Aos 89 anos de idade, Rosa Ferreira dos Passos, moradora do bairro Noroeste, ainda tem para limpar a área externa da sua casa algumas vezes por semana. Essa energia vem dela, claro, mas também é fruto da situação em que sua casa fica por conta da poeira da região. Ali onde fica a casa dela, parte das ruas é asfalta e parte não, e isso é um problema tanto para a manutenção da limpeza da residência, quanto para a saúde da idosa. “Aqui não para limpo, é o tempo todo lavando e limpando”, diz ela.

Em relação à saúde, as questões são mais graves. Segundo alerta emitido pelo (Instituto Nacional de Meteorologia), a umidade relativa do ar no Estado segue variando entre 12% e 20%. Os riscos vão de incêndios florestais a perigo à saúde como ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz. “Eu fico o tempo todo me hidratando e com balde de água nos cômodos, mas é difícil.”

Franciele da Silva Martins, de 27 anos, trabalha em casa como atendente de telemarketing. Ela tem asma e convive diariamente com o pior cenário possível, que é a mistura de poeira e tempo seco. Até por isso suas crises de asma têm se agravado. “Nossa, é horrível. Vivo trancada dentro de casa para evitar a poeira. E nesse calor tudo fica pior”.

Dona Rosa tem 89 anos (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

A empresária Luciana Martins, de 42 anos, que tem uma oficina especializada em calhas, teve de tirar alguns produtos que vendia da frente da loja por conta da poeira. “Acaba estragando os produtos, além de ficar com aspecto de sujo”.

Ela mora ao lado da oficina e em casa a saúde dos filhos preocupa. “Tenho que ficar deixando toalha molhada, cuidando a todo momento”.

Em outro ponto do bairro, o pintor Waldir Ramos, de 47 anos, que tem dois filhos, espera o terceiro. A mulher de 8 meses ficou gripada duas vezes durante a gestação, o que forçou ela a ficar em casa. “Com certeza esse tempo e a poeira deixaram ela pior. É muito preocupante não só pra saúde dela, mas para a do bebê. Ficamos o tempo todos cuidado pra molhar perto de onde ela está, jogando água na área, e tudo mais”.

Campo Grande repete marca de 2021 e agosto terá umidade abaixo de 15%

Poeira nas calhas no comércio de Luciana (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

O mês de agosto começa com características típicas dessa época do ano. Lábios rachados, pele ressecada e dificuldades para respirar. Assim como em 2021, quando os índices de umidade foram inferiores a 15%, neste ano o cenário se repetiu e Mato Grosso do Sul segue em alerta de perigo por causa do tempo seco.

“O mês de agosto é caracterizado por umidade muito baixa e rajadas de ventos. As temperaturas ainda vão subir muito em Campo e a umidade estará em declínio. Teremos episódios abaixo de 15%, inclusive”, afirma o meteorologista Natálio Abrahão.

De acordo com o especialista, nesta semana frente fria chega ao Estado, mas as chances de chuva são mínimas na Capital, onde os termômetros devem atingir 35°C em agosto. “Até no pôr do sol, onde a temperatura deveria ser mais amena, vai continuar quente”, relata.