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Cotidiano

‘Era ali ou na rua’, mães lamentam fechamento de creche que expõe drama social no Nova Lima

Sem condições de pagar creche particular, mães ajudavam espaço com quantia que podiam
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A creche funciona em uma casa do bairro e está vazia. Uma placa de interdição foi fixada na porta.
A creche funciona em uma casa do bairro e está vazia. Uma placa de interdição foi fixada na porta.

A creche irregular que foi fechada nesta semana no bairro Vida Nova, na região do Nova Lima, em Campo Grande, deixou mães de 58 crianças desamparadas, sem condições de pagar por creche particular e sem ter onde deixar os filhos por falta de vagas na rede pública. A interdição do espaço que ajudava as moradoras no cuidado com os filhos expõe drama social vivido em diferentes regiões da Capital.

Uma professora do espaço disse ao Jornal Midiamax que não havia cobrança fixa de mensalidade e as mães custeavam o cuidado dos filhos como podiam. Ela disse que o fechamento da creche trará à tona a vulnerabilidade que muitas mulheres vivem nos bairros afastados da Capital.

“Tinha mãe que não tinha dinheiro e dava cesta básica para ajudar a creche. Teve uma mãe que ficou desempregada e não tinha como pagar, então ela fazia bolos para a gente servir de lanche para as crianças. Era um lugar simples, as mães sempre souberam que era simples, mas sempre foi muito acolhedor”, pontuou. 

Nas redes sociais, as mães manifestaram tristeza com a interdição, lamentando que agora não sabem como farão para trabalhar e deixar as crianças. “Era ali ou na rua. Um espaço simples, mas muito acolhedor. Um lugar de muito carinho, mesmo sendo uma casa pequena e com poucas cuidadoras. O valor que a gente pagava era só para ajudar mesmo, porque com nosso salário mínimo não daria para pagar uma creche particular. Nunca tive o que reclamar de lá”, disse moradora.

Outra mãe critica a falta de vagas em creches públicas e lamenta o fechamento do espaço. “Era a única alternativa já que não tem vagas em creches públicas. O melhor seria adequar esse local e legalizar. Muitas mães não têm alternativa que esse lugar dava, muitas deixam os filhos trancados em casa para ir trabalhar. Não é pior?”, questionou.

Interditada

O local foi interditado após irregularidades, como falta de autorização para funcionar, problemas na estrutura e apenas quatro cuidadoras para tomar conta de 58 crianças. Mesmo irregular, o local é querido pelas mães, que viam a creche como um bom lugar para deixar os filhos enquanto saíam para trabalhar. 

A creche funciona em uma casa do bairro e está vazia. No local, é possível ver apenas uma placa com a interdição, feita pela Vigilância Sanitária. A creche foi interditada depois de uma denúncia do Conselho Tutelar, que informou sobre o funcionamento irregular. 

Segundo informações da equipe que esteve na fiscalização, foi feita uma visita que identificou 58 crianças de diferentes idades, de 6 meses a 10 anos, misturadas e sendo cuidadas por apenas quatro monitoras. Os relatos são de que a creche não cumpria nem as normas de biossegurança: todos estavam sem máscaras. Além disso, não havia estrutura para oferecer as atividades às crianças, como mesas e cadeiras. 

“A creche não possuía nenhuma documentação autorizando o funcionamento e também não atendia às normativas da Vigilância Sanitária”, informou a Prefeitura de Campo Grande. 

Diante das irregularidades, a equipe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) entrou em contato com os pais para que pudessem buscar seus filhos. No dia seguinte, a creche foi interditada. 

Para que o estabelecimento possa abrir novamente, será preciso se adequar às normas. “Para retornar às atividades, os responsáveis pelo estabelecimento deverão pedir a desinterdição do local com o objetivo de corrigir as irregularidades dentro de um prazo estipulado, de toda forma, as atividades não poderão retornar até que sejam sanados os problemas elencados”, reforçou. 

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