Na fila do Cras em Campo Grande, famílias vivem insegurança sem Bolsa Família nem Auxílio Brasil

Enquanto a implementação tramita, CadÚnico recebeu mais de 10 mil cadastros na Capital

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Famílias torcem para que mudança não cause atrasos nos pagamentos
Famílias torcem para que mudança não cause atrasos nos pagamentos

O cenário de incertezas relacionado ao Auxílio Brasil — programa substituto do Bolsa Família — está causando insegurança entre os campo-grandenses que utilizam o benefício para o básico, como comprar comida. Na fila do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Teófilo Knapik, os comentários são sobre o medo de que a mudança cause atrasos ou até mesmo suspensões nos pagamentos.

Após 18 anos de existência, o Bolsa Família foi revogado através da Medida Provisória 1.061, publicada no dia 10 de agosto deste ano. A MP, que cria o Auxílio Brasil, determinou que, 90 dias após a sua publicação, seria revogada a lei de 2004 que estabeleceu o Bolsa Família, chegando ao fim neste domingo (7). Vale lembrar que o novo programa tem como objetivo um pagamento de R$ 400,00.

Para muitos a mudança de nome não causa impacto, a verdadeira preocupação é relacionada ao funcionamento do novo programa. Sebastiana Batista, de 58 anos, é dona de casa e mora com o marido, ela recebe o benefício desde 2017 e não esconde a preocupação sobre as mudanças, que a própria considera como desnecessárias.

Sebastiana Batista admite que mudança causa medo.  (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

“Era melhor do jeito que estava, não precisava mudar tudo ou então alterava só o nome, essa mudança de programa só causa essa incerteza na gente”, comentou a mulher. Formada em letras, mas sem conseguir atuar, Sebastiana explica que os R$ 98,00 que recebe do benefício são destinados para ajudar a comprar comida.

Ainda sem receber o último pagamento do Bolsa Família, a dona de casa não sentiu a urgência para a resolução do impasse envolvendo o programa governamental, mas admite que o mesmo não ocorre no Loteamento Marçal de Souza, onde mora. “Muita gente de lá recebe o Bolsa Família, e todos estão desesperados, a gente não sabe quando que o novo programa começará a ser pago”, comentou.

O Ministério da Cidadania reafirmou em nota, na sexta-feira (5), que os pagamentos do Auxílio Brasil terão início no dia 17 e seguirão o calendário habitual do Bolsa Família. Apesar disso, valores e recursos para os pagamentos não foram definidos pelo Governo Federal e apenas a definição de uma data não é suficiente para aliviar a ansiedade daqueles que realmente precisam do benefício.

Stefany Novaes, de 23 anos, admite não ter muito conhecimento sobre a mudança dos programas, mas esclarece que o valor recebido representa quase metade da renda mensal em sua casa. São cerca de R$ 670,00 (R$ 269,00 de Bolsa Família) para pagar comida, água, luz e aluguel. Recebendo o benefício desde 2015, ela explica que o valor é “contado” na renda. “É contado, a gente conta com o dinheiro para pagar as contas, agora com essa mudança, se cortarem ou se atrasar alguns meses, vamos ter apuros em casa”, conta.

Stefany Novaes explica que valor recebido é quase metade de sua renda total. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

Aumento de cadastros

Ao longo dos meses de estudos, declarações e indefinições sobre o fim do Bolsa Família e criação do Auxílio Brasil, o número de pessoas cadastradas no CadÚnico aumentou em cerca de 10 mil, entre os anos de 2020 e 2021, o que equivale a cerca de 7%. Conforme a SAS (Secretaria de Assistência Social), havia 130.824 famílias cadastradas no CadÚnico na Capital, hoje são 140.040 famílias.

Taxa de atualização em queda

Conforme a SAS, o aumento de cadastros vai de encontro com o número de atualizações, que registrou uma drástica queda no último ano. Em 2020, quando Campo Grande tinha 130.824 famílias cadastradas, 108.675 estavam com seu cadastro atualizado, representando 83,07% da taxa de atualização cadastral do município.

Já em 2021, apesar do aumento no número de famílias incluídas no Cadastro Único, que hoje são 140.040, o número de atualizações caiu. Hoje, a média de cadastros atualizados é de 83.279, equivalente a 60,51% da taxa de atualização cadastral do município.

Aumento recente

Sem dados específicos, a reportagem foi informada sobre a percepção de um aumento recente no número de pessoas que procuraram o Cras Margarida Simões Correae Neder, no bairro Estrela Dalva, para realizar o cadastro ou atualizá-lo, mas não foi possível constatar se o aumento está relacionado com o fim do Bolsa Família.

Como se cadastrar

O cidadão pode procurar o Cras do seu território ou a Central do Cadastro Único, localizada na SAS, portando os seus documentos pessoais originais (RG, CPF, título de eleitor, carteira de trabalho, certidão de nascimento/casamento) e de todas as pessoas que residem no endereço. É importante levar também uma conta de luz da residência.

Para orientações sobre os serviços, programas e suas devidas manutenções, o cidadão, após a inclusão ou atualização cadastral, deve solicitar passar pelo atendimento técnico, onde receberá todas as informações necessárias de acordo com a sua demanda.

Consultas

Para conferir a situação cadastral, a família ou usuário inscrito no CadÚnico precisa procurar um Cras, Centro de Convivência ou a Central do Cadastro Único, localizada na SAS, e levar os seguintes documentos originais dos familiares:

  • RG
  • CPF
  • Conta de luz
  • Carteira de trabalho
  • Comprovante de renda

Também é possível conferir a situação cadastral pela internet. Basta inserir o nome completo e o número do NIS. Em caso de dúvidas, o usuário pode entrar em contato pelo telefone (67) 3314-4482, ramais 6152, 6037 e 6038 ou pelo WhatsApp (67) 98472-6891.

Também é possível obter informações direto na Central do Cadastro Único, localizada na Rua dos Barbosas, nº 321, bairro Amambaí.

 

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