Silenciosa, gordura no fígado afeta até 35% dos adultos e pode ocasionar hepatite e cirrose
Conhecida como gordura no fígado, esteatose hepática está relacionada a hábitos pouco saudáveis, como consumo de ultraprocessados
Monique Faria –
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Dores abdominais, enjoos, náuseas, barriga inchada e até dor de cabeça são os sintomas mais comuns de uma doença chamada esteatose hepática, mas popularmente conhecida como gordura no fígado. Quase silenciosa, os sintomas que indicam gravidade podem surgir só em estágios avançados, em alguns casos. Se não tratada, pode levar à morte.
E a doença é democrática, ocorre em pessoas de todos os tipos: jovens e velhas, magras e gordas, brancas e negras, anônimas e famosos. Sim, famosos. Inclusive com as diversidades mencionadas. Celebridades como Zezé de Camargo, Jojo Toddynho, Whinderson Nunes e, mais recentemente, Steve Harwell, ex-vocalista da banda Smash Mouth, que faleceu aos 56 anos no último dia 4, em decorrência de problemas hepáticos associados à esteatose.
Pessoas muito jovens também podem desenvolvê-la. Como a vendedora, Kauane Rodrigues, de 20 anos, que começou a desenvolver os sintomas clássicos, além de dores de cabeça constantes, que “às vezes, davam até náuseas” e boca amarga.
Ao entender que algo não ia bem, a jovem decidiu procurar um nutricionista, que solicitou exames. O resultado, portanto, confirmou a suspeita de esteatose hepática, a gordura no fígado.
Dieta foi primeira etapa de tratamento de gordura no fígado
O fígado é um órgão que é capaz de se regenerar. Contudo, a depender dos estágios da esteatose, alguns danos podem ser irreversíveis, sendo necessário até mesmo um transplante do órgão. Por isso, a importância de conservá-lo bem e, no caso da doença, promover a recuperação já nos primeiros estágios.
Mas, o que leva a esta doença? O nutricionista Emerson Duarte, que atendeu Kauane, elaborou uma dieta que evitasse doces, refrigerantes, margarina e óleo na preparação dos alimentos.
Isso porque a esteatose hepática é causada, na maioria dos casos, por níveis elevados de colesterol e triglicérides, que podem estar relacionados ao consumo excessivo de álcool, além de alimentos ultraprocessados e ricos em conservantes.
“É uma doença muito comum, atualmente. Quanto maior a quantidade de gordura no fígado, maiores os riscos. Se não tratada pode ser levada a doenças mais graves como a cirrose e hepatite”, explica o nutricionista.
Logo, além da dieta rica em frutas, verduras e legumes, as atividades físicas são de extrema importância para a melhora do quadro clínico. Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e se hidratar adequadamente também são medidas que devem ser adotadas. O nutricionista recomenda também uma boa noite de sono, que ajuda a regular os hormônios reparadores e, consequentemente, diminuir a esteatose.
“As principais formas de tratamento são a prática de atividades físicas, consumo de alimentos minimamente processados, uma dieta mediterrânea – rica em frutas, verduras, legumes e oleaginosas -, e redução de gordura saturada. Não é recomendado automedicação, e nem consumo de chás ou medicinas alternativas”, explica Duarte.
Gordura no fígado: problemas decorrentes
A esteatose hepática está ligada, em muitos casos, à obesidade e ao colesterol elevado. Pacientes que possuem resistência insulínica, os pré-diabéticos ou diabéticos, também possuem predisposição a desenvolver gordura no fígado.
O Ministério da Saúde destaca que a presença de gordura no fígado deixa de ser normal quando este índice chega a 5% ou mais. Neste estágio, o já quadro deve ser tratado o mais breve possível. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia, a esteatose hepática uma doença que acomete entre 20% e 30% da população mundial, correspondendo a 40 a 60 milhões de pessoas portadoras da doença no Brasil.
De acordo com o presidente da Sinmed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana, a gordura no fígado pode se transformar em uma situação mais grave, como uma hepatite, decorrente de uma inflamação do fígado.
Diferente do que muita gente pensa, a hepatite não é apenas ocasionada por causas virais, a gordura do fígado pode inflamar o órgão, podendo evoluir para fibrose e cirrose.
“Quando a gente tem uma situação de gordura no fígado, mais a inflamação do fígado, que é a hepatite, temos a esteato-hepatite, e é uma condição perigosa porque se não tratada pode se transformar até em uma cirrose hepática”, explica.
Alimentação saudável e mudanças de hábitos
A esteatose hepática pode ser evitada com hábitos saudáveis de vida, capazes de impedir alterações no colesterol e evitar a resistência à insulina. Exercícios físicos com frequência, e principalmente perda de peso, são medidas que podem ser adotadas para que a gordura no fígado diminua.
Quanto aos tratamentos medicamentosos, existem medicações que diminuem o colesterol e triglicerídeos, ajudando a controlar a gordura no fígado. A própria esteato-hepatite possui tratamento medicamento específico para a condição.
“É preciso alertar a população para o hábito saudável de vida, para evitar ter o colesterol alterado, os açucares e a resistência à insulina, que é o hormônio que mantém a glicemia do sangue adequada. Evitar também a obesidade, evitando alimentos gordurosos, industrializados e enlatados. Outro fator importante que deve ser pontuado é o uso de bebidas alcoólicas”, afirma o médico, Marcelo Santana.
Doença atinge 35% dos brasileiros com mais de 35 anos
Um estudo elaborado por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aponta que a doença afeta 35% dos brasileiros com mais de 35 anos. A pesquisa avaliou 8.166 participantes por quatro anos e analisou fatores associados ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas.
No levantamento, os pesquisadores identificaram que indivíduos do sexo masculino e com obesidade têm mais predisposição a desenvolver a doença. Na avaliação de fatores sociodemográficos, foi identificado que esse grupo possuía um nível mais baixo de escolaridade e de atividade física.
Os 35% acometidos pela doença também apresentavam níveis maiores de IMC (Índice de massa corporal), circunferência da cintura, triglicerídeos, colesterol elevado e resistência à insulina. Além disso, foi identificada maior incidência de diabetes entre o grupo com esteatose hepática, 7,83%. Enquanto o grupo sem a doença apresentou risco de 3,88%.
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