#CG123: Tem solução? O raio-x das principais reclamações dos moradores de Campo Grande
Confira a lista com o que mais tira o sono dos campo-grandenses
Mariane Chianezi –
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Campo Grande, a nossa querida Capital Morena, está prestes a completar os seus 123 anos de criação. Arborizada, com lindo pôr do sol, parques, uma capital tranquila para se morar, uma rica fauna para se observar, dentre outros pontos positivos. Mas não é ‘só de flores’ que vive Campo Grande. Pelo menos conforme os moradores de bairros mais afastados, que contam sobre os problemas a serem solucionados, como o tradicional pedido de asfalto em ruas ‘de chão’, melhoria no atendimento à saúde e uma das principais reclamações: o transporte público.
Um dos bairros que pouco teve desenvolvimento e investimento do poder público nos últimos anos, no São Conrado e Santa Emília as reclamações estão na ponta da língua dos moradores. “Pagamos os nossos impostos certinho para o Município, mas cadê o asfalto e melhor iluminação pública aqui? Não tem. Santa Emília é um bairro esquecido, infelizmente”, reclamou Claudete Gomes, de 46 anos.
Saindo das compras em um supermercado no São Conrado, Katuice Nunes, de 34 anos, disse que a reclamação da aniversariante centenária, Campo Grande, é a falta de asfalto, esgoto e também escolas. “Tem muita coisa que daria para reclamar, principalmente a gente que mora nesses bairros menos favorecidos. Falta asfaltar as ruas para a gente parar de sofrer com esse poeirão, falta rede de esgoto e também precisa de mais escolas”, reclama.
Que os postes de energia elétrica são alvos constantes de furtos de fio de cobre na Capital, não é novidade. Coibir a compra e venda desses materiais já foi até alvo de operação policial neste ano e, quando esses furtos ocorrem, os moradores é que sofrem com a falta de iluminação nas noites.
Edmarcia Miranda, de 44 anos, mora no Bairro Buriti e disse que à noite é muito perigoso sair de casa devido à completa escuridão que frequentemente está a rua. “Eles [moradores de rua] furtam os fios e acaba com a luz dos postes, a gente vive trancado e com medo dentro de casa porque não sabe o que pode acontecer. Demoram para arrumar e, quando arrumam, eles vêm e furtam de novo. Cadê o policiamento?”, questiona a mulher.
Em poucas abordagens, a reportagem já tinha o campeão de reclamações. Ele: o asfalto. Ou a falta dele. No Bairro Tijuca não é diferente. Ivonete Santos Franco, de 53 anos, afirma que a rua de chão batido é a maior dor de cabeça para quem vive em via sem asfalto.
“Quando chove, é uma lama e uma enxurrada sem fim. Quando está calor, é uma poeira. Ou seja, de um jeito ou de outro são os moradores que sofrem. Tinham que olhar mais por nós”, relata. Ela reclama também dos atendimentos nas unidades de saúde. “Demora muito, tem pouco médico e pouca vontade de atender”.
Sentado e tranquilo vendendo seus títulos de capitalização, Gilberto o Nascimento, de 65 anos, pontua as mesmas reclamações que Ivonete. “Demora demais os atendimentos nos posto de saúde. Das vezes que fui, fiquei plantado em uma cadeira. Eu sei que não é fácil, mas não vemos esforço em melhorar. Falta esgoto por aqui também”, se referindo ao bairro Santa Emília.
Não podia faltar a cereja do bolo: o transporte público. Não é de hoje que o Jornal Midiamax acompanha e investiga os assuntos acerca do transporte coletivo da Capital. Ao longo dos anos, foram centenas de matérias sobre a qualidade do transporte coletivo na Capital, as reclamações dos usuários e sobre as denúncias de direcionamento da licitação.
