Tela para crianças é vilã ou não? Especialista de MS discute consequências do uso
Seja um celular, tablet ou TV, o recurso parece ser o mais fácil e eficaz quando o objetivo é distrair os pequenos
Priscilla Peres –
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É cada vez mais comum vermos crianças diante de telas. Seja um celular, tablet ou TV, o recurso parece ser o mais fácil e eficaz quando o objetivo é distrair os pequenos. Mas, como tudo na vida, há consequências do uso exagerado de telas por crianças, que vão desde o possível aumento de peso até a má qualidade do sono.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que até dois anos as crianças não tenham nenhum contato com qualquer tipo de tela. Dos dois até os quatro anos, a diretriz publicada pela OMS em 2019 recomenda uma hora de tela por dia, no máximo. Crianças com mais de dois anos devem passar pelo menos duas horas e meia por dia em atividades físicas.
As recomendações da OMS levam em conta padrões para uma vida saudável e longe da obesidade, mas a neuropsicóloga Janaína Lobo detalha que o impacto negativo das telas para crianças pequenas vão muito além do sedentarismo e possível aumento de peso.
Ansiedade e irritabilidade
Janaína é psicóloga e trabalha diariamente com pais que querem evitar as telas ou tentar retirar o recurso dos pequenos. Ela explica que a criança, principalmente a partir dos dois anos, precisa de estímulos sensoriais e motores para se manter ativa e sem as telas. “Manter a criança longe das telas até os dois anos, ou com o mínimo de exposição possível, ajuda muito para que ela aprenda a brincar e após esses dois primeiros anos, se interesse menos pelos dispositivos”, afirma.
Sobre os malefícios, Janaína destaca que o excesso de exposição às telas prejudica o desenvolvimento das crianças. “A criança que não gasta energia de dia, não dorme bem à noite. Algumas famílias usam telas à noite, o que prejudica ainda mais o sono noturno. Então, a criança tende a ficar mais irritada, indisposta, brava, difícil de entreter e acaba voltando para a tela. É um círculo vicioso”, conta.
Além disso, as telas tendem a deixar as crianças mais impulsivas e imediatistas. “A criança fica menos paciente, principalmente aquelas que aprendem a trocar vídeos no YouTube porque se não está dando o nível de prazer esperado na hora ela troca. E depois, se a família tenta uma brincadeira de montar um quebra-cabeça, por exemplo, a criança já não tem paciência”, explica.
A especialista destaca ainda que as telas geram dependência nas crianças, principalmente quando elas são expostas antes dos dois anos. “Depois dos dois anos é mais difícil ocupar todo o tempo da criança, então tudo bem liberar um desenho ou um vídeo por algum período do dia. Mas nesses casos, a família percebe que a criança não se interessa muito pela programação, seja na TV ou no celular”.
Rotina de crianças e telas
Celeste Moura Baltazar, 28, é mãe de uma menina de um ano e três meses e conta que ensinou a filha a assistir desenho nos momentos em que ela está mais ocupada. “Quando eu preciso de um tempo maior para fazer alguma coisa eu coloco desenho pra ela assistir na TV, mas é só naquele período e tiro em seguida. Ela gosta, mas não é viciada nisso”, diz a mãe que passa o dia todo com a filha em casa.
Ela ainda afirma que na maioria das vezes a filha acaba se distraindo com alguma brincadeira e abandona a TV ligada. A soma do tempo em que a criança passa na TV soma uma hora por dia, conta a mãe que diz já ter lido sobre os malefícios das telas para crianças.
Já Maria Clara Palhano, 33, afirma que sempre foi rígida no quesito telas. Sua filha tem quatro anos atualmente e só assiste desenho por poucos minutos e em inglês. “Leio muito sobre o assunto e tenho regras claras em relação ao uso de telas. Às vezes, ela pede, eu recuso e ela vai brincar, não ver TV não é um problema pra ela”, conta.
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