Foi no momento em que o sinal passava do amarelo para o vermelho que o promotor de vendas Felipe Garcia Lima, de 22 anos, avistou um casal com uma de colo no cruzamento da avenida com a Mato Grosso, em , nessa quinta-feira (31). O caminho já faz parte da sua rota, mas, desta vez, a cena da família o fez parar a moto e fazer um gesto solidário, gerando comoção e buzinaço de motoristas que estavam no local. 

“Eu estava passando no semáforo e simplesmente me coloquei no lugar deles. Queria ajudar com muito mais, com algum dinheiro na verdade, só que não tinha naquele momento. E eu vi que eles estavam sem agasalho, sem nada e aí eu fiz o mínimo que eu podia ter feito, que qualquer pessoa poderia ter feito. Entreguei o casaco e queria que aquilo gerasse uma corrente do bem, pois, alguém poderia ter mais condições de ajudar naquele momento”, comentou Felipe. 

Atuante na igreja, no Caiobá, o jovem fala que apenas seguiu um dos mandamentos cristãos e jamais imaginava essa repercussão. “Foi algo rápido ali, em questão de 2 a 3 minutos eu entreguei o casaco e conversei com eles. Orei e pedi a Deus para abrir as portas dele. Vi que era um pai e pensei que poderia ser eu com a minha esposa e filha ali naquele momento. Nem agasalho eles tinham e estava , então, pedi a Deus para tirar eles daquela situação”, alegou. 

De acordo com Felipe, muitas pessoas falam palavras bonitas, convincentes, mas, são os gestos que realmente levam outras pessoas a fazerem o mesmo. “Eu senti. Deus falou comigo naquele momento. Foi uma ordem e eu obedeci. Já tinha avistado eles e fiz isso de coração. Até voltei depois, pensei em levar mais algum dinheiro para eles, só que não encontrei mais ninguém ali no cruzamento”, finalizou.

Nesta sexta-feira (1°) a equipe do Midiamax retornou para conversar com o casal, porém, eles não estavam no local.

Entenda o caso

Um funcionário público fotografou o momento em que o motociclista estacionou e entregou o próprio casaco. Durante a tarde, Campo Grande já estava com temperatura amena e o casal não vestia casaco, com exceção da criança. Ambos tinham um cartaz de papelão com alguma frase de pedido e aparentemente vendiam balas.

“Passo constantemente por ali por causa da escola do meu filho, sempre tem casal de venezuelanos, pedintes. Estava na pista do meio, parei bem em frente ao semáforo, antes da faixa de pedestre”, disse o funcionário público estadual, Gilberto Ferreira Gonçalves, de 58 anos, conhecido como “Beto”.

Beto conta que o motociclista então estacionou a moto, atravessou a pista pela faixa de pedestre e entregou o agasalho ao casal que estava no canteiro. “Ele estava dando a blusa dele, aí eu pensei, vou fotografar. Depois que ele entregou, os motoristas começaram a buzinar, ele ficou todo constrangido e foi em direção à sua moto. Nesse mundo atual, isso prova que ainda há esperanças”, diz.