Esta oncinha viria para o Pantanal de MS, mas problema congênito impediu soltura

Pantanal de MS perdeu toda a ‘braveza’ da onça-pintada por uma ironia do destino

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Filhote Apoena (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

“Aquele que enxerga longe”. Em tupi-guarani, Apoena. O destino às vezes é irônico ao pregar suas peças. A oncinha Apoena nasceu destinada a vir morar no Pantanal de Mato Grosso do Sul, mas um problema nos olhos a impede de viver em liberdade.

Nesta quarta-feira (29), é comemorado o Dia Nacional da Onça-pintada e a história de Apoena mostra as dificuldades da luta que esses felinos enfrentando a extinção.

Apoena já estava prestes a vir para o Pantanal de Mato Grosso do Sul e continuar o legado de sua mãe Amanací – resgatada com as patas queimadas nos incêndios de 2020 -, mas um diagnóstico mudou todo o seu destino.

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Apoena aos 24 dias de nascido e atualmente (Fotos: Divulgação, NEX)

Não vem mais

Os cuidadores do grande bebê onça no Instituto Nex No Extinction começaram a notar comportamentos que indicavam possíveis problemas de visão. Exames realizados em Apoena revelaram que a onça-pintada tem lesões nas retinas dos dois olhos.

O Instituto divulgou que o quadro é irreversível e degenerativo. O DNA foi enviado para os Estados Unidos para tentar entender como surgiu o problema.

Enquanto isso, o local de preservação dos maiores felinos da América Latina luta para que Apoena não fique completamente cego. De acordo com a oftalmologista veterinária, Ana Carolina Rodarte, a equipe suspeita de uma doença genética.

Como a onça-pintada tem hábitos noturnos, Apoena teria dificuldade em caçar e conseguir alimentos, comprometendo a sua vida na natureza – inclusive representando perigo de morte, já que poderia não conseguir se alimentar.

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Pantanal de MS perdeu toda a ‘braveza’ de Apoena

Apoena não vem mais, mas, segundo o Nex, o plano de reintrodução de um novo exemplar da espécie no Pantanal segue vivo. Os esforços por agora são para que a oncinha não fique cega.

Entretanto, o Pantanal perdeu toda a ‘braveza’ de Apoena, que desde que nasceu já demonstrava toda a natureza de uma onça-pintada: “Eu tenho só 24 dias de vida e já sou muito bravo”, publicou o instituto, quando a ferinha ainda não tinha nem 1 mês de vida.

De lá para cá, o ainda filhote cresceu e já estava quase do tamanho da mãe. Eles já estavam em um recinto cercado no meio da mata, com lago, gruta e sem contato com humanos, para que Apoena aprendesse a vivar na natureza.

O próximo passo seria a soltura no Pantanal. Conforme publicado pelo Jornal Midiamax, o local já tinha sido escolhido: Refúgio Ecológico Caiman, na região de Miranda. Lá, ele seria acompanhado pelas equipes do Onçafari e ICMBioCenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros).

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Amanací e Apoena, aos 7 meses (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Filhote de lendas da fauna pantaneira

O Apoena nasceu com uma importante missão, substituir a mãe, Amanací, na natureza. Ela e o macho ‘Ousado’ foram resgatados do Pantanal em 2020, com as patas gravemente queimadas. A dupla recebeu tratamento no Instituto NEX.

Enquanto Amanací acabou condenada a viver em cativeiro, pois perdeu as garras, Ousado passou por tratamento, reabilitação e pôde voltar para o Pantanal. De lá para cá, Amanací começou a “namorar” com o macho Guarani.

O instituto cuidadosamente planejou esse encontro, como uma forma de compensar a falta da Amanací no Pantanal, para que um dia, um filhote dos dois pudesse ocupar o lugar que um dia foi de sua mãe.

Conforme o instituto, com o diagnóstico de Apoena, houve apenas uma mudança de planos. “O que podemos dizer para vocês é que o sonho nunca acaba. Vamos continuar fazendo tudo o estiver ao nosso alcance para que as onças continuem existindo na natureza”, publicou.

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Amanací com Apoena (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Ameaça de extinção

De acordo com o Onçafari, a fragmentação de habitats e a perda de áreas de floresta em razão da ação humana são as principais ameaças às onças-pintadas. “Áreas desmatadas para a produção agropecuária e expansão de cidades diminuem as áreas de vida desses predadores, diminuindo também a disponibilidade de presas naturais”, diz nota do refúgio

Além disso, a caça desses felinos ainda contribuem para o processo de extinção. Antigamente, as onças eram mortas em especial para a retirada e venda de sua pele como item de decoração.

Conforme fazendeiros alteram o ambiente para a criação de gado bovino ou de outros animais e caçam as espécies de presas silvestres, a disponibilidade de alimento diminui. O que resulta no aumento do contato entre onças e seres humanos e, eventualmente, na predação do gado, gerando um conflito de longa data entre pecuaristas e onças-pintadas.

onça-pintada
(Arte, Jornal Midiamax)

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