A morte da jornalista Jucyllene da Silva Castilho, de 35 anos, na tarde de terça-feira (2), levantou dúvidas sobre a trombofilia na , doença que levou a profissional a sofrer parada cardíaca e ir a óbito. A condição pode ser genética ou adquirida e é quando o sangue forma trombos, ou seja, coágulos que entopem a circulação dos vasos sanguíneos.

Especialista no assunto, Rúbia Borges Loureiro, ginecologista e obstetra, explica que o período da gravidez e o pós-parto são condições que aumentam as chances da trombose. “O estado de coagulação fica aumentado, ou seja, fácil de formar coágulos e há risco maior de uma trombose venosa profunda. Já no pós-parto, o risco é bem maior que na gestação, pois ocorre a liberação da tromboplastina, que faz com que esse estado aumente e ela fica mais propensa a ter formação de trombos”, explicou.

Jucyllene teve uma gestação interrompida recentemente e a especialista lista algumas condições de risco para a doença. “Tem alguns fatores que podem aumentar o risco desses trombos como a cesariana de urgência, a histerectomia [retirada do útero] aumenta o risco de trombose, infecções e anestesia geral são condições que aumentam bastante a chance desses acidentes vasculares”, observou.

A condição se agrava quando não tratada. Rúbia explica que quando a trombose não é tratada, evolui para embolia pulmonar, que causa falta de ar. “O tratamento reduz bastante os riscos de óbito”, pontuou.

Quem tem mais chance de adquirir trombose?

A especialista elenca algumas condições que podem aumentar as chances da mulher desenvolver a trombofilia. “Se alguém na família teve fenômeno trombótico venoso ou arterial, quem usa prótese metálica cardíaca mitral ou aórtica, portadora de fibrilação arterial crônica, quem tenha tido tromboembolismo prévio, deficiência nos fatores de coagulação e até permanecer longos períodos com baixa mobilidade como após uma cirurgia, por exemplo”, informou.

Há ainda agravantes como idade, obesidade, varizes e trombofilia hereditária ou adquirida.

Todo sintoma importa

Por fim, a médica explica que a paciente deve detalhar todos os sintomas para a obstetra que a acompanha, sem minimizar nenhuma condição percebida. “É importante que todos os sintomas sejam avaliados com o obstetra, não pode minimizar, achar que é normal, que isso acontece. É preciso identificar todos os sintomas e passar para o obstetra, por mais que todos falem que é normal”, disse.

Alguns sintomas que exigem atenção maior são: inchaço assimétrico nos membros inferiores (uma perna mais inchada que a outra), dor no membro, rigidez muscular, extremidades quentes e vermelhas. “E, em muitos casos, não tem nenhum desses sintomas e o primeiro sinal pode ser a embolia pulmonar. Então, se sentir falta de ar, precisa ser comunicada ao obstetra, não pode achar que é normal por conta do puerpério, por causa das mudanças da maternidade ou algo emocional”, conclui.