamos nada daqui”, disse emocionado.
Ainda de acordo com Salomão, após a morte do tio, os filhos resolveram se desfazer do prédio, que já estava há alguns anos abandonado. Ele diz que o lugar deve virar um estacionamento de uma igreja.
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