Quem já precisou utilizar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) sabe a importância da agilidade e eficiência nos trabalhos, em momentos cruciais, onde cada minuto faz diferença. Na Capital, os profissionais lidam com dificuldades que vão desde o trânsito até problemas pequenos e comportamentais, como o trote, que somente nos últimos três anos foram 49.724.

Conforme o coordenador do serviço, muitos partem de orelhões instalados em frente a escolas. “A gente identifica aqui 90% dos trotes, sem precisar deslocar a ambulância, mas atrapalha muito desde aqui de dentro porque está ocupando o atendente, ou o médico, que já começa a prestar o atendimento e depois que vai descobrir que é trote. E em casos extremos até o envio de viatura”, relata o coordenador, Dr. Ricardo Alves Rapassi.

Marcel Nobre é socorrista formado na primeira turma de motosocorristas do Samu e fala com orgulho de sua atuação e contribuição para salvar vidas. “Vamos para quatro anos de serviço reativado. Corremos diariamente a cidade para ajudar as pessoas que precisam de atendimento, com muita dedicação, orgulho e força de vontade. Superamos os riscos, o trânsito violento, o clima… São muitos os obstáculos que enfrentamos, mas a certeza de ajudar, de dar o nosso máximo, enche de honra e orgulho”, disse.

Nos últimos quatro anos e meio, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, vem trabalhando para que este atendimento seja cada vez melhor. Para manter números positivos, em 2017, o serviço de motolância, que estava parado, foi reativado. Já a frota de ambulâncias foi totalmente renovada em 2019. Atualmente, o Samu conta com quatro viaturas avançadas, dez básicas, duas motolâncias, todas em operação. Há ainda a reserva técnica, que é quando uma viatura vai para manutenção e outra substitui para não parar o atendimento.

“Com isso, conseguimos fazer uma manutenção preventiva, o que dá mais segurança para os servidores e durabilidade para o veículo. Entregando um serviço melhor para a população”, explicou o Dr. Ricardo Alves Rapassi.

Regionalizado, o Samu atende Campo Grande e mais 11 cidades (Sidrolândia, Terenos, Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Ladário, Ribas do Rio Pardo, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de MT, Camapuã e Coxim), prestando socorro à população em residências, locais de trabalho e vias públicas. Conta ainda com uma equipe multiprofissional, composta por técnicos auxiliares de regulação médica, operadores de frota, condutores-socorristas, técnicos em enfermagem, e médicos, todos capacitados em urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, obstétrica e psiquiátrica.

Motolância

Para fazer os atendimentos, os socorristas utilizam todos os equipamentos de proteção individual necessários, como capacete, luva, colete especial com sistema de airbags, joelheiras e protetor de tórax. Levam também todo o material necessário para iniciar o atendimento, como kit de oxigênio, kit de intubação, de vários procedimentos. A equipe, formada por enfermeiros e técnicos de enfermagem, já desce no local com tudo para não perder tempo porque quando se tem um caso grave é primordial que se inicie o atendimento o quanto antes.

Doadas pelo Ministério da Saúde em 2009, as motolâncias estavam paradas até 2017 e passíveis de devolução se não iniciassem a operacionalização. Marcel Nobre explica ainda que para ser motosocorrista precisa participar de um curso específico para pilotagem de moto, e somente depois entra para a equipe.

“Nós fizemos este curso com a PMMS, com o pessoal da BPtran. Somente depois do curso estamos aptos para fazer a pilotagem. Hoje temos dez profissionais que compõem a equipe de motosocorristas, sendo quatro enfermeiros e seis técnicos de enfermagem. A finalidade da moto é dar suporte, no menor tempo resposta possível, em situações em que é primordial a necessidade de mais rapidez”, salientou.

Para ele, hoje, o desafio é explicar para a população o que é a motolância, o que é este atendimento. “Não é que não será enviada uma ambulância, nós vamos na frente. A vantagem é que conseguimos triar melhor a cena do evento. Então, às vezes, temos uma ocorrência que entrou como um acidente de múltiplas vidas, e quando a gente chega lá vê que não é assim, que é uma pessoa só, que não precisa do apoio de uma ALPHA (ambulância com médico, enfermeiro e socorrista), só de uma BRAVO (unidade de suporte básico), que vai um técnico e um socorrista, por exemplo”, explicou.

Isso melhora os atendimentos, já que, na pandemia, o número mais que dobrou, passando de uma média de 20 a 25 atendimentos para 70 no período mais crítico.

“Muitos atendimentos de pessoas com sintomas de Covid pedindo transporte para o hospital. Chegamos a fazer 70 transportes em um dia, sendo uns 70% só de Covid. A população percebeu o quanto trabalhamos nessa época e apesar da tristeza que todos passamos, as pessoas passaram a enxergar o que é o trabalho da saúde e que é a força humana que faz tudo andar”, finalizou o coordenador do Samu.

Serviço

O Samu faz parte da Política Nacional de Urgências e Emergências. O serviço, disponível através do número 192, atende os casos de urgência e emergência, com a missão de reduzir o intervalo terapêutico para o paciente e com isso evitar a morte, reduzir sequelas e amenizar o sofrimento.