Arcturus: Já em circulação no Brasil, nova cepa do coronavírus causa conjuntivite

Nova onda de covid pode resultar em um surto de conjuntivite, por conta da época do ano

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
anaurilândia coronavírus
(Foto: Ilustrativa/Freepik)

A variante Arcturus do coronavírus, também chamada de XBB.1.16, que surgiu na Índia em janeiro deste ano e já se alastrou por quarenta países, acaba de ser detectada no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.

O relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que, embora não seja tão letal como o Ômicron, sua propagação é mais rápida e os principais sintomas causados no contágio são febre alta, conjuntivite e tosse.

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, esta nova onda de covid pode resultar em um surto de conjuntivite. Isso porque, o Arcturus está chegando ao país justamente em um período de baixa umidade do ar que reduz as defesas do organismo e resseca todas as mucosas, inclusive a lágrima que tem a função de proteger a superfície dos olhos.

“A falta de lágrima, somada às alterações ambientais facilitam o aparecimento da conjuntivite alérgica e da viral. Nos dois tipos ocorre a inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a esclera, parte branca do olho, e a face interna da das pálpebras”, pontua.

Sintomas

“Pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento e fotofobia (aversão à luz) são sintomas em comum de todo tipo de conjuntivite”, explica. “É a secreção que diferencia uma da outra, sendo aquosa na alérgica e transparente e viscosa na viral”, salienta.

Conjuntivite viral

Queiroz afirma que a conjuntivite viral é altamente contagiosa, pode surgir em qualquer idade e tem como principal veículo de transmissão levar as mãos contaminadas aos olhos. Os grupos de maior risco são:

  • Crianças porque estão com o campo imunológico em desenvolvimento.
  • Idosos por terem o sistema imunológico mais frágil.
  • Mulheres na pós-menopausa devido à menor produção da lágrima com a queda dos estrogênios.

Nas empresas e escolas, a transmissão ocorre pelo compartilhamento de teclados de computador ou mouse e pelo contato com interruptores de luz e corrimão de escadas. O especialista também chama a atenção para os carrinhos de supermercado e balcões do varejo.

O tratamento inicial é feito com compressas frias e lubrificação intensa. Nos casos graves, colírios anti-inflamatórios que contêm corticoide são os mais indicados. “A venda desta classe de colírios é livre, mas nunca devem ser usados sem prescrição e acompanhamento médico para evitar complicações maiores como a catarata e o glaucoma”, reitera.

Uma dica do oftalmologista é usar óculos escuros que além de melhorar o conforto em ambientes claros, evita a proliferação de vírus intensificada pela exposição à radiação ultravioleta.

Um erro comum cometido por muitas pessoas, segundo ele, é usar água boricada que aumenta a irritação e pode causar alergia. Como toda doença viral, ressalta, a conjuntivite tem seus sintomas controlados pelos medicamentos, mas o vírus pode criar resistência.

Por isso, há casos em que se formam membranas na conjuntiva que exigem tratamento com corticoide e até aplicação de laser para remover opacidades que reduzem a acuidade visual.

As dicas de prevenção são:

  • Tome a vacina ambivalente se você ainda não se vacinou.
  • Lave as mãos com frequência ou higienize com álcool.
  • Pratique exercícios moderados e constantes.
  • Mantenha os olhos bem hidratados.
  • Caso pegue um resfriado ou gripe mantenha o uso da máscara
  • Evite aglomerações em locais fechados.
  • Não pule refeições.
  • Durma de 6 a 8 horas/dia.

Conjuntivite alérgica

“A conjuntivite alérgica nesta época do ano é causada principalmente pelo aumento da poluição no ar e é mais comum em quem sofre algum tipo de alergia. Isso porque, estudos mostram que 6 em cada 10 alérgicos manifestam a doença nos olhos”, salienta. Ao contrário da viral, não é contagiosa, mas pode causar lesões na córnea e diminuir permanentemente a visão.

O tratamento dos casos leves é feito com colírio anti-histamínico. O médico ressalta que o uso de antialérgico oral, para tratar alergias sistêmicas simultâneas à conjuntivite, resseca a lágrima e por isso dificulta a recuperação dos olhos.

Quem já tem ceratocone, doença degenerativa que faz a córnea tomar o formato de um cone e tem como principal fator de risco coçar os olhos, deve utilizar os colírios já prescritos pelo oftalmologista e em caso de crise alérgica durante o outono passar por consulta.

“Quadros mais intensos de conjuntivite alérgica são tratados com colírios que contém corticoide. O medicamento só pode ser usado com supervisão médica”, salienta. Isso porque, deve ser feita a regressão correta para não causar efeito rebote. Usar por um tempo prolongado pode causar glaucoma e catarata.

As dicas do oftalmologista para prevenir processos alérgicos são:

  • Mantenha os ambientes arejados e livres de pó.
  • Evite levar as mão com substâncias químicas aos olhos
  • Não faça caminhada ou outros exercícios em locais muito polidos.
  • Beba bastante água.
  • Não use lápis na borda interna das pálpebras para não alterar o PH da lágrima.

Conteúdos relacionados