Das quatro vítimas fatais que a Covid-19 deixou em Caracol, uma era o tio de Leonardo Vilalba. Mesmo morando a 303 km do familiar, o estudante de 28 anos ainda sofre com a perda. A dor da morte é somada com a preocupação que o jovem tem com o restante da família, que também se infectou com a doença.

Morador de Campo Grande, o jovem lembra que além de tio, João Vilalba, era padrinho e grande amigo dele. Assim, ele conta que há um mês recebeu a notícia que a família inteira havia sido infectada. “Fiquei assustado, porque a notícia foi muito repentina, quando eu soube ele já estava no hospital entubado”, diz abalado ao lembrar.

Leonardo acompanhou o tio e a família inteira adoecer por causa do coronavírus. “Toda a família dele, filhos e mulher, pegaram a doença. Meu padrinho foi a vítima nessa história”, lamenta.

João era professor da rede municipal de Caracol, figura querida por toda a cidade. Mesmo internado, não resistiu ao coronavírus e faleceu em 10 de março. Assim, nas redes sociais, ele foi lembrado por colegas, amigos e familiares como “exemplo de pessoa, representante da cidade”.

Então, para Leonado, “o sentimento foi de perder um pai”. A última vez que o estudante viu o padrinho, havia apresentado a namorada e conversado sobre família e futuro. “Chorei muito, era alguém muito importante, lembro muito dos últimos dias que o vi, ele brincando com minha namorada, dizendo coisas bonitas sobre nossa família”.

Perdas e cuidados dobrados

Ainda lembrando sobre o tio, Leonardo se emociona ao dizer que o tio era parecido com o pai dele, que também já faleceu. “O que mais me marcou foi estar sentado com ele na cozinha conversando sobre meu falecido pai, eles eram muito parecidos”, diz.

Felizmente, o restante da família de Leonardo não precisou ser entubada e se recupera bem. Então, ele comenta alegre que a tia “teve uma melhora rápida e já se recuperou por completo”.

No entanto, as sequelas da perda são para sempre. Assim, para não correr o risco de ser infectado e depois passar Covid-19 para algum familiar, Leonardo redobrou os cuidados. “Tenho dobrado meus cuidados e cuidado de quem tá a minha volta”, destaca.

“Tenho costume de não tirar a máscara por nada quando preciso ir à rua e tenho sempre álcool em gel comigo. Os cuidados são sempre os mesmo, porém agora com um pouco mais de atenção”. Por fim, ele diz que a preocupação com os entes queridos é tão grande, que chega a perder o sono se alguém está com suspeita de infecção.