Com pontos descobertos, passageiros improvisam proteção para esperar ônibus em Campo Grande

Em alguns locais, postes de energia se tornam pontos de sombra para aguardar o embarque

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Luzia buscava uma pequena sombra formada por um poste de energia para se proteger do sol
Luzia buscava uma pequena sombra formada por um poste de energia para se proteger do sol

Os serviços prestados pelo Consórcio Guaicurus são alvos de constantes reclamações pelos passageiros. E tudo começa no ponto de ônibus, que muitas vezes não tem sequer cobertura e deixa a população sob chuva ou forte sol. Diante disso, o jeito é improvisar.

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(Foto: Reprodução/Redes socais)

Recentemente, viralizou nas redes sociais, imagem de um ponto em Campo Grande — na Avenida Mascarenhas de Moraes — com um guarda-chuva amarrado ao poste, ilustrando uma ‘gambiarra’ para que os usuários não se molhem com a chuva. A foto não é recente, já que o local recebeu um ponto com cobertura, mas retrata o problema enfrentado pelos passageiros.

Porém, em outro ponto próximo, uma mulher estava aguardando ônibus e, apesar da cobertura a protegendo, o maior problema mesmo era a demora para embarcar na linha desejada. Zueleti Ferreira de Lima, de 55 anos, comenta que em dois anos “pegando” o ônibus no mesmo lugar, ainda não consegue falar o horário do itinerante com exatidão.

“Sempre atrasa. E é um efeito cascata, porque demora um pouco aqui, aqui perde o outro no terminal, quando vê atrasa mais de uma hora para chegar em casa”, comentou. No meio da conversa, os pontos descobertos foram citados, “esses são complicados, a pessoa fica no sol e quando chove ainda se molha para ir trabalhar”.

Ponto está envolto de vegetação. (Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

Próximo dali, outro ponto revela que o problema não se limita à chuva ou sol. Dessa vez, a vegetação já está quase tomando o local. Não havia passageiro por lá, já que parece difícil esperar em um local sem cobertura, sem sombra e cercado pela alta vegetação.

Durante o retorno, nossa equipe encontrou Luzia Maria da Conceição, de 63 anos, buscando uma pequena sombra, formada por um poste de energia, para se esconder enquanto esperava o transporte após sair do trabalho. “Estou me escondendo aqui”, brincou.

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Luzia embarca há dois anos no mesmo local e não viu mudanças. (Foto: Henrique Arakaki/Midiamax)

Sem opções próximas, Luzia comenta que precisa “se virar” como pode, já embarcando no mesmo local há dois anos, a idosa segurava um guarda-chuva, preparada para as mudanças climáticas. “Quando chove eu preciso virar a rua e ir no ponto lá em cima ou então usar a sombrinha, mas quando a chuva é forte leva sombrinha e passageira”, comentou de forma bem-humorada.

Levando a situação de forma descontraída, Luzia se mostra ciente das faltas de condições do transporte coletivo a credita que, um dia, a situação possa melhorar. “A gente tem esperança que um dia coloquem uma cobertura”.

A reportagem entrou em contato com o Consórcio Guaicurus, que afirmou não ser responsável pela manutenção e reforma dos pontos de ônibus em Campo Grande. Em relação aos atrasos, a empresa afirma que se tratam de situações esporádicas e podem ocorrer por situações das vias, obras e outros fatores. Ao Jornal Midiamax, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, explica que, em casos de atrasos recorrentes, é preciso a denúncia da população para que a rota seja avaliada.

“Às vezes, pode ser que tenham instalado semáforos, uma escola tenha sido inaugurada, são vários fatores que podem atrasar uma rota. Com as denúncias, a gente pode avaliar e aplicar mudanças”, comentou.

A Agetran (Agência Municipal de Trânsito) foi procurada pela reportagem para se manifestar sobre a situação dos pontos, mas as solicitações não foram respondidas até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para posicionamento.

Incentivos ao Consórcio Guaicurus

A prefeitura de Campo Grande sancionou nesta quinta-feira (10) leis que beneficiam o Consórcio Guaicurus, concessionária do transporte coletivo, com isenção e remissão do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e aporte no valor de R$ 1 milhão por mês. Estas medidas foram apresentadas sob justificativa da manutenção da tarifa de ônibus em R$ 4,40.

A primeira lei isenta o ISSQN às empresas de ônibus do transporte coletivo neste ano e também perdoa dívida de 2021, quando o imposto era cobrado, mas não foi pago. 

Já de acordo com a segunda lei, serão destinados até R$ 12 milhões por ano, que serão pagos em parcelas mensais de R$ 1 milhão, por meio de ‘prévia celebração de termos aditivos ao contrato de concessão’.

 

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