Com chuva abaixo da média, Pantanal de MS tem risco altíssimo para incêndios florestais
Alerta de meteorologistas prevê condições climáticas desfavoráveis para região
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O Pantanal de Mato Grosso do Sul tem risco altíssimo para incêndios florestais, conforme apontado pela meteorologia do Climatempo. O fator agravante é o tempo seco, que confirmou o prognóstico para 2021, que sofre influência do La Niña. Com exceção do extremo norte do Estado, todas as demais regiões estão com volumes de chuva abaixo do esperado.
Apesar de abril ainda não estar no fim, a previsão é de que o acumulado não mude. “Como ainda temos mais alguns dias para fechar o mês de abril, poderíamos contar com alguma chuva para os próximos dias, mas ao que parece as condições meteorológicas não vão ajudar“, indica relatório do Climatempo.
O relatório aponta para baixa probabilidade de chuva até o dia 2 de maio. Há apenas um período com previsão de pouco volume no extremo leste de MS. No mapa abaixo, é possível observar os volumes de chuva abaixo do esperado registrados em abril.
Com isso, o risco de incêndios é considerado altíssimo em todo Mato Grosso do Sul, principalmente na região do Pantanal. “Como a vegetação e solo já estão com pouca umidade devido a pouca chuva dos últimos dias e com a previsão indicando pouca ou quase nenhuma chuva até o fim do mês, o risco de incêndio permanece elevado nos próximos dias”, segundo o boletim.
Então, o cenário é preocupante, pois “a situação que já é crítica nas áreas indicadas como de alto e altíssimo risco de incêndio só tende a se agravar”, conclui a carta dos meteorologistas.
Inércia do governo preocupa ambientalistas
A previsão para este ano não é nada animadora, visto que as ações do poder público foram pontuais e a meteorologia prevê chuvas abaixo da média para 2021.
Para o biólogo responsável pela delegacia do Conselho Regional de Biologia 1ª região – cuja jurisdição engloba os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, José Milton Longo, a hora de agir é agora. “Mesmo com toda a destruição no ano passado, com toda a comoção nacional, nada foi feito. Os governos ainda não colocaram em prática as medidas preventivas que tanto discutimos”, avaliou.
No ano passado, o fogo consumiu 4,4 milhões de hectares. Na época, já nos meses de março e abril houve recorde de queimadas para o período. Várias medidas foram discutidas na ocasião, mas com o fim do fogo, o debate esfriou. “A inação do poder público e a falta de informação e conscientização levam a este cenário. Falta educação, fiscalização e colocar em prática as brigadas regionais de combate a incêndios no Pantanal”, pontua o biólogo, especialista em ecologia e conservação.
Condições climáticas desfavoráveis
A meteorologista do Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Franciane Rodrigues, explica que o verão é o período mais chuvoso no Pantanal, mas que esse ano ficou abaixo da média. “Mesmo tendo janeiro com chuvas acima do esperado na região, isso não foi suficiente. Os dados de precipitação da sub-bacia do Alto Paraguai mostram que desde abril de 2019 as chuvas estão abaixo da média de forma significativa. Nos meses subsequentes, as condições de chuva reduzem mais ainda e as chuvas volumosas acabam sendo menos frequentes até meados de setembro”, explica.
De acordo com pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), o Pantanal vive atualmente a pior seca dos últimos 60 anos. Os pesquisadores alertam também que a seca ainda deverá durar mais alguns anos e ter graves consequências para a fauna, a flora e as pessoas, a exemplo do aumento de grandes incêndios.
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