Vulneráveis: 1 motociclista morre por semana no trânsito de Campo Grande

Até julho deste ano, 778 novos motociclistas foram habilitados para conduzir em MS

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Acidente de trânsito envolvendo motociclista (Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

Seja como meio de locomoção, para usar como ferramenta de trabalho, por hobby ou paixão por adrenalina. O Dia do Motociclista, comemorado nesta quarta-feira (27), é um lembrete para a cultura do uso da moto. No trânsito são vulneráveis e, só neste ano, 33 motociclistas perderam a vida em acidentes em Campo Grande. Comparando com o primeiro semestre do ano passado, 2022 sofreu aumento de 47% em acidentes com vítimas fatais.

Conforme o monitoramento GGIT (Gabinete de Gestão Integrada do Vida no Trânsito), que incluem os registros da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Santa Casa e GAAT (Grupo de Análise de Acidentes de Trânsito), atualizado até o dia 11 deste mês, no primeiro semestre de 2022, 31 motociclistas morreram na área urbana da Capital.

Maio, mês de conscientização no trânsito, foi o mais violento do período, somando seis óbitos. Em julho, duas pessoas foram vítimas fatais de acidentes. Em comparação ao ano passado, o primeiro semestre registrou 21 óbitos, sendo três em maio e seis em junho.

Quanto a soma dos acidentes com vítimas na Capital, seja de gravidade, ferimentos leves ou danos materiais, entre 1° de janeiro a 30 de junho deste ano, cerca de 1.434 pessoas se envolveram em colisões com motocicleta. No mesmo período de 2021, em que ocorreram restrições por conta do período pandêmico e maior pedido de delivery, foram 1.527 acidentes de trânsito com vítimas, de acordo com o BPtran (Batalhão Polícia de Trânsito).

Motociclistas lideram o ranking de acidentes em veículos automotores, segundo a gerente de Educação para o Trânsito da Agetran, Ivanise Rotta, são vulneráveis por ter a mesma fragilidade de pedestres e ciclistas, mas tem a velocidade associada ao veículo.

“Se o motociclista vai de encontro ao um muro ou obstáculo, provavelmente vai se ferir ou vir a óbito. A questão é coletiva, não tem como apenas o motociclista fazer sua parte se todos que estão envolvidos no trânsito não fizer. Precisamos ter um comportamento adequado no trânsito, tanto os motociclistas, como quem passa por eles. Os carros têm vários pontos cegos, não podemos achar que é uma competição, não criar uma guerra velada”.

Vários fatores favorecem o cenário de colisões, um dos maiores ‘vilões’ continua sendo o excesso de velocidade acima do permitido nas vias. Na Capital não existem vias rápidas, aquelas onde é permitido conduzir a 80 km/h. A máxima permitida nas vias arteriais da área urbanas é de 50 km/h.  “É velocidade de segurança, pois, em qualquer imprevisto, dá tempo de parar. Pode até acontecer um acidente, mas será leve. A velocidade no velocímetro faz toda diferença”.

Outra questão relevante pontua casos em que condutores insistem em dirigir sob efeito de álcool. “A embriaguez ao conduzir continua sendo também um fator de risco, a sensação de impunidade e a falta de responsabilidade com os outros que compartilham a via conosco infelizmente vem ceifando vidas e deixando pessoas com sequelas. É inaceitável que em 2022 a sociedade aceite ou ache normal conduzir embriagado. Muitas vidas ceifadas pela desobediência”.

Novos motociclistas

Quanto aos novos condutores de duas rodas, o balanço do Detran-MS (Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul), aponta que entre janeiro e julho de 2021, foram emitidas 778 novas CNH (Carteira Nacional de Habilitação) com a categoria A, o número sofre uma leve alta no mesmo período deste ano, onde 809 novos motociclistas regulares estão habilitados.

Em Campo Grande, os números são semelhantes, contando com acréscimo de apenas um novo habilitado, enquanto 409 motociclistas estavam aptos para conduzir no trânsito no ano passado, neste são 410. 

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Motociclistas do motoclub

Paixão pela velocidade

Não existe uma base de dados com o quantitativo dos motoclubes em Mato Grosso do Sul ou em Campo Grande, entretanto, os participantes acreditam que o número é superior a 80 ‘irmandades’ só na Capital. Um deles é Motorcycle Clube Gárgulas & Immortal Sopport, desde 1998, atualmente está sob a liderança do motoqueiro Marcelo Braz, carinhosamente conhecido como ‘sapo’ pelos amigos. O grupo se reuniu com objetivo de ter um clube com parâmetros e regras internacionais que regem o mundo ‘biker’, um tipo de regras de convívio.

“Hoje estamos com várias bases espalhadas pelo Brasil e exterior. Temos em São Jorge dos Pinhais (Curitiba), Palhoça (Florianópolis),Blumenau (Santa Catarina) Lages, Ponta Grossa (Paraná), Maringá (PR), Londrina(PR), Goiânia (Goiás), Presidente Prudente (São Paulo), Portugal, Itália, Alemanha, Uruguai. Aqui em MS estamos em Campo Grande e Dourados”.

Entre 1998 a 2002, época em que não se tinha internet com facilidade, o clube descobria histórias de outros motoclubes em revistas e jornais. “Houve o primeiro Moto Road, uma sensação do momento em Campo Grande com várias edições. Vendo amigos e motos, foi despertando interesse na cena, com criação e crescimento de clubes”.

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