Com novo surto de covid no Brasil, o setor de bares e restaurantes foi afetado e sofreu com até 20% da mão-de-obra afastada por contaminação do coronavírus ou por em Mato Grosso do Sul, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). A nível nacional, levantamento feito pela entidade em janeiro, com mais de 1300 empresários, apontou que 76% dos estabelecimentos contabilizaram pelo menos um afastamento por conta de um destes dois vírus. 

De acordo com a Abrasel-MS, alguns empresários têm relatado afastamentos, mas não há um recorte dos dados específico para Mato Grosso do Sul. Mas pelos relatos locais, percebe-se que ocorreram até 20% de afastamentos por sintomas gripais.

Conforme a entidade, alguns dos empresários do setor afirmaram que os afastamentos não afetaram o atendimento, e outros optaram por reduzir o período de atendimento no salão. Mas de maneira geral, os afastamentos causam uma sobrecarga da equipe que permanece trabalhando, o que aumenta a busca por mão de obra temporária, a fim suprir as faltas.

Na questão financeira, a Abrasel – MS afirmou que houve um aquecimento do setor, especialmente no fim do ano, onde as pessoas estavam ávidas por sair de casa e voltar a frequentar os estabelecimentos, porém, bares e restaurantes ainda estão longe de recuperar o prejuízo acumulado durante 2020 e 2021.

Por fim o presidente da associação, Juliano Wertheimer, enxerga o ano de 2022 com otimismo e precaução. “O setor vê 2022 com otimismo, mas cautela por ser um ano eleitoral. Historicamente são períodos de retração do setor. Por outro lado, há uma demanda reprimida de consumo devido ao longo período de restrições. Assim, esperamos o melhor, mas também nos preparamos para as incertezas. A entidade tem atuado para auxiliar na recuperação do setor, buscando parcerias, uma delas com o Senac, para suprir a falta da mão de obra e oferecer alternativas para que o setor volte a sua normalidade”, disse ele.

Afastamentos e recuperação pelo Brasil

A pesquisa foi realizada pela Abrasel entre os dias 15 e 27 de janeiro, 76% dos estabelecimentos contabilizaram pelo menos um afastamento de funcionários contaminados por um destes dois vírus nos 30 dias anteriores ao levantamento. E, em média, quase um em cada quatro funcionários (24% da força de trabalho) foi afastado por neste período.

A tendência de recuperação do setor fica clara na comparação com a série histórica. Pela primeira vez desde o começo da pandemia, há mais estabelecimentos que apontaram ter obtido lucro (34%) do que os que disseram ter realizado prejuízo (31%) no período de um mês – outros 34% ficaram em equilíbrio. Para se ter uma ideia, esse indicador teve seu pior momento em março de 2021, quando 82% sinalizaram estar operando com prejuízo.

O resultado de dezembro também foi melhor que o do mesmo período de 2020: dois terços (66%) tiveram faturamento maior no fim de 2021 em comparação com o ano anterior. Já em relação a novembro de 2021, houve crescimento para 59% das empresas. No acumulado do ano, no entanto, há uma nota de preocupação: 45% dos empresários disseram ter ficado no prejuízo em 2021.

“Justamente em um período de alta procura de bares e restaurantes fomos pegos por estes afastamentos, que trouxeram muito transtorno. É uma força de trabalho que tem de ser coberta e isso pressiona mais os custos de um setor já muito endividado. No entanto, temos também o que comemorar, como a recuperação gradual do faturamento”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

Dificuldade com as contas

As dificuldades do último ano são traduzidas pelo alto endividamento. Os empréstimos via Pronampe, por exemplo, foram tomados por 51% das empresas. Destas, 20% (uma em cada cinco) já têm ao menos uma parcela em atraso – a alta da Selic, indexador do programa, fez com que os juros para quem tomou o empréstimo tivessem um aumento brutal. Tanto que 22% das empresas com empréstimos do Pronampe dizem correr risco de quebrar em função deste aumento.

Outro ponto de atenção para os bares e restaurantes são as dúvidas em relação a medidas envolvendo o Simples Nacional. Após o veto ao Relp (programa de renegociação das dívidas do Simples), e a extensão do prazo para se manter no regime fiscal, há agora a expectativa da derrubada do veto no Congresso. Enquanto isso, 48% das empresas que estão no Simples (e que, por sua vez, representam 90% dos respondentes) declararam ter parcelas em atraso. Destas, 32% já têm parcelas inscritas em dívida ativa da união e podem parcelar os débitos com os programas instituídos em janeiro.