Sem previsão para asfalto, ruas de terra no São Conrado são desafios para cadeirantes: ‘caiu três vezes’

No bairro, reclamações se estendem à falta de médicos e remédios em posto de saúde

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Rua Major José de Pinto, no bairro São Conrado; imagem ilustrativa. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

No bairro São Conrado, em Campo Grande, as principais reclamações dos moradores são a falta de pavimentação, que impede até que cadeirantes saiam de casa, e o trânsito em frente ao supermercado Mister Junior, localizado na Avenida General Carlos Alberto Mendonça Lima. Quem transita pela região relata acidentes constantes e que o quebra-molas próximo não é suficiente para prevenir as imprudências dos motoristas.

Eva Silva, de 53 anos, é moradora do bairro desde 2011 e tem um comércio próximo ao supermercado. A mulher relembra que há duas semanas um carro e uma moto se envolveram em um acidente no local. “Mesmo com o quebra-molas, com a saída de carros do mercado, acredito que fica muito apertado para passarem e acontecem muitos acidentes”, observa a mulher.  

O pedido de mais sinalização na avenida é semelhante ao de Liete Rezende, de 57 anos, que mora e trabalha no bairro. A mulher diz que o trecho perto ao supermercado se tornou perigoso para os pedestres atravessarem. “Muitas vezes são carros que se batem quando estão entrando ou saindo do mercado. Só tem o quebra-molas. Acho que tinha que ter mais coisas, os carros não têm respeito de jeito nenhum”, afirma a moradora.

Poeira e Lama

O São Conrado é recortado por trechos sem asfalto, o que em dias secos levanta poeira, e nos dias chuvosos transforma a terra em lama e dificulta o deslocamento dos moradores pelo bairro. José Dias, de 57 anos, mora na região há 25 anos. A rua General Ângelo Frulegui da Cunha, onde vive, não tem asfalto, e a cada chuva é um tormento sair de casa com a água que fica empoçada em frente das residências. Não há previsão de quando as ruas do bairro serão asfaltadas.

“Só tem promessas em época de política, mas nada de cumprir, aqui não tem asfalto e nem esgoto. A minha esposa tem problemas respiratórios e passa mal com o tempo seco, sempre tem que ir ao médico fazer inalação. Às vezes, você vai em um posto e depois te mandam em outro, não tem médico e nem medicamento”, relata.

Mesmo morando na via asfaltada, a comerciante Eva Silva reclama que precisa varrer constantemente a calçada em frente de casa devido à poeira que acumula quando tem muito vento.

“Quando chove é uma tristeza na linha do colégio, não tem como atravessar a rua. Se não quiser molhar o sapato, as crianças precisam tirar o tênis e puxar a calça para cima para chegar lá com o pé sequinho”, reclama Eva, que tem uma filha estudante. O bairro possui uma escola municipal e uma estadual que tem no entorno algumas ruas pavimentadas e outras não.

Carros quase colidem em frente de supermercado na Capital. (Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

A falta de asfalto na rua de casa também torna difícil a vida da atendente Eli Alves, de 52 anos, que tem um filho cadeirante. Moradora do bairro desde 2003, a família reside na rua Major José Pinto, sem asfalto. A mulher conta que o filho, de 23 anos, não consegue transitar pela via com a cadeira motorizada. As rodas sobem na pedra e tombam a locomoção, que pesa mais de 90 quilos. Para sair de casa e ir às fisioterapias, por exemplo, só de carro. 

“Quando ele era menor, caiu três vezes da cadeira de rodas na rua. Hoje ele é operado e usa a cadeira motorizada, mas não consegue usar fora de casa. Ele não tem liberdade para sair e nem brincar, precisa treinar com a cadeira em casa”, explica a mãe.

Eli acrescenta que outros cadeirantes também têm a mesma dificuldade de locomoção pelo bairro. O jovem cadeirante faz por semana, ao menos, cinco sessões de terapias entre fisioterapia, hidroterapia, equoterapia, psicologia e psiquiatria, porém, em dias de chuvas, todas são canceladas. “Se chove por três dias, são três dias sem terapia”, lamenta a mãe.

Liete Rezende e Eli Alves trabalham no mesmo comércio e relatam que não conseguem deixar aberta a porta lateral do estabelecimento, que fica na rua Internacional, devido à terra que acumula no chão e nas mesas. “As pessoas vão achar que a gente não limpa o local. Você não vence a poeira aqui”, reclama Liete. 

O Midiamax entrou em contato com a Prefeitura para perguntar sobre as reclamações dos moradores. Até o momento da publicação desta reportagem, o órgão público enviou uma nota sobre as unidades de saúde da região.

A situação no local já foi regularizada com todas as equipes da unidade, após ter ficado um período com um profissional afastado por atestado médico e uma das equipes desfalcada. Hoje são três médicos, um em cada equipe de saúde. A respeito da retirada de medicamentos, esta acontece normalmente, com exceção dos psicotrópicos – que são de uso restrito e não são dispensados no local pelo fato de a equipe não contar com um farmacêutico. Entretanto, para a retirada destes, o paciente pode se deslocar até uma unidade próxima, como a USF Santa Emília, ou ir até um CAPS.

Casos anteriores

Em julho deste ano, um motociclista foi socorrido na rua Pampulha, no bairro São Conrado, após atropelar um pedestre e atingir um carro estacionado. O homem não tinha CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

No mês anterior, um motorista de aplicativo foi esfaqueado por um passageiro que colocou como ponto de partida a Rua Internacional.

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