Adotada emergencialmente, telemedicina deve continuar após pandemia em MS

Planos de saúde avaliam prática como positiva, enquanto entidades médicas defendem atendimento presencial na 1ª consulta

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Adotada em caráter emergencial durante a pandemia para facilitar o acesso dos pacientes do grupo de risco ao atendimento médico, a telemedicina veio para ficar em Mato Grosso do Sul. O modelo de atendimento ainda depende de regulamentação, mas poderá continuar sendo utilizada mesmo após a pandemia. Em MS, planos de saúde avaliam a prática como positiva. 

A telemedicina foi regulamentada em caráter provisório no início da pandemia, como uma alternativa segura para conseguir atendimento médico sem sair de casa. O recurso foi importante para evitar a circulação de pessoas e se consolidou como uma prática que pode ser permanente na saúde. Se depender dos planos de saúde em Mato Grosso do Sul, o atendimento a distância pode continuar. 

A Unimed Campo Grande informou que ferramentas de telemonitoramento já eram utilizadas há nove anos para pacientes crônicos e idosos. Com a pandemia, o modelo de atendimento a distância foi ampliado, com a criação da Central de Enfrentamento à Covid-19. 

“Uma equipe multiprofissional oferece teleorientação quanto aos cuidados preventivos, orientações para cada caso clínico, além de monitorar pacientes com sintomas respiratórios e aqueles com fatores de risco para o coronavírus. A cooperativa ressalta que passada a pandemia serão mantidos os serviços de teleorientação e monitoramento aos beneficiários com fatores de risco ou portadores de doenças crônicas”, disse, em nota. 

A Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) também abriu um canal de telemedicina no início da pandemia e reforça que a medida foi importante para levar acesso de médicos especialistas aos pacientes do interior do Estado. “A telemedicina será um legado da pandemia e tende a se expandir cada dia mais, então, a avaliação da Cassems é muito positiva”, informou. 

Regulamentação da prática

A regulamentação da telemedicina foi discutida na Câmara dos Deputados neste mês. De acordo com a proposta, o CFM (Conselho Federal de Medicina) poderá regulamentar os procedimentos mínimos para a prática, e a telemedicina deverá ser realizada por livre decisão do paciente, e sob responsabilidade profissional do médico. O Conselho Federal de Medicina defende que a primeira consulta seja presencial e que somente o retorno seja feito pelo teleatendimento. 

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Presidente do Sinmed-MS reforça que primeiro contato deve ser presencial. (Foto: Leonardo de França)

Telemedicina: o que dizem os médicos

A prática da telemedicina tem sido bastante utilizada durante a pandemia, mas médicos reforçam que ela não pode atrapalhar o vínculo entre o médico e o paciente. O presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana, também defende que o atendimento a distância seja feito somente no retorno. 

“A telemedicina pode ser utilizada em diversas ocasiões, como depois da primeira consulta, para discutir exames realizados, para discutir um ajuste, mas não deve, no meu ponto de vista, ser a base do tratamento nunca. O tratamento tem que ter como base a presença e a relação médico-paciente”, frisa.

O presidente do sindicato afirma que a prática da telemedicina foi muito importante, principalmente para atender pacientes do grupo de risco, que estavam em isolamento. Porém, ele reforça que a base do atendimento médico deve ser presencial. 

“O paciente tem que, principalmente na primeira consulta, passar de forma presencial com o profissional e depois temporariamente que se apresentar. O exame físico não se consegue fazer com a telemedicina, é fundamental e extremamente importante”, diz.

Santana acredita que a pandemia trouxe a experiência da telemedicina, que deve se desenvolver ainda mais, como uma forma de otimizar as consultas para o paciente. “Todas as normas definidas pelo Conselho Federal de Medicina devem ser obedecidas nesse tipo de atuação”. 

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