Danos estruturais, mofo, demora no atendimento e até falta de medicamentos compõem o leque de problemas da UPA 24h (Unidade de Pronto Atendimento) na avenida Guaicurus, em Campo Grande.  

Aguardando atendimento médico para a esposa, o eletricista Josué Alvi, 36 anos, vivencia a falta de medicamentos na unidade há meses. “Desde quando começou a pandemia, eles falam que estão reformando a farmácia. Aqui você não pega medicamento nenhum”, disse ele.

A dona de casa Nilza da silva, de 42 anos, foi procurar atendimento pediátrico para os filhos, de 6 e 9 anos, e se deparou com a demora para consulta. “Cheguei às 9h30 e estou saindo agora às 14h30. É uma desfeita com as pessoas, a gente precisa do atendimento e quando você pergunta falam que daqui a pouco vão chamar”, disse ela.

Ela também reclama da falta de estrutura adequada no local. “A UPA está bem desgastada, com vidros trincados, paredes descascando e descargas sem funcionar”, explicou.

Em um dos cômodos com pouca ventilação e paredes de vidro, a manicure Paula dos Santos, de 25 anos, aguardava o atendimento. “Está calor para C… e não tem um ventilador. No bebedouro só tem água quente”, disse ela.

Vista externa da sala com ventilador estragado (Foto: Leonardo de França / Jornal Midiamax)

Aguardando atendimento pediátrico para o filho de três meses, o torneiro Diego Almeida, de 33 anos, expressou um grande sentimento de indignação com o tratamento recebido.

“Cheguei com o bebê e minha esposa às 12h e agora são 14h40 e não fomos atendidos. Tinha ventilador, mas arrancaram e não colocaram outro. Só tem água quente e está um calor da pega (sic). A sala é fechada e o lugar está muito quente, mas tratam a gente que nem cachorro”, finalizou.

A Sesau

Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que a Unidade em questão está em fase de capacitação de recursos para realização de reforma, assim, problemas estruturais presentes no local serão sanados. A respeito da retirada de ventiladores, isto aconteceu após laudo técnico que informou que estes equipamentos já estavam condenados, não havendo mais formas para conserto.

Sobre a demora excessiva no atendimento, a Sesau informou que não procede. “A ficha mais antiga que aguarda atendimento pediátrico no local é das 14h53, um paciente com classificação azul [Fazendo referência a outro caso do dia 06 de março, não o citado na matéria]. É importante ressaltar que os pacientes passam por uma classificação de risco antes da consulta com médico, desta forma, quem apresenta a classificação verde ou azul, com pouco ou nenhum risco à vida, respectivamente, tem como tempo protocolar de espera até quatro horas pelo atendimento em unidade de urgência e emergência”.

A farmácia da unidade está temporariamente fechada para que passe por reformas, que acontecerá juntamente com as obras da unidade, contudo os pacientes são assistidos da mesma forma, sendo que aqueles que precisam tomar medicação na unidade são atendidos. Apenas os medicamentos para tratamento não estão sendo dispensados, porém é possível encontrá-los nas unidades básicas de saúde da região, como na UBS Universitário, no mesmo bairro, USF Moreninha III e USF Cidade Morena — todas unidades muito próximas à UPA.