Mato Grosso do Sul investiga 3 casos de hepatite grave e de origem ainda desconhecida, conforme a SES (Secretaria de Estado de Saúde). São dois casos em , de paciente de 10 e 14 anos, além de uma apuração em Ponta Porã, na região sul do Estado, onde o paciente é um rapaz de 16 anos. 

Ao Jornal Midiamax a coordenadora do Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) da SES, Karine Barbosa, ressaltou que as estão em fase de investigação e que as pessoas devem ficar atentas a alterações no quadro de saúde, não deixando de comunicar o caso para ser enquadrado na definição de caso provável. 

“Esta síndrome clínica é caracterizada por hepatite aguda, com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas e acompanhadas, ou não, de sintomas gastrointestinais, como vômito, diarreia e febre. Só que o mais característico é a icterícia, que é a coloração amarelada da pele e dos olhos”, afirmou a coordenadora. 

De acordo com Barbosa, a comunicação de risco emitida pela Secretaria, sobre a possível causa, também está sendo apurada, com algumas hipóteses até o momento, dentre elas a correlação com a infecção por outros vírus respiratórios, como o adenovírus. “É importante frisar que não existe nenhum vínculo epidemiológico entre esses casos, essa condição e a vacina da covid”, finalizou. 

Secretaria fez webconferência nos 79 municípios do Estado

A SES emitiu uma Comunicação de risco – Hepatite Aguda Grave de Etiologia Desconhecida, com webconferência para os 79 municípios, sobre eventuais casos prováveis no Estado. 

Na nota, a secretaria esclarece que o Cievs Estadual vem acompanhando e está seguindo as orientações do Ministério da Saúde Cievs Nacional e que qualquer nova orientação é transmitida para os municípios.

Ilustração com remédios para hepatite. Foto: Arquivo/Midiamax

OMS emitiu alerta após surto em outros países

O novo tipo de hepatite aguda — inflamação do fígado — está atingindo crianças e adolescentes saudáveis ao redor do mundo, o que fez com que a OMS (Organização Mundial da Saúde) emitisse, no dia 23 de abril deste ano, um alerta sobre os casos.

Ao menos 14 países registraram casos, que já somam pelo menos 200 atingidos — principalmente no Reino Unido. Conforme a OMS, cerca de 10% dessas crianças precisaram de um transplante de fígado e há o registro de pelo menos uma morte.

Porém, o que assombra os especialistas é que a causa ainda é desconhecida, mas algumas hipóteses têm sido levantadas.

Confira o que se se sabe e o que ainda falta esclarecer sobre a doença:

Quais os sintomas desta hepatite misteriosa?

Segundo a OMS, “muitos casos manifestaram sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, diarreia e vômitos, antes da apresentação com hepatite aguda grave e aumento dos níveis de enzimas hepáticas — aspartato transaminase (AST) ou alanina aminotransaminase (ALT) acima de 500 UI/L — e icterícia (coloração amarelada da pele/olhos)”. A maioria dos casos não apresentou febre.

Onde surgiu o surto?

O Reino Unido ainda tem o maior número de casos concentrados: no mínimo 114. Em seguida, foram notificados 13 casos na Espanha, 12 em Israel, 9 nos EUA, 6 na Dinamarca, pelo menos 5 na Irlanda, 4 na Holanda, 2 na Noruega, 2 na França, 1 na Romênia e 1 na Bélgica.

Doença vai chegar ao Brasil?

Conforme publicou o portal UOL, é possível que a hepatite chegue ao Brasil, já que a notícia acendeu um alerta entre os infectologistas brasileiros, que avaliam como provável o aparecimento da doença no Brasil.

“Isso preocupa muito porque ela está se espalhando rapidamente. Estamos presumindo que [o número de casos] vai aumentar, ainda mais agora com as viagens em alta com a pandemia mais controlada. É grande a possibilidade de chegar no Brasil”, afirmou Marcelo Simão, professor da UFU (Universidade Federal de Uberlândia), ao UOL.

Orientação para suspeita

Pais e responsáveis devem estar atentos aos sinais de hepatite e procurar um hospital imediatamente caso estejam em dúvida. As crianças com sintomas de uma infecção gastrointestinal, incluindo vômitos e diarreia, devem ficar em casa e não retornar à escola ou creche até 48 horas após os sintomas terem parado.

Além disso, medidas comuns de higiene, como lavagem completa das mãos ajudam a reduzir a propagação de muitas infecções comuns, incluindo o adenovírus.

Confira os sintomas da hepatite

  • Urina escura
  • Fezes pálidas ou cinzas
  • Coceira na pele
  • Olhos e pele amarelados (icterícia)
  • Dores musculares e nas articulações
  • Temperatura alta
  • Enjoo e náuseas
  • Cansaço o tempo todo fora do normal
  • Perda de apetite
  • Dor de barriga

O que pode estar causando a hepatite misteriosa?

O OMS diz que as investigações para descobrir o agente causador ainda estão em andamento. Porém, a entidade classifica a doença como “hepatite aguda de etiologia desconhecida”. No entanto, algumas teorias estão sendo levantadas.

  • Adenovírus

O adenovírus foi encontrado até agora em 74 amostras de crianças doentes. Em 20 das amostras, também foi encontrado o vírus da covid-19. A OMS disse que, embora o adenovírus seja atualmente uma hipótese como causa subjacente, ele não explica totalmente a gravidade do quadro clínico.

“A infecção com adenovírus tipo 41 não foi previamente associada a tal apresentação clínica”, diz um trecho da nota.

  • Covid-19

Em Israel, o chefe da unidade pediátrica Shaare Zedek Medical Center disse que a maioria das crianças com casos da hepatite havia sido infectada com o novo coronavírus em algum momento do passado. E testes não apontaram infecção pelo adenovírus, disse o ao site da revista norte-americana Wired.

Autoridades de saúde do Reino Unido têm levantado a hipótese de que o lockdown adotado para conter a disseminação do coronavírus em vários momentos enfraqueceu a imunidade dessas crianças, deixando-as mais suscetíveis ao vírus. Também há quem acredite que o lockdown as impediu de serem expostas a infecções comuns.

Outra ideia é a de que o patógeno agressor pode ter sofrido alguma mutação. Até agora, porém, tudo isso não passa de possíveis causas, no máximo, correlações. Autoridades de saúde dos países atingidos seguem debruçados em busca de respostas conclusivas, mas ainda não se sabe quando elas estarão disponíveis.

Casos não tem relação com vacina contra o coronavírus

A OMS já destacou que os casos não têm relação com a vacina da covid-19. Autoridades do Reino Unido também descartaram a vacina contra a covid-19 como uma possível causa porque nenhuma das crianças britânicas doentes foram vacinadas devido a sua pouca idade.