Assim como as denúncias diárias e reclamações que o Midiamax recebe, Maria de Lourdes, de 36 anos, só reforçou as ponderações. “Além do asfalto, que precisa mesmo aqui na região, tinha que melhorar o transporte público. Poucos ônibus, atrasam, sempre cheios, velhos. E a passagem é caríssima. Minha filha pega ônibus de madrugada para ir para a faculdade, que fica uns 10 km de casa, demora duas horas para chegar lá e mais duas horas para voltar para casa. Isso não existe, gente”, comentou.
Reclamações têm solução?
Diante das queixas apontadas, o Jornal Midiamax questionou a Prefeitura Municipal sobre as soluções para os problemas indicados. Afinal, como se resolveriam as queixas?
Infraestrutura e pavimentação
Principal reclamação dos moradores, o asfalto foi o primeiro questionamento. A Prefeitura Municipal informou que Campo Grande tem hoje uma malha viária pavimentada de 2.500 km. E resta asfaltar aproximadamente 800 km o que exigiria um investimento de R$ 2,5 bilhões.
“Nos últimos 6 anos a Prefeitura entregou aproximadamente 500 km de asfalto e, até 2024, o planejamento é fazer mais 250 km. Está na programação asfalto no Nova Lima, Ramez Tebet, North Park, Lagoa Itatiaia, Mansur, Nashiville, Nasser, Oliveira, Monte Alegre e Centenário”, disse.
A respeito dos bairros São Conrado e Santa Emília, foi informado que foram contratados projetos executivos para asfalto, com previsão de se investir mais de R$ 100 milhões em infraestrutura. No entanto, não há data específica para a pavimentação.
Saúde
Sobre outra reclamação dos moradores, o atendimento nas unidades de saúde, a prefeitura ponderou vários indicativos. Nos últimos anos, foram convocados mais de 1.400 profissionais da Saúde aprovados em concurso público, sendo cerca de 300 médicos, entre especialistas, clínicos e plantonistas, para reforçar o atendimento nas unidades.
“O cadastro de contratação temporária de médicos se mantém aberto e são periodicamente convocados novos profissionais. Além do reforço no quadro funcional, a Prefeitura tem realizado uma adequação no fluxo de atendimento visando dar mais qualidade na assistência prestada à população, bem como investido na infraestrutura, manutenção dos serviços, aquisição de medicamentos, materiais e insumos”, disse.
Sobre novas unidades de saúde, foi dito que nos últimos cinco anos, nove novas unidades de saúde foram inauguradas, ampliando o acesso e beneficiando mais de 400 mil pessoas com atendimento mais próximo e de qualidade. Neste período, três Clínicas da Família (modelo no atendimento na Atenção Primária) foram inauguradas e mais de 40 unidades básicas e de saúde da família foram reformadas.
“Campo Grande implementou a maior residência médica e multiprofissional em saúde da família do Centro-Oeste e a segunda maior do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Foram mais de 300 especialistas formados até o momento. Tais avanços fizeram com que Campo Grande saísse da última para a sexta colocação em cobertura de Saúde da Família entre as 27 capitais”, disse prefeitura.
Há previsto para esse ano a inauguração da USF Santa Emília, aguardada há mais de 30 anos pelos moradores da região. Para os próximos dois anos há previsão de abertura de mais duas novas unidades – nos bairros Presidente e Perdizes. Todas as UPAs e CRSs serão reformadas, assim como o Centro de Especialidades Médicas (CEM) e pelo menos outras 20 unidades.
Iluminação
Sobre iluminação, a prefeitura pontuou que até 2024 toda a cidade será iluminada com lâmpadas de LED. “Nos últimos 6 anos a Prefeitura instalou 87 mil luminárias de LED. Há um trabalho permanente para inibir as ações de vandalismo em toda cidade”, disse em relação aos furtos de fio de cobre dos postes.
“Em 2017, a administração municipal encontrou 4 mil lâmpadas de LED instaladas e outras 16 mil luminárias estocadas. As 4 mil lâmpadas instaladas correspondiam a 3,6% da iluminação pública da cidade. Hoje 75% da iluminação pública da cidade é de LED”, disse em nota.
