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Cotidiano

Sul-mato-grossense, pioneiro de Brasília, morre vítima do coronavírus

O corumbaense, pioneiro de Brasília, Ilson de Figueiredo foi mais uma das inúmeras vítimas do coronavírus no Brasil. Ele morreu aos 83 anos, após 15 dias internado no Hospital DF Star, na Asa Sul. Ilson, servidor aposentado do Senado Federal, deixou Corumbá aos 22 anos e chegou em Brasília ainda em construção. Lá, ele reconstruiu […]
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O corumbaense, pioneiro de Brasília, Ilson de Figueiredo foi mais uma das inúmeras vítimas do coronavírus no Brasil. Ele morreu aos 83 anos, após 15 dias internado no Hospital DF Star, na Asa Sul. Ilson, servidor aposentado do Senado Federal, deixou Corumbá aos 22 anos e chegou em Brasília ainda em construção. Lá, ele reconstruiu a vida, mas nunca esqueceu as raízes.

Ilson foi transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no dia 24 de julho, e precisou ser intubado quatro dias depois, devido à redução em sua capacidade respiratória. Apesar de apresentar melhora em seu quadro clínico, uma infecção em seu organismo agravou o caso. Ele faleceu no dia 5 de agosto, deixando a esposa, 7 filhos, 16 netos e 8 bisnetos.

Amigos do corumbaense ‘de espírito alegre e generoso’ procuraram o Jornal Midiamax para contar um pouco da história de Ilson, como uma forma de homenagem à família. A trajetória foi arriscada, saiu cedo da cidade pantaneira, aos 22 anos, para ir em busca de um futuro promissor na Capital Federal.

Recém casado com a mato-grossense radicada em Corumbá Lenira Arana, ele foi para Brasília, que ainda estava sendo construída. “Fez o percurso de brasileiros saídos de todos os cantos do país, seduzidos pelo sonho de Juscelino Kubitschek”, relatou a família.

Ilson deixou a esposa em Corumbá, pois não queria que ela enfrentasse dificuldades no início do casamento. Em todo esse tempo, ele nunca esqueceu suas origens. “Fazia questão de contar as lembranças da infância, na beira do rio Paraguai. Amava pescar com o pai, que era da Marinha. Ilson tinha uma família numerosa, com 9 irmãos”.

Em Brasília

Quando chegou ao Planalto Central, instalou-se no Núcleo Bandeirante, antiga Cidade Livre. Ilson usou todo seu dinheiro, uma razoável quantia que ganhou na loteria esportiva, para erguer um hotel simples de madeira e hospedar os chamados Candangos, homens e mulheres que chegavam para edificar o sonho de Juscelino Kubitschek.

Com as condições mínimas estabelecidas, levou Lenira para perto dele. Alguns irmãos e parentes também seguiram juntos para a nova capital. Ilson queria sempre ajudar a todos, principalmente sua família e de sua esposa.

Infelizmente, o negócio próprio durou pouco por conta de um incêndio acidental e o investimento virou cinzas. Ilson fez de tudo um pouco para se reerguer. Foi comerciante, autônomo, vendedor e, nas poucas horas vagas, fazia bicos. Ele sempre lembrava: “Tem que pensar no futuro. A educação, o aprendizado, a formação, ninguém pode tirar de vocês”, lembrava aos filhos.

Toda a batalha de Ilson foi recompensada quando, após alguns anos, conseguiu um trabalho qualificado no setor público, que era a principal vocação de Brasília. Ingressou no Senado Federal, onde trabalhou por mais de 30 anos, até se aposentar.

“Aos 83 anos, Ilson tinha uma alma jovem, leve, aventureira. Sem se importar com o peso da idade, não cansava de fazer planos para o futuro, de sonhar e, principalmente, de demonstrar o amor pela esposa depois de mais de 60 anos de casado”.

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