A Abrafrec (Associação Brasileira dos Fretadores Colaborativos) e a plataforma Buser criticaram a aprovação do PL (Projeto de Lei) 192/2022, que institui o Sistema Trip-MS (Sistema de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros) pela (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul). A matéria passou no plenário em primeira discussão na manhã desta quarta-feira (31).

Em nota, a Abrafrec rebateu a afirmação de que o PL foi amplamente discutido. “Apesar dos inúmeros pedidos para que a sociedade e todas as partes interessadas fossem ouvidas, entre elas o setor de fretamento, não houve transparência nem a devida discussão da matéria”, diz o comunicado.

A Buser reiterou em nota que a proposta coloca em risco milhares de empregos. “Do jeito que está, o PL nada mais é do que um retrocesso. O circuito fechado ameaça mais de 3 mil empregos, encarece o preço das viagens de fretamento e deixa veículos e motoristas ociosos”, informou.

Projeto que barra transporte por fretamento passou com apenas um voto contrário

Como passou em primeira discussão, o PL ainda deve ser votado novamente. A proposta havia sido duramente criticada por empresas do setor, levando deputados a apresentarem emendas ao texto. Porém, a CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação) derrubou as alterações nas regras do transporte por fretamento.

Duas emendas foram aprovadas, uma que esclarece as normas do transporte intermunicipal entre cidades vizinhas e o prazo de adaptação de 60 dias para 24 meses. A matéria é de autoria do Poder Executivo.

Foram favoráveis Amarildo Cruz (PT); Antonio Vaz (Republicanos); José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP); Renan Barbosa Contar, o Capitão Contar (PRTB); Carlos Alberto David dos Santos, o Coronel David (PL); Gerson Claro (PP); Herculano Borges (Republicanos); Jamilson Name (PSDB); Lídio Lopes (Patriota); Luiz Carlos Correia de Lima, o Lucas de Lima (PDT); Mara Caseiro (PSDB); Marçal Filho (PP); Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL); Paulo Duarte (PSB); (PT); Rinaldo Modesto (Podemos); José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (PSDB); e o presidente da Alems, Paulo Corrêa (PSDB).

Apenas Felipe Orro (PSD) votou contra. Não estavam presentes os deputados estaduais Evander Vendramini (PP), João Henrique Catan (PL), (PP), Marcio Fernandes (MDB) e Renato Câmara (MDB). 

Contar justificou que é favorável apenas à constitucionalidade, assim como Kemp e Lopes. O deputado do PRTB solicitou que o PL fosse discutido na Comissão de Turismo.

Outras entidades também criticaram projeto

A ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) está acompanhando de perto o andamento do projeto e chegou a pedir seu arquivamento em parecer prévio enviado à Assembleia. O primeiro-secretário da ACICG, Roberto Oshiro, afirma que voltará a questionar o Governo do Estado para entender porque as reivindicações não foram atendidas.

“Estamos mobilizados contra esse projeto com o texto original, pois prejudica as empresas do Estado e o cidadão. A concorrência é necessária, beneficia o usuário e melhora o serviço. Estamos lutando pela liberdade econômica e liberdade de escolha do usuários, que da forma como o Governo propõe, fica sem alternativas”, disse.

De acordo com a ACICG, o texto atual do PL 192/2022 beneficia apenas as grandes empresas que dominam o mercado há décadas com má qualidade dos serviços e altos custos para o cidadão. Também afirma que o Estado passou décadas inerte em atender às exigências legais e realizar licitações transparentes em linhas que estão sendo exploradas ilegalmente “por empresas escolhidas sem qualquer respeito às normas vigentes”.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) já declarou que vai manter o PL como está. “Não tem o porquê retirar, até porque aquilo ali é para modernizar o transporte”, pontuou, frisando que ‘existe uma grande confusão' sobre a matéria.