Novas escolas
Sobre novas escolas, não foi especificado sobre abertura de novos prédios, mas a prefeitura disse que tem se empenhado para melhorar as vagas aos estudantes. “Nos últimos seis anos, a Prefeitura ampliou a oferta de vagas na rede municipal de ensino. Na Educação Infantil foram abertas 4.430 vagas e 244 novas turmas do Ensino Fundamental. Está no planejamento dos próximos dois anos a entrega de mais duas escolas de Ensino Fundamental e 6 de Educação Infantil”, pontua.
Segurança
Sobre a segurança pública, a prefeitura explicou que é um serviço que por preceito constitucional é obrigação do Governo do Estado oferecer, mas disse que tem se empenhado para capacitar e equipar a Guarda Civil Metropolitana para atuar, de forma subsidiária, para inibir a criminalidade e proteger a população.
“Apenas neste ano, a Prefeitura já inaugurou três Núcleos Operacionais da Guarda Civil Metropolitana. A primeira foi em abril, no Indubrasil, a segunda foi dia 26 de julho na Escola Agrícola Governador Arnaldo Estevão Figueiredo e a terceira no último sábado, na região do Anhanduizinho. Desde 2017, a atual gestão administrativa investiu massivamente na Guarda Civil Metropolitana. O resultado é que Campo Grande foi eleita, no ano de 2021, em primeiro lugar como a cidade de grande porte mais segura do país pelo Ranking Connected Smart Cities”, disse em nota.
Um projeto importante pontuado pela Prefeitura, foi a aprovação no ano de 2019 do Plano de Cargos, Carreira e salários da Guarda Civil Metropolitana, por meio da Lei Complementar 358/19, de autoria do Executivo Municipal, que regulamenta as atividades, bem como transforma os cargos efetivos.
“A lei prevê critérios de promoções horizontais e verticais, que envolve, principalmente, tempo de serviço e nível de graduação, com remuneração que pode chegar a mais de R$ 14 mil. Para este ano, a Prefeitura tem planejada a execução de novos projetos de valorização profissional para os servidores da segurança pública que vão desde investimentos na melhoria em estrutura e ferramentas de trabalho, ao próprio recurso humano, como o já citado concurso”, pontuou.
Para equipar a guarda municipal, foram adquiridas munições, 140 coletes balísticos, rádios portáteis de comunicação.
“Neste ano, a Prefeitura aderiu ao Sistema Sinesp-CAD – a ferramenta do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) oferece uma solução de suporte, que permite a integração do atendimento de forças de segurança, possibilitando a gestão de recursos e diminuindo o tempo de resposta nas ocorrências. O sistema está presente em 22 estados e no Distrito Federal. Campo Grande foi a primeira capital do Centro-Oeste a celebrar o termo de cooperação técnica”.
Transporte público
Sobre uma das principais reclamações diárias do campo-grandense, a prefeitura disse ser um serviço que enfrenta dificuldades em todo país. “Graves problemas estruturais, principalmente devido ao modelo de remuneração baseado na tarifa cobrada dos usuários pagantes, cada vez mais escassos, bem como por causa do aumento dos preços dos insumos do setor”.
Em nota, a prefeitura afirma que o objetivo é garantir a continuidade da prestação do serviço, por meio da isenção do ISSQN; separação entre tarifa pública (valor cobrado dos usuários) e tarifa remuneratória (valor necessário para cobrir os custos da prestação do serviço); subvenções econômicas (subsídios as gratuidades estudantis, deficientes e seus acompanhantes e idosos); entre outras medidas para estancar o ferimento do setor.
“Todas estas medidas foram suficientes para garantir a sobrevivência do sistema municipal de transporte coletivo urbano, de maneira que neste momento estão sendo analisadas medidas para recuperação do sistema, ou seja, para solucionar os problemas estruturais – Reimaginar o Transporte Coletivo, desde o modelo de remuneração à integração física, temporal e tarifária, a fim de viabilizar futuramente redes multimodais, implantação de infraestruturas, aquisição de frotas e uma operação mais coordenada e eficiente”, afirma.
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