Moradores suspeitam que Semadur ‘facilitou’ autorização para presidente do TCE-MS cortar árvores em Campo Grande

Moradores ‘comuns’ demoram até 6 meses para obter liberação de corte de árvores

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Antes e depois de poda em bairro de Campo Grande. Foto: Montagem/Jornal Midiamax

Dois pés de cedro, um ipê e uma palmeira imperial chamavam a atenção na rua José Rodrigues Benfica, na Vila Sobrinho, em Campo Grande. Só que o avanço de uma construção também trouxe a poda e vizinhos, que admiravam a visita de araras, tucanos e também viam a casa do João de Barro, lamentaram e presenciaram a retirada das árvores que, aliás, estariam saudáveis e uma delas é símbolo da capital sul-mato-grossense.

A poda, conforme vizinhos, começou às 7h do dia 14 de julho e se estendeu para o dia seguinte. A reportagem do Midiamax esteve no endereço no segundo dia de poda e presenciou o trabalho dos jardineiros.

Mesmo com a autorização por parte da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), moradores do entorno lamentam e falam que “o dono do imóvel tem dinheiro” e, por este fato, “mandou arrancar” e “conseguiu a autorização facilmente”.

‘Acho uma judiação. Árvores traziam sombra para rua’, diz aposentada

Uma aposentada de 79 anos, que não será identificada, disse que mora na mesma rua há 5 décadas. Conforme ela, o antigo dono do terreno é quem plantou as árvores. “O terreno já está com herdeiros. Eu conhecia o senhor quem plantou, só que ele já faleceu. Eu acho uma judiação mesmo. As árvores traziam sombra para a rua e aí fizeram isso”, lamentou.

O imóvel, conforme informado por vizinhos e fontes do poder público, seria herança de uma casa que está no espólio do nome do pai e pertence também ao presidente do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Iran Coelho das Neves. A reportagem ligou para dois telefones celulares, que pertenceriam a ele e a esposa, mas, não conseguiu contato em nenhum deles.

Trabalhador realizando a poda na casa do presidente do TCE-MS. (Foto: Jornal Midiamax)

Para conseguir a autorização, Iran teria ido pessoalmente ao órgão e retirado o documento, segundo informou um servidor ao Midiamax. No entanto, quando se trata de um “cidadão comum”, que busca autorização para podar uma árvore, os trâmites são outros. A média, para obter liberação de corte de árvores, seria de ao menos 6 meses, tanto para quem denuncia o risco de atingir fiação elétrica até , por exemplo.

Na autorização, datada no dia 1° de julho deste ano, o titular da Semadur, Luis Eduardo Costa, ressalta que foi concedida autorização para a supressão das árvores. “Está correto sim [o documento]. É um direito do cidadão, independente de quem for”, argumentou.

Veja na íntegra a nota retorno da prefeitura sobre o assunto:

A Semadur informa que qualquer iniciativa que afete as árvores, tanto na via pública, quanto em terreno próprio, exige autorização da Prefeitura de Campo Grande. Para remover, podar e/ou plantio de árvores, o interessado precisa preencher o requerimento e entregar o mesmo na Central de Atendimento ao Cidadão (CAC) Senha A – Protocolo Geral, localizado na R. Mal. Rondon, 2655 – Centro, em frente à Maternidade Cândido Mariano, munido de documentos pessoais e da localização precisa das árvores.

 Somente o proprietário do imóvel ou representante legal poderá fazer o requerimento. As vistorias são realizadas por ordem cronológica do pedido e, são realizadas mesmo que a árvore seja saudável. Todas e quaisquer intervenções exigem a vistoria preliminar e autorização da Prefeitura.

Funcionário, no momento da poda, inclusive levou tora de madeira. Foto: Jornal Midiamax

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