Uso de ralos de segurança pode evitar tragédias como a que vitimou Mariana

Grande parte dos acidentes acontece porque as crianças ficam presas por cabelos; ralos evitam os acidentes

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Uso de ralo de segurança poderia ter evitado tragédia que vitimou Mariana
Uso de ralo de segurança poderia ter evitado tragédia que vitimou Mariana

A morte da menina Mariana dos Anjos Faria em Dois Irmãos do Buriti, no último sábado (12), causou comoção na cidade onde a tragédia aconteceu e também em Aquidauana, município onde ela morava. A menina, de apenas 9 anos, morreu por afogamento em uma casa onde foi realizado evento familiar, após seus cabelos foram sugados por uma abertura no fundo da piscina, que estava sem ralo.

A tragédia foi bastante semelhante a um caso de repercussão nacional ocorrido em dezembro do ano passado, quando uma menina de 13 anos quase perdeu a vida após passar cerca de 2 minutos submersa em uma piscina, em decorrência do mesmo fato: os cabelos sugados pela abertura no fundo da piscina. A jovem, felizmente, conseguiu ser salva.

Ocorrências desse tipo, portanto, não são incomuns. E são evitáveis com a realização da manutenção e a troca de equipamentos, dentre eles, ralos de fundo que protegem as pessoas da sucção promovida por bombas de filtragem e que ocasionaram a tragédia que vitimou Mariana.

O Jornal Midiamax fez uma pesquisa de preços sobre estes dispositivos e constatou que existem vários tipos de produtos. Os preços de ralos de fundo variam de R$ 34,90 a R$ 390 – o que vai definir o ralo de fundo específico é o tamanho piscina, a profundidade e o material do qual ela foi construída: se é de alvenaria ou fibra. Os ralos mais baratos são os de plástico, cujos preços oscilam de R$ 34,90 a R$ 110. Já os mais caros são feitos de inox, no qual os valores variam de R$ 71,90 a R$ 390.

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Norma técnica recomenda distância de 1,5m entre os ralos

A substituição frequente e checagem desses itens de segurança é fortemente recomendada pela Anapp (Associação Nacional das Empresas e Profissionais de Piscinas), que tem feito trabalho intenso de divulgação de cuidados que evitem esses acidentes. Segundo a entidade, uma das grandes discussões no país é o fato de não haver uma lei que obrigue a instalação do ralo em piscinas, o que pode ser um diferencial entre vida e morte. Outra medida pode ser desligar os motores de sucção das piscinas durante o período em que as pessoas estão nelas.

Segurança com ralos de fundo

Embora ralos de fundo sejam tidos como os grandes vilões no que se refere a problemas de segurança em piscinas, vale lembrar que estes dispositivos, por si só, não são os únicos responsáveis pelos acidentes. Isso porque estes dispositivos, juntamente de coadeiras (skimmer), tubulações e motobomba, fazem parte de um “sistema de filtração/aspiração” que deve ser adequadamente dimensionado para um correto funcionamento dentro do que determina a boa técnica, atendendo uma série de regras importantes para que a água seja succionada com pressão correta pela bomba, direcionada ao filtro e depois reintroduzida na piscina pelos bocais de retorno.

Segundo a associação, acidentes com ralos de fundo podem acontecer com qualquer pessoa, mas geralmente as mulheres são mais afetadas por conta do comprimento dos cabelos. Isso porque, quando os fios se enroscam na grade do ralo, não adianta desligar a bomba. Além de se assegurar de que a piscina foi bem projetada, esse tipo de problema pode ser evitado de forma simples e prática com o uso de uma touca, por exemplo.

Por isso, devido ao longo histórico de acidentes, em 2015 os cuidados foram intensificados no Brasil, quando a ABNT reuniu sete normas antigas em uma única, incluindo a de segurança em ralos de fundo. Essa norma foi sancionada como ABNT NBR 10.339/2018. Outras duas soluções possíveis e eficientes previstas no novo normativo são o botão de pânico e a tampa automática de fechamento no bocal de aspiração.

Quanto às características dos ralos, existe uma diferença entre os modelos anti-vórtice e anti-aprisionamento. O primeiro protege apenas a bomba contra a entrada de ar, enquanto o segundo protege o usuário. Além disso, os ralos de fundo com tampas abauladas e entrada de ar entre a grade e o piso da piscina são mais eficientes em evitar acidentes com ralos de fundo.

Para aumentar a proteção, também houve mudança da máxima velocidade da água na grade do ralo de fundo, que caiu de 0,6 m/s para 0,5 m/s. Quanto às aberturas máximas na grade, a ABNT realizou uma modificação significativa, passando de 10 mm para 0,7 mm e, também, exigindo que novas instalações devem conter 2 ralos de fundo com espaçamento mínimo entre estes de 1,5m.

A norma exige também como ação adicional a instalação de avisos de advertência e indicação de profundidade dos tanques. Mas uma regra importante que não está na norma é nunca nadar sozinho, lembre-se disso!

Técnico faz vistoria no ralo para verificar se está havendo sucção da água. Foto: Reprodução Internet

 

Dicas de Segurança

A Anapp destaca uma série de orientações para que os momentos na piscina sejam de puro lazer, de forma a se evitar os acidentes. Entre as recomendações, estão:

  • É necessário ficar atento às crianças e não perder a visão delas;
  • Quem tem cabelo longo deve prendê-lo antes de entrar na piscina;
  • O uso de toucas para natação é recomendado para quem tem cabelo longo;
  • Mesmo diante de todos esses cuidados, sempre é bom ter uma “tesoura amiga” por perto
  • Crianças não podem ficar próximas aos locais em que a água sai;
  • Piscinas devem ter instalação do “botão do pânico”, que, ao ser pressionado, desliga o motor da piscina;
  • É recomendável que a piscina tenha mais de um ralo para que a pressão de sucção seja menor;
  • Cada ralo deve ficar a uma distância mínima de 1,5 metros um do outro;
  • A forma correta de instalação dos ralos e da bomba d’água pode ser vista na NBR 10.339, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
  • Piscinas das casas e condomínios também precisam passar por manutenções periódicas.

Corpo de Bombeiros traz orientação para evitar afogamentos

Em caso de afogamento, só tente salvar a vítima se for habilitado e esteja em boas condições físicas para a ação; caso contrário, se for possível a aproximação, lance algum objeto flutuante (boia, isopor, prancha) que ajude a vítima a flutuar ou que possa agarrar e ser tracionada para a margem (cordas, galhos com boa resistência, etc.);

  • Acione o guarda-vidas ou o Corpo de Bombeiros Militar por meio do telefone de emergência 193;
  • Piscinas de clubes e condomínios devem possuir acessos restritos e placas com informações;
  • Pais e/ou responsáveis devem dedicar atenção integral às crianças;
  • A existência de guarda-vidas não substitui a atenção e responsabilidade dos pais e/ou responsáveis;
  • Não faça uso de bebidas alcoólicas antes ou durante a permanência na água;
  • Obedeça às orientações e determinações dos guarda-vidas;
  • Respeite as sinalizações de alerta e proibição;
  • Evite brincadeiras que coloquem a segurança em risco, tais como “briga de galo”, “caldo”, competições de apneia (segurar o fôlego), entre outras;
  • Evite mergulhos “de ponta” em locais que não possuam conhecimento sobre a profundidade e relevo subaquático.

 

 

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