Os serviços prestados pelo Consórcio Guaicurus são alvos de constantes reclamações pelos passageiros. E tudo começa no ponto de ônibus, que muitas vezes não tem sequer cobertura e deixa a população sob chuva ou forte sol. Diante disso, o jeito é improvisar.
![Com pontos descobertos, passageiros improvisam proteção para esperar ônibus em Campo Grande 2 [Colocar ALT]](/media/uploads/ponto_onibus_4.jpg)
Recentemente, viralizou nas redes sociais, imagem de um ponto em Campo Grande — na Avenida Mascarenhas de Moraes — com um guarda-chuva amarrado ao poste, ilustrando uma 'gambiarra' para que os usuários não se molhem com a chuva. A foto não é recente, já que o local recebeu um ponto com cobertura, mas retrata o problema enfrentado pelos passageiros.
Porém, em outro ponto próximo, uma mulher estava aguardando ônibus e, apesar da cobertura a protegendo, o maior problema mesmo era a demora para embarcar na linha desejada. Zueleti Ferreira de Lima, de 55 anos, comenta que em dois anos “pegando” o ônibus no mesmo lugar, ainda não consegue falar o horário do itinerante com exatidão.
“Sempre atrasa. E é um efeito cascata, porque demora um pouco aqui, aqui perde o outro no terminal, quando vê atrasa mais de uma hora para chegar em casa”, comentou. No meio da conversa, os pontos descobertos foram citados, “esses são complicados, a pessoa fica no sol e quando chove ainda se molha para ir trabalhar”.

Próximo dali, outro ponto revela que o problema não se limita à chuva ou sol. Dessa vez, a vegetação já está quase tomando o local. Não havia passageiro por lá, já que parece difícil esperar em um local sem cobertura, sem sombra e cercado pela alta vegetação.
Durante o retorno, nossa equipe encontrou Luzia Maria da Conceição, de 63 anos, buscando uma pequena sombra, formada por um poste de energia, para se esconder enquanto esperava o transporte após sair do trabalho. “Estou me escondendo aqui”, brincou.
![Com pontos descobertos, passageiros improvisam proteção para esperar ônibus em Campo Grande 4 [Colocar ALT]](/media/uploads/ponto_onibus_3.jpg)
Sem opções próximas, Luzia comenta que precisa “se virar” como pode, já embarcando no mesmo local há dois anos, a idosa segurava um guarda-chuva, preparada para as mudanças climáticas. “Quando chove eu preciso virar a rua e ir no ponto lá em cima ou então usar a sombrinha, mas quando a chuva é forte leva sombrinha e passageira”, comentou de forma bem-humorada.
Levando a situação de forma descontraída, Luzia se mostra ciente das faltas de condições do transporte coletivo a credita que, um dia, a situação possa melhorar. “A gente tem esperança que um dia coloquem uma cobertura”.
A reportagem entrou em contato com o Consórcio Guaicurus, que afirmou não ser responsável pela manutenção e reforma dos pontos de ônibus em Campo Grande. Em relação aos atrasos, a empresa afirma que se tratam de situações esporádicas e podem ocorrer por situações das vias, obras e outros fatores. Ao Jornal Midiamax, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, explica que, em casos de atrasos recorrentes, é preciso a denúncia da população para que a rota seja avaliada.
"Às vezes, pode ser que tenham instalado semáforos, uma escola tenha sido inaugurada, são vários fatores que podem atrasar uma rota. Com as denúncias, a gente pode avaliar e aplicar mudanças", comentou.
A Agetran (Agência Municipal de Trânsito) foi procurada pela reportagem para se manifestar sobre a situação dos pontos, mas as solicitações não foram respondidas até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para posicionamento.
Incentivos ao Consórcio Guaicurus
A prefeitura de Campo Grande sancionou nesta quinta-feira (10) leis que beneficiam o Consórcio Guaicurus, concessionária do transporte coletivo, com isenção e remissão do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e aporte no valor de R$ 1 milhão por mês. Estas medidas foram apresentadas sob justificativa da manutenção da tarifa de ônibus em R$ 4,40.
A primeira lei isenta o ISSQN às empresas de ônibus do transporte coletivo neste ano e também perdoa dívida de 2021, quando o imposto era cobrado, mas não foi pago.
Já de acordo com a segunda lei, serão destinados até R$ 12 milhões por ano, que serão pagos em parcelas mensais de R$ 1 milhão, por meio de 'prévia celebração de termos aditivos ao contrato de concessão'.