Ambientalistas dos Estados Unidos, Argentina, Nova Zelândia, Canadá e Irlanda participaram na segunda-feira (27) de um debate com o Ministério Público do Trabalho, lideranças indígenas, diretores, professores e estudantes, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) de Três Lagoas, para discutir a preocupação com cultivo de eucalipto transgênico no Estado.

O município abriga diversas indústrias de celulose, com expectativa de expansão de novos produtoras que estão em fase de construção. Pesquisadores pontuaram que árvores transgênicas preocupam por danos aos pequenos agricultores, comunidades indígenas e tradicionais pelo uso de agrotóxico nas plantações, como de eucalipto. Os participantes relataram as experiências com os impactos negativos das plantações com modificação genética.

Para o procurador do Trabalho Leomar Daroncho, há crenças de que EPI (Equipamento de Proteção Individual) seria suficiente para proteger o trabalhador de produtos químicos. Exemplificando com o Glifosato, agrotóxico mais vendido no Brasil e denunciado por conter substâncias possivelmente cancerígenas, a pulverização no campo seria perigo elevado para famílias.

“Mato Grosso do Sul é o estado com maior expansão de eucalipto, principalmente em razão dos incentivos fiscais ofertados às papeleiras e da disponibilidade de terras anteriormente ocupadas pela pecuária. Em vastas áreas, a vegetação nativa está sendo retirada para o plantio de eucalipto transgênico com prejuízos para a fauna e flora. Moradores de comunidades rurais relataram a migração de animais silvestres para as suas moradias, em busca de alimentos”, esclareceu.

Já o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geografia, na UFMS/Três Lagoas, Sedeval Nardoque, pontuou áreas demarcadas, como aldeia indígena Ofayé Anodi de Brasilândia, que está cercada por hectares de eucalipto.

“Em um curto período, vimos a expansão do plantio de eucalipto transgênico nos arredores da aldeia Ofayé Anodi. A ganância de pessoas por dinheiro e poder trouxe destruição ao meio ambiente. Percebemos inúmeras árvores nativas, com cem ou duzentos anos, sendo derrubadas por máquinas em poucos minutos e, no local, substituídas por eucalipto transgênico. Nos últimos anos, notamos também lagos e terras cada vez mais secos, o clima cada vez mais quente e, em nosso entendimento, isso é reflexo da expansão do eucalipto. Enquanto população indígena, somos defensores da natureza e lutamos pela terra, pela preservação do meio ambiente, valorizando o nosso ecossistema e a nossa biodiversidade”, enfatizou o cacique Marcelo da Silva Lins.

Ainda conforme o MPT, os ambientalistas que participaram da reunião representam as instituições internacionais: World Rainforest Movement, Global Justice Ecology Project e Canadian Biotechnology Action Network.