Uma semana depois do confronto entre policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar e moradores da retomada Guapoy, nas proximidades de uma das aldeias de , cidade distante 331 quilômetros de Campo Grade, a convoca representantes da Funai e também indígenas da comunidade para depoimento. A audiência está marcada para as 14 horas da próxima segunda-feira.

“[…] designo audiência de justificação prévia, na modalidade TELEPRESENCIAL, para o dia 04 de julho de 2022 (segunda-feira), às 14 horas, com participação da FUNAI, Ministério Público Federal, lideranças da Comunidade e líderes do movimento, se estes não foram os líderes da comunidade, além da autora”, determina o magistrado Thales Braghini Leão.

Ainda segundo o juiz da 2ª Vara da Justiça Federal em Ponta Porã, a “respeito do incremento dos atos de violência no local, este magistrado novamente atendeu ao procurador da parte autora na data de ontem (28/06/2022), em meio ao cumprimento da pauta com outras quatro audiências criminais. No mesmo dia, também atendeu ao representante do MPF, Dr. Marcelo José da Silva, a respeito do TAC entabulado entre as partes”.

Procurado pela reportagem do Midiamax, o assessor jurídico do Cimi (Conselho Missionário Indigenista – Regional Mato Grosso do Sul), Anderson Santos, informou que o órgão já está prestando orientações para os indígenas da retomada Guapoy. Segundo ele, os moradores convocados pela Justiça Federal terão acompanhamento da entidade.

Uma semana do conflito

“A manhã daquela sexta-feira ainda não tinha terminado quando o pesadelo começou. Aos poucos o silêncio da aldeia foi cortado por vindos em nossa direção. Parecia um ataque de caçadores contra um bando de javalis”, assim o acadêmico da UFGD (Universidade Federal da Grande ) descreve o momento em que os policiais avançaram os limites imaginários da retomada Guapoy e chegaram até algumas casas de sapê.

Ele é um dos moradores da Aldeia Amambai, que reúne mais de 10 mil indígenas e que não consegue apagar da memória a operação desencadeada pela equipe do choque. “Quando a gente percebeu, os policiais já tinham rompido os limites imaginários entre a fazenda e retomada. A truculência era tanta que não havia espaço para nenhum tipo de questionamento”, lembra o estudante, que naquele dia ficou na retomada para fazer um trabalho solicitado por um dos professores.