Os últimos sete dias de registros da covid estão sendo primordiais, tanto para a SES (Secretaria de Estado de Saúde) como a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) definirem novas regras de combate à doença, em Mato Grosso do Sul. Entre as discussões está a desobrigação do uso de máscaras, agora em locais fechados. 

Em uma semana, de acordo com o boletim epidemiológico da SES, as internações caíram 45%, a média móvel e o número de mortes também caíram substancialmente. 

Com a discussão em andamento, envolvendo autoridades médicas e a população, o Jornal Midiamax ouviu pessoas de diversos setores e a maioria diz ser favorável à liberação do uso de máscaras. Para todos, a pergunta foi a mesma: Você acha que deve liberar ou não o uso de máscaras? 

A depiladora Jenifer Laranjeira, de 34 anos, trabalha em um salão na região central de Campo Grande e também atende em domicílio. Sem medo algum, ela diz que o uso da máscara deve ser liberado. “Já chegamos ao alto percentual de vacinados aqui e acho que deve ser liberado. Acredito que quem não tomou vacina ou tenha alguma comorbidade deve se proteger, mas, o restante não deve ser obrigado a usar não”, afirmou. 

Empresário e presidente da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, diz que “está na hora de liberar”. “Penso que estamos no limite. Durante este longo período cumprimos tudo o que nos foi imposto. Adotamos todas as orientações. Agora que chegamos em um índice de redução, como estamos vivendo, é chegada a hora de aliviar o nosso povo. Isso não impede que todos que quiserem continuar adotando façam isso.  A nossa liberdade precisa ser devolvida em sua plenitude. Uma das principais perdas que sofremos foi a liberdade”, avaliou.

A delegada titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente), Fernanda Félix, comentou ser favorável à retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras. Diariamente, ela atende centenas de pessoas na delegacia, de crianças a adultos. “Nós já estamos com a terceira dose em andamento. Eu acho que pode ser retirada sim a obrigatoriedade”, disse.

A secretária administrativa Selma Batista de Carvalho, de 55 anos, alegou que, na maioria dos lugares, a sensação é que não é necessário mais usar máscaras. “São muito poucos os lugares que vamos e está usando máscara. Só vejo mais em supermercados e hospitais. De resto, em lanchonete e outros locais, não há quase ninguém mais usando. Acho que cada um precisa se precaver da maneira que acha necessário e aí devem liberar logo”, argumentou. 

A bacharel em Direito e empresária, Danielle Soares de Souza, de 40 anos, é proprietária de um salão de beleza. Ela também disse ser favorável à retirada da obrigatoriedade do uso das máscaras. “Acho que já pode liberar, pois já temos uma grande porcentagem de pessoas já vacinadas. E não acho que o foco é no dia a dia, no comércio, mas, sim em grandes aglomerações como bailes, boates e shows, onde as pessoas ficam muito próximas e, por conta do álcool, se abraçam mais”, comentou.

Nas redes sociais, a discussão também foi “aflorada”. Ao falar sobre o assunto, a internauta Elizabeth Matida disse: “Não concordo [em não usar máscara], por isso uso e vou usar até que não tenha mais risco. Eu me cuido e também aqueles que estão comigo e no meu trabalho. Quem quer usa, quem não quer que se cuida”, postou.

Governo prepara regras para fim do uso de máscara em lugares fechados

Nos próximos dias, o governo deve enviar um documento com recomendações a serem encaminhadas ao Comitê do Prosseguir (Programa de Segurança da Economia e da Saúde), entre elas a flexibilização do uso de máscaras, agora em locais fechados.

“Estamos tomando algumas medidas e elaborando um documento para encaminhar ao Comitê do Prosseguir. São recomendações que entendemos que, neste momento, são válidas. Alguns estados, por exemplo, acham precoce a retirada de máscaras, enquanto outros já tomaram decisões. Nós já abolimos em locais abertos e agora discutimos as medidas em locais fechados”, afirmou o secretário. 

Prefeitura de Campo Grande faz reunião 

Nesta quarta-feira (9), uma reunião da prefeitura pode definir o fim do uso de máscaras em Campo Grande, adotado desde 2020 por causa da pandemia da Covid-19. Segundo o prefeito Marquinhos Trad (PSD), a decisão será em conjunto com Ministério Público, Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), Consórcio Guaicurus, entre outros. O encontro está marcado para 15h30 de quarta-feira, no gabinete do prefeito. 

“[A reunião] é para que a gente possa delimitar se é necessário e oportuno nesse momento retirar as máscaras ou começarmos flexibilizando em alguns lugares”, afirmou o prefeito.

MS caminha para endemia

Já Mato Grosso do Sul atingiu mais de 90% da meta vacinável na última semana de fevereiro deste ano e caminha para tratar a Covid-19 como uma doença endêmica, algo que inclusive já é discutido em outros estados brasileiros e países do exterior. Atualmente, o novo coronavírus é considerado uma pandemia, quando a doença é encontrada em mais de um continente, com transmissão comunitária. 

Rio de Janeiro retirou obrigatoriedade das máscaras

Nesta terça-feira (8), um dia após a prefeitura do Rio de Janeiro se reunir com o comitê científico, foi definida a desobrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados. Com isso, o Rio se tornou a primeira capital do país a tomar a medida. O decreto foi publicado pelo prefeito Eduardo Paes.