Após caso de mormo e competição cancelada, Iagro vai ao Parque do Peão e vistoria ‘cavalo a cavalo’

Até o momento, conforme apurado pelo Midiamax, cerca de 60 animais foram examinados

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Égua Capitu, que teve diagnóstico de mormo. (Abeldes Júnior/Arquivo Pessoal)

Técnicos da Iagro (Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) retornaram ao Parque do Peão, em Campo Grande, nesta quinta-feira (13), para vistoriarem “cavalo a cavalo”. A ação ocorre pouco mais de um mês da interdição do local e o cancelamento do Brasileirão do Laço Comprido, cuja expectativa de público e atrações era a mais alta de todas as edições. Até o momento, conforme apurado pelo Jornal Midiamax, cerca de 60 animais foram examinados.

Após a vistoria, a expectativa é que seja emitido um parecer e o CLC (Circuito de Laço Comprido) divulgue novas datas de eventos. “Depois deste exame confirmatório, do caso de mormo, retornaram para fazer a vistoria, seguindo a normativa nova do Ministério [da Saúde], que vai fazer a liberação ou não. O caso da doença é de uma propriedade próxima aqui, mas, nunca houve no país um humano contaminado”, afirmou o médico veterinário e diretor do CLC, Abeldes Silva Rocha Júnior, de 45 anos.

Conforme o diretor, foram feitos exames de triagem neste animal e não houve sintomas clínicos por parte da égua Capitu. “Eu acho que isso prejudicou a equideocultura [criação de cavalos] como um todo no Estado. Todos tiveram um prejuízo. O anúncio do cancelamento ocorreu somente uns dias antes e pessoas do Acre, de Rondônia e até do exterior já estavam hospedadas aqui. Teve gente que mudou férias para participar, outros estavam com passagem comprada e gente que se preparou, de todo lugar do país, só pra vir aqui comprar genética”, argumentou.

Além de toda “uma cadeia que se alimenta” de uma festa nesta monta, Abeldes também fala que a exposição de cavalos, somente no ano passado, movimentou negócios envolvendo cerca de 3 mil animais, entre leilões e competições.

“Aqui temos a maior arena do país, com 15 mil metros quadrados. No ano passado, por exemplo, além do Brasil tivemos competidores da Argentina e do Paraguai. Um evento com grande público diário e que trouxe de 3 a 4 mil competidores. Isso sem falar nas atrações nacionais que fechamos, como o Trio Parada Dura e outros shows. Só que, em seguida, veio a notícia do cancelamento do evento”, argumentou o diretor.

‘Caso de mormo pode ser um falso positivo’, avalia diretor do CLC

Em outros casos de suspeita de mormo, Abeldes diz que tomou conhecimento que coletas de sangue dos animais foram enviados a laboratórios no exterior e, em 100% dos casos, o resultado teria sido negativo. “Aqui foram somente exames de triagem. É como um exame de farmácia, que pode dar falso positivo. E, em humanos, nunca existiu a doença, sendo que muitos estão propagando como algo contagioso. É diferente da capivara, por exemplo, que está disseminando a febre maculosa e ninguém vai lá examinar o animal”, opinou.

De acordo com Abeldes, todos os animais instalados no CLC possuem criatórios com veterinários responsáveis e que os tratam como atletas. “Eles são avaliados e cuidados todos os dias. São cavalos sadios e de competição, que envolvem famílias inteiras cuidando deles e os tratando como se fossem mais um membro da família. Hoje um cavalo deste é um pet: tem o casqueador dele, tosador, dieta feita pelo veterinário e acompanhamento nutricional”, explicou.

No caso do diretor, por exemplo, esposa e filhos estão diariamente convivendo com os cavalos. “Tenho um menina de três anos e um menino de oito. A mais nova, ao ouvir das nossas conversas sobre a possibilidade de sacrificar o animal, ficou chorando e nos acordando de madrugada, pedindo para ir lá ver a égua dela”, comentou.

Mesmo sem datas definidas, o CLC ressaltou que pretende realizar um campeonato nacional nos dias 27, 28 e 29 de julho. Já no mês de agosto, ocorrerá o campeonato nacional e o “potro do futuro” da ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha), sendo esta a mais importante do país.

Verificação da Ficha Técnica Mormo

Em nota, o CLC informou que a Iagro realiza a verificação relativa à nova Ficha Técnica Mormo, emitida pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) no início deste mês. “Essa verificação faz parte dos procedimentos para a liberação do local e atendem as novas determinações do MAPA, que modificam as normas técnicas relativas à existência ou não desta zoonose”, diz o documento.

Veja publicação do CLC sobre o assunto:

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O que é o mormo?

O mormo é uma zoonose infectocontagiosa, causada pela bactéria Burkholderia mallei, que acomete primeiro os equídeos, tais como cavalos, mulas e burros. Segundo estudiosos do assunto, a doença pode ser transmitida a outros animais e ao ser humano. Neste último caso, o contato ocorre quando a pessoa tem contato com algum animal infectado.

Desta forma, a bactéria entra no organismo através da pele e das mucosas dos olhos e nariz. Em casos esporádicos, a contaminação pode ocorrer no momento do manejo ou a manipulação de amostras contaminadas. Para evitar o contágio, o profissional exposto precisa usar equipamentos de proteção individual, como máscara, óculos, avental e luva.

Ainda conforme estudiosos, no ser humano, os sintomas são febre, dores musculares, dor no peito, rigidez muscular e cefaleia. Podem ainda ocorrer lacrimejamento excessivo, sensibilidade à luz e diarreia. Não há vacina disponível contra esta doença e a prevenção envolve a identificação e eutanásia do animal infectado.

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