‘Abandono é ingratidão’: cuidados com pais idosos gera debate após reportagem sobre lei em MS

O Estatuto do Idoso garante direitos para pessoas com idade igual ou superior a 60 anos

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Foto: De arquivo, Midiamax

Após reportagem sobre a legislação em torno dos cuidados e abandono de idosos, os internautas que seguem a página do Jornal Midiamax iniciaram debate. Na ocasião, uma mulher relatou na internet que uma idosa estaria abandonada em leito de hospital, apesar de ter filhos.

A postagem com a matéria sobre a lei do Estatuto do Idoso rendeu cerca de mil reações e quase 300 comentários. A maioria lamentando o abandono sofrido pela idosa e opinando sobre as questões afetivas.

Uma moradora diz que abandonar os pais idosos é ‘uma tremenda ingratidão’. “Eles cuidaram de nós, temos que no mínimo retribuir. Dar uma velhice digna a eles”, diz leitora do Midiamax.

Outra cita um ditado popular: “É aquela história: um pai cuida de 10 filhos, mas 10 filhos não cuidam de um pai”.

Diante do Estatuto do Idoso, que garante os direitos dos ‘velhinhos’ e também as punições para quem violar, morador comenta que é lamentável ser necessário ter legislação para amparar os idosos, “pois é uma obrigação dos filhos os cuidados”, pontua.

A reportagem do MidiaMAIS foi elogiada por leitora. “Muito interessante a matéria e merece ser lida com atenção, pois é algo que não deveria ser cobrado de nenhum filho, pois é nosso dever cuidar dos mesmos se necessário”, diz.

Sentimentos pendentes

Em meio aos inúmeros comentários de solidariedade, alguns leitores dizem que sentimentos pendentes com os pais podem impedir ou dificultar os cuidados durante a velhice.

“E como foi o cuidado dessa idosa com os filhos antigamente? Pode ser por isso que está sozinha”, diz morador. Outra comenta que a ausência por anos do pai a limitou a ter sentimentos de empatia para zelá-lo na velhice.

“Ele nos abandonou e voltou depois de quase 25 anos. Agora precisa de cuidados. Não é fácil”, diz.

Seis filhos, mas responsabilidade de uma só

Maria, de 68 anos, é a filha mais velha de Aparecida, de 91 anos. Apesar de também estar chegando na velhice, ela é a responsável pelos cuidados da mãe. Já debilitada, a idosa precisa de ajuda para comer, tomar banho, ir ao banheiro e até levantar da cama ou sofá. Mesmo com outros seis filhos, Aparecida recebe suporte apenas de Maria.

“Graças a Deus ela não é acamada, mas já é bem debilitada. Tenho tido forças para cuidar dela e também da minha casa, porque não tenho profissão, sou só dona de casa mesmo. Tenho outra irmã apenas e os outros quatro são filhos homens, e todos moram longe. Acabou que assumi a responsabilidade por ela”, comentou.

Maria diz que não imagina ver a mãe em um asilo ou sendo cuidada por terceiros. “Me dói o coração ver os idosos sendo deixados em asilos. Sei que as vezes é necessário, mas não teria outra alternativa? Eles precisam estar no meio familiar, cercados de amor e sentindo que são amados”, afirma.

Os filhos de Aparecida moram em outras cidades e visitam a mãe com pouca frequência. Mas conforme Maria, eles reconhecem a ausência e sempre agradecem a dedicação dela com a mãe. “Eles agradecem e enquanto não for necessária uma cuidadora, eu faço questão de estar cuidando dela eu mesma”, disse.

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