A Santa Casa de possui um déficit acumulado de R$ 350 milhões, supostamente causado pela falta de recursos públicos provenientes do Ministério da Saúde. Apenas em 2021, o déficit registrado foi de R$ 86 milhões, o que deixaria o hospital em iminente risco de “sucumbir”.

Os números constam em documento assinado pelo ex-auditor do (Tribunal de Contas de MS) e Sócio da Empresa Previsa, Antônio Elias Morais. Segundo ele, o atual cenário exemplifica a falta de recursos públicos para suprir despesas e até mesmo um planejamento financeiro e de fluxo de caixa capaz de promover ao longo dos anos a amortização deste saldo devedor.

O relatório contábil traz que o maior hospital de MS teve gastos avaliados em R$ 37.466.473,99 e receita de R$ 34.850.762,59, do qual R$ 28.240.860,43 foram repasses do SUS. Assim, apontam um déficit mensal de R$ 2.615.711,40. Entretanto, não são especificados quais gastos foram destinados para pacientes provenientes da rede pública de saúde.

Antônio Elias Morais explica que os repasses estão defasados, pois a tabela SUS não é reajustada por parte do Ministério da Saúde desde 2006. “Nesta condição é difícil equilibrar as contas e podemos afirmar e podemos afirmar que a Santa Casa jamais será superavitária”, comentou.

Outro fator citado pelo ex-auditor é de que o Município de Campo Grande possui um teto financeiro do SUS para a média e alta complexidade abaixo da necessidade para equilibrar as contas do hospital. Com a soma dos fatores, o especialista afirma que, diante de tantas dívidas, a Santa Casa pode “sucumbir a qualquer momento”.

Vale lembrar que o presidente da Santa Casa de Campo Grande, Heitor Rodrigues Freire, esteve em no início do mês para conversar com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Durante as conversas, o déficit apresentado pelo hospital foi discutido.

Freire pediu mudança no modelo e tabela de remuneração, principalmente porque a Santa Casa se tornou referência em procedimentos de média e alta complexidade. Ao Jornal Midiamax, o diretor de estratégia e negócios da Santa Casa de Campo Grande, João Carlos Marchezan, afirma que as negociações não avançaram de forma direta.

“O ministério diz estar ciente do déficit e também diz estar alterando a forma de financiamento, que deve ser baseada em DRG. Todavia, não nos animamos muito com isso. Também nos prometeram que enviariam o diretor de assistência hospitalar para acompanhar nossa contra atualização, que ocorre em junho, para melhorar as condições do hospital perante outros hospitais”, comentou.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde questionando os repasses alegados pela Santa Casa e mudanças definidas após a reunião entre presidente do hospital e ministro, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Reunião com Queiroga

A reunião entre Freire e Queiroga ocorreu no último dia 5 de março, em Brasília. Além dele, outros representantes do hospital e os deputados federais Dr. (MS) e (PR) foram para a agenda.

A principal reivindicação foi a tabela do SUS, mas também foi pedido mudança do modelo e tabela de remuneração. A Cebas (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), uma parceria entre educação e saúde, também foi um dos pedidos especiais ao ministro.

Deputado se disponibilizou a dialogar com ministro

Durante a visita, Queiroga recebeu convite para conhecer o hospital e também ajudar no processo de estruturação da contratualização do hospital. Conforme a assessoria de imprensa do hospital, todos os assuntos protocolados serão acompanhados pelo deputado federal Dr. Luiz Ovando, que se disponibilizou a dialogar com o ministro e cobrar o que for preciso.

Na ocasião, o ministro da saúde, Marcelo Queiroga, disse que é necessário ser feita uma reforma no sistema de saúde, melhorando a remuneração de hospitais que realmente atendem a população, como é o caso da Santa Casa de Campo Grande.