Choque é acionado para desocupar retomada indígena no Laranjeira Nhanderu em MS

Estrondos e tiros são ouvidos da rodovia, que está interditada pela PRF

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PRF interditou a BR-163 no KM 308; estrondos são ouvidos do local
PRF interditou a BR-163 no KM 308; estrondos são ouvidos do local

Equipes do batalhão de Choque da Polícia Militar em Campo Grande estão se deslocando até Rio Brilhante, a 161 quilômetros de Campo Grande, para acompanhar a situação tensa na região após indígenas guarani e kaiowá de Laranjeira Nhanderu concretizarem a retomada de uma nova parte do território reivindicado como ancestral, localizada a fazenda Inho, na madrugada deste sábado (26).

Polícia Militar e a Polícia Civil estão no local do conflito, no quilômetro 308 entre Douradina e Rio Brilhante. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) interditou a rodovia a um quilômetro da região do confronto, de onde é possível ouvir estrondos e barulhos, possivelmente de tiros. Segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), os indígenas afirmam que a retomada é uma reação à iniciativa de políticos e agentes de sindicatos locais que pretendem estabelecer um assentamento rural dentro da área reivindicada e em processo de identificação como terra de ocupação tradicional indígena.

Já de acordo com os proprietários da área, os índios teriam entrado ‘armados e encapuzados’ para render funcionários da Fazenda Santo Antônio nesta madrugada. Por isso, eles teriam acionado a polícia. A PRF interditou um dos sentidos da BR-163 por volta das 15h deste sábado para evitar passagem de veículos pelo local. Às 16h, foi liberado o sentido Rio Brilhante a Dourados.

Situação tensa

As lideranças relatam que a situação, na manhã deste sábado, estava tensa e que os guarani e kaiowá estão sendo ameaçados pelos e fazendeiros que se encontram no local. Os indígenas também relatam que decidiram iniciar o processo de retomada depois de receberem a informação de que famílias cadastradas para o novo assentamento ocupariam a área da fazenda neste final de semana, com a intenção de pressionar o Estado para agilizar a concessão de crédito fundiário.

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Local da ocupação dos indígenas em Rio Brilhante

“Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”, disse uma liderança do tekoha à aquipe do CIMI não identificada por razões de segurança.

Assentamento ilegal

Há meses, os indígenas de Laranjeira Nhanderu vêm denunciando a iniciativa ilegal de criação de um assentamento dentro dos limites de sua área ancestral, justamente em fazendas que compõem a área reivindicada como de ocupação tradicional e incluída no estudo antropológico para a demarcação do território.

O território

tekoha Laranjeira Nhanderu aguarda a conclusão dos estudos demarcatórios e foi incluído no TAC (Termo de Ajustamento e Conduta) firmado entre MPF e Funai em 2007, que estabeleceu um plano de estudos para a demarcação de terras indígenas Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. O território de Laranjeira Nhanderu está incluído nos estudos da TI (Terra Indígena) Brilhantepegua, ainda em processo de identificação e delimitação.

 

 

 

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John Ashley, Observatório Nacional