Uma manhã comum de fim de semana – com ruas limpas, pouco movimentadas e com quase ninguém pelo Centro – é a crônica possível deste domingo (27) de carnaval na região central de Campo Grande. O constraste é claro com as manhãs carnavalescas de antes da pandemia, que deixavam claros os vestígios de uma madrugada de diversão, seja pelo rastro de confete e serpentina, pelas “sobras” de fantasias no chão ou pelas multidões que seguiam para suas casas ao nascer do sol.

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No antigo epicentro da folia, monumento está cercado por tapumes | Foto: Marcos Ermínio | Midiamax

No Centro, apenas o monumento da Maria Fumaça, que fica no cruzamento da Avenida Calógeras com Mato Grosso – principal epicentro da festa popular em Campo Grande – em alguma coisa lembrava os tempos de folia. Isso porque o local está protegido por tapumes, provavelmente, a fim de prevenir depredação ou vandalismo, como, de fato, ocorrera em tempos anteriores.

O Jornal Midiamax passou também pela Avenida Fernando Correia da Costa, onde a Prefeitura costumava realizar folia carnavalesca à noite. Lá, somente o movimento dos carros rompiam o silêncio de um domingo de manhã comum. A reportagem encontrou vestígios da folia apenas na região da Tamandaré – mesmo assim, de forma discreta.

Naquelas imediações, uma casa de shows realizou baile particular, permitido pela Prefeitura com lotação de até 70% da capacidade total. Com os ônibus em regime especial neste domingo, não houve carro suficiente nos aplicativos de carona e, por isso, os pontos de embarque do transporte público ainda reuniam alguns dos foliões que resistiram até o sol nascer. Alguns ainda optaram por caminhar longa distância, com caixa térmica na mão, lembrando, meio de longe, a disposição que pairava sobre o brasileiro nos quatro dias de festa.

Jovem adormeceu na calçada, lembrando os excessos permitidos em tempos de carnaval sem pandemia | Foto: Marcos Ermínio | Midiamax

 

Assim será, a propósito, o carnaval de 2022 na cidade. Bailes particulares com foliões confinados em espaços abertos, mas murados, mediante cobrança de ingresso. Apesar da faísca que lembra o festejo, seja pelas músicas que tocam ou pelos adereços dos foliões, a dinâmica é a mesma de um feriadão qualquer.

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Carnaval sem Uber: resistentes aguardam ônibus em regime especial num ponto de ônibus na Tamandaré | Foto: Marcos Ermínio | Midiamax

Um momento, porém,  foi familiar, quando um jovem foi visto adormecido numa calçada na Avenida Tamandaré. O repórter vê a cena e se vê incapaz de julgar. E pensa, também, que a ausência do carnaval do jeito que se conhece, tão entranhado nas vísceras do brasileiro, é uma dor difícil de entender, ainda mais de explicar.

Nada diferente de um domingo comum pela cidade após o primeiro dia de um festejo reprimido pela pandemia de um vírus que matou mais de 600 mil no Brasil e que, apenas em Mato Grosso do Sul, infectou cerca de meio milhão de pessoas. Como será, portanto, quando as coisas voltarem ao normal? (Colaborou Marcos Tenório).