Estou em grupo de risco, mas não posso parar: a realidade de quem enfrenta o coronavírus por falta de opção

A pandemia do coronavírus (covid-19) afetou a rotina de trabalho para muita gente. Há quem passou a fazer home office, ou teletrabalho, tem quem acabou sendo dispensado pela empresa, há ainda os que se arriscam na rotina normal para não perder o emprego e tem o grupo dos autônomos que precisam trabalhar para ter o […]

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A pandemia do coronavírus (covid-19) afetou a rotina de trabalho para muita gente. Há quem passou a fazer home office, ou teletrabalho, tem quem acabou sendo dispensado pela empresa, há ainda os que se arriscam na rotina normal para não perder o emprego e tem o grupo dos autônomos que precisam trabalhar para ter o dinheiro garantido no final do mês, e nesse grupo, muitos ainda fazem parte do grupo de risco para contágio da doença.

É o caso do barbeiro Gilvan Silva, 56 anos, apesar de não ser idoso, ele é hipertenso o que aumenta o risco caso pegue a doença. Há 30 anos na profissão, ele diz que chegou a ficar 18 dias sem trabalhar, mas é o dinheiro da barbearia que garante o almoço e a janta.

“Não consegui o auxílio emergencial, fica só em análise. A barbearia é minha única fonte de renda, dependo do trabalho para ter almoço e janta. Sou um cirurgião estético capilar (risos) ”, disse.

Ele ainda diz acreditar que vai acabar pegando a doença, mas está cumprindo as normas. “Não tenho medo de pegar coronavírus, estamos fazendo o que a saúde mandou fazer. Cadeiras e instrumentos de trabalho sempre higienizados, estamos usando máscaras. Mas se 70% da população vai pegar, vamos acabar pegando aqui também”, afirma.

Sem medo também está o comerciante Gilton José de Lima, 62 anos. Ele que é dono de uma lanchonete afirma que se não trabalhar não consegue acertar as contas no final do mês.

“Eu gosto, tenho e preciso trabalhar para pagar as contas. Não tenho estudo avançado, fim da lavoura. Escapar da morte não vou, mas cada um tem que fazer sua prevenção. Precisamos estar preparados para viajar [se referindo à morte], não acredito que essa seja a doença mais grave, outras coisas ainda virão. O ser humano precisa estar preparado para a vida e para a morte”, conta.

Medo do contágio

A costureira Neusa Ribeiro, 54 anos tem medo do vírus, ela tem histórico de bronquite e afirma que precisa trabalhar para sobreviver.

“Mexo com costura há 25 anos, sobrevivo disso. É óbvio que tenho medo, muita gente não respeita os cuidados. Recebi uma cliente com 7 filhos e nenhum deles usando máscara, mas preciso trabalhar”, desabafa.

“No final do mês não tenho como pagar meia conta de luz, porém tenho receio de ficar doente, contrair o vírus e aí quem vai fazer por mim? ”, completa.

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