Inflamação em piercing é comum, mas risco de casos graves é baixo; veja dicas de profissionais

Nste sábado (9), uma jovem de 20 anos morreu em Dourados por conta de um piercing inflamado

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(Foto: Divulgação/@shutterstock)

A utilização de piercing no corpo é tida como uma prática banal e foi normalizada nas últimas décadas, mas o caso de uma jovem de 20 anos que morreu em Dourados por conta de um piercing inflamado nos lábios ligou alerta para os riscos dessa intervenção corporal. Segundo especialistas, eles são baixos se for tomado o mínimo de cuidado, mas existem.

Com cinco anos de experiência na colocação piercing corporal, Jiovana Myaki, que trabalha em um dos maiores estúdios de Campo Grande, disse que não é tão raro atender clientes com problemas de inflamação. “Isso porque fora do estúdio, os cuidados ficam por conta das pessoas, e muitas negligenciam nossas orientações”, diz ela.

No caso de Jiovana, ela orienta que os clientes higienizem com soro fisiológico o local do piercing, além de cumprirem uma restrição alimentar durante um certo período, já que alguns alimentos contribuem para inflamação. “Muita gente quer usar álcool para limpar e também continuam comento comidas que não podem”.

No caso da morte em Mato Grosso do Sul, Andressa Souza havia colocado a joia no lábio inferior. Jiovana explica que o tecido do lábios, no caso a mucosa, tem cicatrização mais rápida do que cartilagem, por isso inclusive, teoricamente menos risco. “No caso dos lábios em coisa de duas semana já está semi-cicatrizado”.

Andressa Soares começou a ter complicações dois meses após colocar o piercing, por isso a suspeita de que o fator motivador da infecção tenha surgido depois. Mesmo assim, os cuidados também devem ser tomados antes.

Segundo Jiovana, é preciso conhecer o profissional e verificar quais instrumentos ele usa, se estão esterilizados corretamente, se são objetos descartáveis. No caso de Andressa, a família não onde ela colocou o piercing.

Andressa tinha 20 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Piercing é ferimento

A médica Christiane Gonzaga, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, quando colocamos um piercing, ganhamos um tipo de ferimento na pele. A partir daí, o nosso organismo inicia um estado de reação inflamatória com a finalidade de tratar a área lesionada.

“Essa alteração acontece de forma controlada, desde que a sua pele esteja limpa e o piercing seja colocado com as condições de antissepsia adequadas – usando material esterilizado e tendo a região do furo higienizada -, a reação inflamatória ajuda a sanar os tecidos que foram agredidos durante a perfuração”, explicou a médica.

Christiane explica que o tempo de cicatrização vai depender do local onde o piercing foi colocado, mas, em geral, demora entre sete a 10 dias. “Durante esse período, forma-se uma casquinha em volta do furo que não deve ser retirada de jeito nenhum. É importante esperar cair naturalmente para evitar um novo ferimento”.

Para otimizar o processo de cicatrização é fundamental que o paciente siga as orientações do profissional especializado que realizou o furo, como, por exemplo, higienizar o local, mantê-lo arejado e seco, além de desinfetar a região e aplicar um creme cicatrizante, caso seja prescrito.

Morte de jovem

Uma jovem de 20 anos morreu no último sábado (9) após ficar 24 dias internada na UTI do Hospital da Vida, em Dourados, por conta de uma grave infecção decorrente de um piercing que ela havia colocado nos lábios e inflamou. Andressa Souza, que morava em Itaporã junto da família, a 16 quilômetros de Dourados, chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu.

Segundo a irmã de Andressa, Soraya Tayana o motivo da morte foi confirmado pela equipe médica. “Sim, depois do exame o médico confirmou. Inflamou foi para corrente sanguínea, que subiu para a cabeça”, disse ela.

Andressa havia colocado o piercing há cerca de dois meses, mas a família não sabe onde nem com quem, mas desconfia que tenha sido em Itaporã. “Ela foi em uma pessoa que nós não conhecemos e essa pessoa cobrou R$ 60, mas não sabemos se foi em clínica ou clandestino, mais foi aqui em Itaporã mesmo”, completa a irmã.

O corpo de Andressa foi sepultado neste domingo, no Cemitério de Cristo Redentor.

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